O tom cortante e cheio de desprezo na pergunta de Joana surpreende a todos, de modo que ninguém sabe exatamente como reagir. O silêncio que se instala só amplifica o impacto das palavras dela.
— Perguntei o que essa imprestável está fazendo aqui? — Joana repete, desta vez com a voz mais alta e irritada, enquanto lança um olhar gélido e cheio de desprezo para Marina.
Marina, por sua vez, fica imóvel. Seus olhos arregalados revelam tanto o choque quanto a dor que sente ao ser tratada daquela forma, mas ela se esforça para não demonstrar fraqueza.
Victor, ao lado da mãe, ergue uma mão em um gesto de advertência.
— Mãe, chega! — diz ele, num tom firme, mas controlado. — Não tem necessidade de tratar a Marina assim.
Joana se vira para ele, com o rosto ainda marcado pelas lágrimas, mas agora tomado por indignação.
— Não tem necessidade? — retruca, apontando para Marina com um gesto brusco. — Depois de tudo o que essa… essa mulher representa, você ainda tem coragem de defendê-la?
Marina tenta abrir a boca para responder, mas Victor é mais rápido.
— Marina não representa nada além da verdade, mãe. E você sabe disso.
As palavras dele parecem atingir Joana com força, mas ela não se deixa abater facilmente. Seu olhar volta à Marina, ainda cheio de ressentimento.
— Eu não quero que essa mulher fique aqui, me vendo desse jeito. Esse é um momento íntimo, e eu só quero minha família por perto — Joana declara, com a voz fria e definitiva, evitando olhar para Marina novamente.
Suspirando profundamente, Victor sente o peso das palavras da mãe. Ele quer gritar, dizer que Marina também faz parte da família agora, que ela merece respeito, mas segura o impulso. Qualquer confronto naquele momento só traria mais desgosto e confusão para ambas, e ele sabia que isso era algo que preferia evitar.
— Tudo bem… — Rodrigo intervém, notando o quanto o irmão está contrariado com aquela situação. Ele dá um passo à frente, com a voz calma e conciliadora. — Vamos para casa, mãe. Já é madrugada, e esse sereno pode acabar adoecendo a senhora. Além disso, todos estamos cansados com tudo isso que está acontecendo.
— O Rodrigo tem razão, sogra — Valentina acrescenta, entrando na conversa. — A senhora precisa descansar.
Ao ouvir a voz de Valentina, Joana suaviza a expressão. O contraste é evidente, e a preferência dela é descaradamente exposta.
— Eu vou… — diz Joana, após uma pausa, enquanto enxuga os olhos. — Mas só porque você pediu — acrescenta, olhando diretamente para Valentina. — Você, sim, é uma nora à altura da nossa família. Uma mulher de valor, honesta, com uma reputação limpa.
Joana se levanta devagar e caminha até Valentina, segurando sua mão com um gesto carinhoso.
— Que sorte o Rodrigo tem em ter te encontrado. Você é a nora dos meus sonhos. Espero que, um dia, o Victor também encontre alguém de valor como você — conclui, lançando um olhar furtivo à Marina, mostrando a sua desaprovação.
O peso da hostilidade aflora no ar como um fardo invisível, tornando o ambiente ainda mais opressivo. Mesmo diante de tudo o que havia acontecido naquela noite, Joana continuava presa aos seus preconceitos e julgamentos, sem dar nenhuma trégua.
Movendo o pescoço de um lado para o outro, Victor tenta aliviar o estresse, mas o nervosismo em seus músculos reflete o que sente por dentro. Apesar de ter pena da mãe por tudo o que ela estava passando, ele sente uma necessidade quase incontrolável de deixar algumas coisas bem claras ali mesmo. Mas, antes que pudesse falar, Marina percebe o conflito interno nele e decide intervir sutilmente.
Com passos lentos, ela se aproxima dele e toca levemente seu braço, chamando sua atenção.
— Já está tarde, Victor, e meus pais devem estar preocupados. Por favor, me deixe em casa — pede ela, com uma voz ponderada e calma, demonstrando que não quer prolongar a situação.
O tom de Marina é sereno, mas carrega um apelo silencioso. Ela não está apenas pedindo para ir embora; está tentando protegê-lo de um confronto desnecessário naquele momento. Victor a olha por um instante, lendo nas entrelinhas o motivo do pedido, e finalmente cede, soltando o ar preso em seus pulmões.
Ele desvia o olhar por um momento, claramente desconfortável. Antes que possa reagir, Marina continua a apertar sua mão suavemente.
— Mas sei que, no momento certo, as coisas vão mudar. Ela entenderá e saberá exatamente o que significamos um para o outro.
Ele volta o olhar para ela, com um misto de admiração e frustração. O jeito como Marina lidava com tudo o que estava acontecendo, mesmo com o desprezo de Joana, era algo que ele respeitava profundamente, mas, ao mesmo tempo, o fazia sentir-se culpado por não proteger melhor a mulher que amava.
— Você é incrível, loirinha — ele murmura. — Quanto mais te conheço, mais percebo que você é a minha escolha certa, e é por isso que quero…
Antes que pudesse continuar a falar, o som agudo do celular de Marina rompe o silêncio no carro, interrompendo a conversa.
— Me desculpa — ela murmura, olhando para ele rapidamente antes de tirar o aparelho da bolsa.
Ao desbloquear o telefone e olhar para a tela, seu coração parece errar uma batida. O nome de Andressa aparece destacado, piscando no visor. Ela sente uma mistura de surpresa e apreensão percorrer seu corpo.
Percebendo a mudança na expressão dela, Victor franze a testa.
— Quem é? — pergunta, com o tom curioso.
Marina engole em seco, sem tirar os olhos da tela.
— É... é a Andressa — responde ela, num tom quase inaudível, enquanto seu dedo paira sobre a tela, hesitando entre atender ou ignorar.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...