Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 165

No hospital onde a sogra está internada, Daniela está escorada com a cabeça no canto da parede. Seus olhos estão fechados, tentando conter o choro após escutar tudo o que a filha acabou de lhe contar. Cada detalhe que Marina lhe confidenciou foi como uma faca lhe perfurando gradualmente, dilacerando os seus órgãos lentamente.

— Mãe… — Marina se levanta, se aproximando da mãe pelas costas. — Eu disse que seria sincera com a senhora.

— Eu sei — responde Daniela, com a voz trêmula. — Jamais imaginei que estaria passando por isso.

— Nem eu, imaginei que passaria — confessa, tocando as costas da mãe. — O que a Andressa fez comigo acabou com tudo o que eu acreditava sobre amizade.

— Eu te disse que não confiava nela — murmura.

— Eu sei… mesmo assim, de tudo o que a senhora me disse, jamais imaginei que ela chegaria a esse ponto.

— Espero que aquela desgraçada pague caro por isso.

— Acredito que ela pagará, mãe, mas não é com isso que estou preocupada agora — revela.

Lentamente, Daniela se vira para a filha, mas não a olha nos olhos, com vergonha de tudo o que disse para a filha, sem saber as coisas que ela estava passando.

— O que te preocupa, Mari? — questiona com os olhos preocupados.

— O que me preocupa é saber se a minha mãe vai voltar a confiar em mim — declara, com os olhos brilhando de dor. — Tenho saudades da minha mãe que ouvia sem julgamentos, que acreditava na filha e apoiava em tudo.

O peso da culpa invade Daniela, que começa a chorar descontroladamente, ela solta um suspiro pesado, num som carregado de arrependimento e dor, antes de finalmente encarar Marina, ainda sem encontrar coragem para manter o olhar fixo por muito tempo. As palavras da filha haviam atingido um ponto sensível, arrancando dela uma ferida que, até então, fingia não existir.

— Mari… — começa, com a voz embargada. — Eu não sei como consertar isso. Errei tanto com você, me deixei cegar pelos meus preconceitos, pelas minhas próprias frustrações… — Ela fecha os olhos por um momento, como se quisesse afastar as lágrimas, mas elas já estavam rolando.

Vendo a mãe desmoronar, Marina sente uma mistura de tristeza e alívio. Era a primeira vez em muito tempo que Daniela parecia disposta a baixar as defesas.

— Mãe, não quero que você se culpe, não é sobre isso. Só quero você de volta… Não preciso de perfeição, só preciso de você, a minha mãe. — Marina segura as mãos de Daniela com firmeza, forçando-a a olhar para ela. — Ainda dá tempo de consertarmos isso, mas precisamos ser sinceras uma com a outra.

Daniela assente, apertando as mãos da filha como se segurasse sua última chance de redenção.

Daniela observa Marina com os olhos marejados, percebendo a profundidade do sentimento que a filha expressa. Apesar de suas próprias reservas, não pode negar a felicidade estampada no rosto dela ao falar de Victor.

— Se ele é tudo isso para você, Mari… — murmura Daniela, num tom emocionado. — Então talvez ele realmente seja alguém especial. E, se ele te faz feliz, quem sou eu para impedir isso?

Marina sente as lágrimas queimarem seus olhos, mas desta vez são de alívio. O apoio da mãe, mesmo tímido, era mais do que ela poderia ter esperado. Abraçando Daniela com força, ela sente o peso de sua insegurança diminuir, finalmente permitindo-se acreditar que poderia, enfim, ser feliz ao lado de Victor.

No canto da porta do quarto, espiando por uma pequena brecha, está Victor, segurando uma sacola com as bebidas que havia comprado. Ele já havia chegado ali há algum tempo, mas, ao perceber que mãe e filha estavam se entendendo, decidiu não interromper. Escolheu ficar ali, parado, apenas observando e ouvindo cada palavra das duas mulheres.

Enquanto ouvia Marina confessar à mãe seus sentimentos por ele, Victor sentiu o coração bater mais forte. Era uma sensação que misturava satisfação e alegria, como se todas as dúvidas que um dia tivera sobre si mesmo e suas escolhas se dissipassem naquele instante. Cada palavra de Marina reafirmava que ele não apenas havia se apaixonado pela pessoa certa, mas também que, de alguma forma, estava conseguindo ser o homem de que ela precisava.

Quando Marina, com a voz envolvida de emoção, declara seu amor, Victor fecha os olhos por um momento, absorvendo o peso daquela confissão. Ele nunca foi do tipo que acreditava em “destino”, mas, naquele instante, não conseguia deixar de sentir que havia algo maior guiando tudo aquilo. Marina era diferente de todas as pessoas que ele já havia conhecido, e saber que ela o via como alguém digno de seu amor era, para ele, a maior vitória.

Victor ajeita a sacola em suas mãos, olhando para baixo, sorrindo levemente. Ele queria entrar, abraçá-la, dizer que ouviu tudo, que também a amava e que faria qualquer coisa para mantê-la feliz. Mas percebeu que aquele momento não era sobre ele. Era sobre ela e a mãe dela, reconstruindo uma ponte que parecia ter sido perdida. Ele sabia o quanto aquela relação era importante para ela, e isso o fazia admirar ainda mais a mulher pela qual havia se apaixonado.

Respirando fundo, decide esperar mais um pouco, mantendo-se discreto na porta. Tudo o que queria naquele momento era pensar num lugar apropriado para levar Marina e declarar para ela todo o seu amor.

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