As palavras dela congelam Xavier por um instante. Seus movimentos param e ele a encara, como se tentasse entender o que acabou de ouvir. A respiração pesada e o olhar injetado de raiva começam lentamente a mudar, enquanto o significado daquelas palavras parece finalmente atingi-lo.
— O que acabou de dizer? — ele pergunta, deixando a incredulidade tomar conta de sua expressão. Xavier dá um passo para trás, ainda ofegante, como se suas próprias ações o atingissem de repente.
Andressa, caída no chão, segura a barriga com as mãos trêmulas, tentando proteger o que resta de si mesma. Ela solta um gemido fraco, misturado ao choro, enquanto tenta respirar.
— Estou grávida, Xavier — sussurra com a voz falhando. — E você… você acabou de machucar o nosso filho.
Os olhos de Xavier se arregalam por um momento, como se uma nova onda de realidade o atingisse. Ele olha para as mãos, depois para Andressa, e uma mistura de raiva, choque e confusão toma conta de seu rosto.
— Grávida? — repete, com uma risada amarga, como se tentasse absorver o que acabara de ouvir. — Acha mesmo que pode me enganar com essa história? — zomba, os olhos brilhando com um misto de descrença e sarcasmo.
Andressa tenta responder, mas a dor intensa em seu corpo faz suas palavras saírem entrecortadas. Ela respira com dificuldade antes de finalmente murmurar:
— Acabei de ler os resultados dos exames semestrais…
O silêncio que se segue é opressor, quebrado apenas pelos soluços de Andressa e pela respiração pesada de Xavier. Ele passa a mão pelos cabelos, num gesto que demonstra tanto sua confusão quanto sua irritação crescente.
— Se não acredita, é só ligar para a clínica e confirmar — diz ela, reunindo forças para se levantar, mesmo que com dificuldade.
Estreitando os olhos e endurecendo ainda mais o rosto, ele dá meia volta, ainda segurando a faca, e caminha em direção à sala.
— Onde está o seu celular? — pergunta, sem olhar para ela.
Fraca e lutando contra a dor, Andressa segue atrás dele até a sala, seus passos vacilantes ecoam no ambiente. Ela aponta para o aparador próximo à porta, onde havia deixado a bolsa ao chegar.
Com movimentos bruscos, Xavier pega a bolsa e despeja todo o conteúdo sobre o móvel. A raiva é evidente em cada gesto, e ele revira os itens impacientemente até encontrar o celular.
— Me diz a senha — ordena, segurando o aparelho enquanto seus olhos a encaram como uma lâmina.
— É a data de quando nos conhecemos… — revela, quase num sussurro, escorando-se na porta da sala para não cair novamente.
Digitando a senha rapidamente, Xavier desbloqueia o aparelho. Seus dedos deslizam pela tela, enquanto procura pelos e-mails. O rosto dele endurece ainda mais ao encontrar a mensagem da clínica e confirmar a autenticidade do que Andressa havia dito.
Ele levanta o olhar, agora frio e vazio, encarando Andressa de cima a baixo.
— Esse bastardo não é meu — declara com desprezo, enquanto fixa a barriga dela, como se a acusação fosse um golpe definitivo.
As palavras a cortam como uma faca, e ela sente as lágrimas voltarem com ainda mais força.
— Você é apenas uma vagabunda que entrou na minha vida e não soube valorizar o que fiz por você. — Ele aproxima ainda mais a faca, e continua a falar com a voz baixa e assustadoramente séria. — Vou cortar cada pedaço do seu corpo imundo, colocar num saco de lixo e dar aos porcos.
A ameaça é o suficiente para que uma onda de adrenalina percorra o corpo de Andressa. A certeza de que morreria ali toma conta dela, e num ato desesperado, ela reúne todas as forças que ainda tem. Com um empurrão brusco, consegue desequilibrar Xavier, jogando-o ao chão.
Antes que ele possa reagir, Andressa destranca a porta — algo que havia feito discretamente enquanto ele estava distraído mexendo no celular — e a abre, fugindo pelo corredor. Seu coração b**e tão rápido que parece sair do peito enquanto corre em direção ao elevador. Com dedos trêmulos, aperta o botão repetidamente, mas o painel não responde com a rapidez de que ela precisa.
Ao olhar para trás, vê Xavier saindo do apartamento com a faca ainda em mãos. A expressão dele é pura fúria, e ele avança em sua direção.
Percebendo que o elevador não será uma opção, Andressa corre para a porta da escada de emergência. Seus pés descem os degraus com pressa, enquanto ela segura o corrimão para não tropeçar.
Os segundos que seguem são aterrorizantes. Sua respiração está ofegante, e o som dos passos de Xavier ecoa atrás dela, cada vez mais próximo. Ela grita por ajuda, mas as portas permanecem fechadas, o prédio está silencioso, como se o mundo inteiro tivesse decidido ignorar seu sofrimento.
Enquanto desce os degraus, sente o corpo fraquejar. Suas forças começam a se esvair, e sua visão fica turva. O sangue que escapava de sua boca faz sua respiração ainda mais difícil.
Antes que pudesse dar mais um passo, Andressa sente o corpo ceder. Ela desmaia, perdendo o equilíbrio e rolando escada abaixo. Durante os segundos finais de consciência, um único pensamento atravessa sua mente:
“Meu Deus, por favor, se o Senhor me livrar disso, eu prometo que vou mudar.”
Tudo ao seu redor se apaga, enquanto o som dos passos de Xavier se aproxima perigosamente.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...