Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 173

Ao desligar a ligação, Marina sente um misto de ansiedade por saber que em breve terá que ficar de frente com todos da família Ferraz. Sabia que precisava ser bem segura e convicta de que não seria nada fácil. Tentando não focar naquilo por um momento para não ficar mais ansiosa, decide se concentrar no caso em que iria trabalhar. A oportunidade que surge parece um sinal claro para seguir em frente, enfrentando os desafios que virão.

Enquanto caminha em direção à sala, encontra a avó sentada no sofá, concentrada em seu tricô.

— Vó, pensei muito sobre o caso da sua amiga Valquíria. Decidi que vou pegá-lo. Vou até a casa dela agora mesmo para dizer que vou defendê-la no tribunal — declara, com firmeza na voz, enquanto pega a bolsa e se dirige à porta de saída.

A avó levanta os olhos do tricô e esboça um sorriso orgulhoso.

— Tenho certeza de que você fará um ótimo trabalho, minha neta. A justiça precisa de pessoas como você.

O incentivo da avó dá ainda mais força para Marina continuar. Pouco depois, ela chega à casa de Dona Valquíria, uma residência modesta, mas cheia de vida. O pequeno jardim é adornado por flores plantadas em latas reaproveitadas, que dão ao ambiente um toque de criatividade e simplicidade.

Dona Valquíria abre a porta com um sorriso acolhedor, mas tímido. Ajustando o avental com as mãos, faz sinal para Marina entrar.

— Entre, doutora. Não repare na bagunça. É tudo bem simples por aqui — diz, conduzindo-a até a pequena cozinha.

— Não se preocupe, Dona Valquíria. Sua casa é encantadora — responde Marina, observando com atenção os detalhes do ambiente. As fotos antigas nas paredes, os móveis bem cuidados, tudo reflete uma vida de trabalho e dedicação.

As duas se sentam à mesa da cozinha, onde uma garrafa de café recém-passado e pães caseiros aguardam. Dona Valquíria serve o café, mas seu semblante demonstra uma mistura de nervosismo e esperança.

— Vim pelo seu caso — Marina revela.

— Doutora… Eu nem sei por onde começar. Essa situação está tirando meu sono. Mas só de a senhora estar aqui, já me sinto um pouco mais aliviada.

Marina sorri com empatia, estendendo a mão para tocar a de Dona Valquíria.

— Não se preocupe. Estou aqui para ajudar. Pode contar tudo, com calma.

A senhora respira fundo, ajeita o avental novamente e começa a relatar sua história. Seus olhos brilham, cheios de emoção.

— Sempre gostei de auxiliar os pequenos agricultores. Eles sofrem tanto, doutora. Muitos mal têm água suficiente para irrigar suas plantações. Então, comecei a pensar numa solução barata e eficiente. Foi assim que criei meu “irrigador inteligente”. Usei o que tinha em casa: peças velhas, materiais reciclados… E funcionava tão bem! — diz ela, com uma ponta de orgulho na voz. — Só que eu não sabia como levar essa ideia além do meu quintal.

Marina se inclina para frente, interessada em cada palavra.

— E como a senhora chegou até a AgroTech Solutions? — pergunta.

O semblante de Dona Valquíria muda, e ela suspira profundamente.

— Foi aí que cometi meu maior erro. Conheci uma mulher da AgroTech chamada Gabriela. Ela parecia tão gentil, disse querer ajudar a desenvolver meu projeto e fazer com que chegasse a quem precisava. Acreditei nela, doutora. Levei tudo para a empresa: desenhos, protótipos, até algumas ideias anotadas.

Marina franze a testa, sentindo o peso da injustiça.

— E o que aconteceu depois dessa reunião?

Dona Valquíria balança a cabeça, como se relembrar os acontecimentos fosse um peso insuportável.

Essa frase se torna o combustível para ela, não é apenas uma questão de vencer o caso, mas de honrar a coragem de uma mulher que, apesar de todas as adversidades, nunca deixa de acreditar no poder da solidariedade.

No dia seguinte, Marina se dirige ao fórum local com os documentos em mãos. O coração dela acelera a cada passo, mas sua segurança permanece firme. Apesar de ainda não ter um escritório de advocacia, ela sabe que pode contar com a estrutura do sistema judicial para dar início ao caso.

Ao chegar ao balcão de atendimento, ela explica a situação à funcionária responsável.

— Bom dia, eu gostaria de protocolar uma ação de propriedade intelectual em nome de minha cliente. Aqui estão os documentos que comprovam a autoria dela sobre a invenção.

A atendente analisa os papéis e faz algumas perguntas.

— A senhora já tem o número da OAB e está inscrita como advogada atuante? — pergunta, com um tom profissional, mas gentil.

Marina responde com confiança:

— Sim, estou regularizada. É minha primeira ação como advogada, mas reuni todas as provas necessárias para iniciar o processo.

A funcionária sorri levemente, sinalizando onde Marina deve assinar os formulários necessários.

— Tudo certo. A senhora pode preencher esses documentos para dar entrada na ação. Depois, encaminharemos ao juiz responsável.

Ao terminar, ela sai do fórum com uma expressão confiante, embora quisesse contar todos os detalhes de seu caso para Victor, decide não dizer nada, até que consiga ter a sua tão sonhada, primeira vitória no tribunal.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)