Pela manhã, enquanto toma seu café mais cedo para ir ao escritório, Victor nota a mãe sentada à mesa, com um sorriso largo e um brilho nos olhos que não passavam despercebidos.
— Bom dia, querido — cumprimenta Joana, com entusiasmo.
— Bom dia — responde, com um tom que denuncia sua desconfiança. O humor animado da mãe logo cedo não era nada comum.
No entanto, Joana ignora o tom dele e continua, servindo-se de mais café.
— Eu estava pensando, querido… Agora que o seu pai voltou, já podemos marcar o jantar com a sua namorada. O que acha? — pergunta, deixando a animação evidente.
Arqueando uma sobrancelha, estranha ainda mais o comportamento da mãe.
— É por isso que está tão animada? — questiona.
Joana ri suavemente, mas responde rápido, quase como se quisesse desviar o foco.
— Também… — Ela pausa, segurando a xícara com as duas mãos, com o sorriso ainda presente. — Mas hoje estou feliz porque estou percebendo uma mudança de atitude no seu pai.
Victor para no meio de um gole de café e encara a mãe, intrigado.
— E no que ele está mudado? — pergunta, tentando esconder o ceticismo.
Joana suspira, como se estivesse encantada, e explica com uma expressão sonhadora.
— Ele está mais carinhoso, mais atencioso. Tenho sentido que… tudo o que aconteceu no passado foi apenas uma fase, algo que, de certa forma, nos fortaleceu como casal.
Victor coloca a xícara sobre a mesa com mais força do que pretendia, tanto que o som ecoa brevemente no ambiente silencioso. Ele cruza os braços, inclinando-se levemente para frente.
— Fortaleceu? — repete, quase como se a palavra o ofendesse. — Mãe, você realmente acredita nisso? Ou está tentando se convencer?
Franzindo a testa, visivelmente incomodada com o tom do filho, Joana responde:
— Victor, o casamento é feito de altos e baixos. Às vezes, passamos por momentos difíceis, mas isso não significa que tudo está perdido. Seu pai se arrependeu e está tentando melhorar. Posso ver e sentir isso.
Victor balança a cabeça, descrente.
— Ele não se arrependeu, ele foi descoberto! E há uma enorme diferença entre as duas coisas, acredite em mim.
— Você ainda é jovem, Victor. Talvez não entenda agora, mas quando você tiver sua própria família, perceberá que nem tudo é tão simples quanto parece.
— Sabe, mãe, é ótimo que você queira acreditar nisso. Mas eu não vejo um homem mudado. Vejo alguém que sabe exatamente o que precisa fazer para não perder tudo o que conquistou.
O sorriso de Joana vai desaparecendo gradualmente, substituído por uma expressão dura.
— Prefiro acreditar no seu pai — revela.
Soltando um suspiro longo, ele evita prolongar a discussão.
— Espero que abra seus olhos, mãe. Por você. — Ele se levanta, tentando não se estressar logo pela manhã. — Quanto ao jantar, pode marcar para o sábado. Mas não espere que eu faça qualquer esforço para fingir que está tudo bem entre mim e ele.
Enquanto observa o filho se levantar e sair da mesa, Joana ergue a cabeça num tom de altivez, sentindo estar no caminho certo.
Quando chega à garagem da casa, Victor entra no carro, mas não liga o motor. Em vez disso, pega o celular por um instante e então decide ligar para Marina. Assim que ela atende, sua voz animada o surpreende, bem diferente do tom sonolento que ele costumava ouvir pela manhã.
— Bom dia, meu amor — diz ela, com entusiasmo, fazendo o coração dele acelerar apenas por ouvir sua voz.
— Bom dia, linda — responde, deixando um sorriso surgir em seus lábios ao ser chamado de amor. — Parece animada hoje. Acordou mais cedo?
— Sim! Já fui até a feira com a minha avó. E você não vai acreditar no que aconteceu! — diz ela, com o tom alegre que a torna ainda mais encantadora.
Victor ri suavemente, já curioso.
— O que houve?
— Ouvir isso de um dos melhores advogados do país é uma verdadeira honra — responde, carregada de entusiasmo e um sorriso tão evidente que parece atravessar a linha telefônica.
Victor ri suavemente.
— Então, apenas aceite o elogio e faça o que deve ser feito. Não há espaço para dúvidas — conclui.
— Já falei que amo você? — Marina pergunta, com a voz carinhosa.
— Parece que hoje ainda não — brinca, num tom humorado, tentando aliviar o peso da conversa.
— É sério, Victor — continua, agora mais emotiva. — Amo conhecer esse seu lado que jamais imaginei que existisse. A cada dia, você me surpreende mais. Não sabe o quanto estou com saudades de você.
Victor sente o peito aquecer com as palavras dela. Seu sorriso se alarga enquanto ele responde, de forma enigmática:
— Em breve não sentiremos mais essa saudade.
— Você virá no sábado, não é mesmo? — pergunta, ansiosa.
— Não. — Ele faz uma pausa, agora num tom mais sério. — No sábado, será você quem virá até aqui, jantar na minha casa.
— O quê? — pergunta ela, surpresa.
Ele sorri, já antecipando a reação dela.
— É isso mesmo que você ouviu. No sábado, você desmascarará o meu pai na frente de todos.
Marina fica em silêncio por um momento, tentando absorver o que acabou de ouvir.
— Victor… Isso é sério? — pergunta, com a voz misturando choque e nervosismo.
— Muito sério, Marina. É hora de acabar com essa farsa. Você merece justiça, e minha família precisa conhecer a verdade. E quem melhor para fazer isso do que você, cara a cara?
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...