Enquanto dirige pela cidade, Xavier aperta o volante com tanta força que seus dedos ficam brancos sob a pressão que faz. O olhar fixo na estrada contrasta com a tempestade de pensamentos que o consome. O silêncio no interior do carro é quase sufocante, servindo apenas para alongar o caos em sua mente. A ideia de Andressa estar grávida o corrói como um veneno, tornando-se uma ameaça constante que ele precisa eliminar. Ele respira fundo, tentando dissipar o incômodo, mas o ar parece nunca ser suficiente.
“Aquela desgraçada. Espero que tenha perdido o bebê na queda… assim as coisas ficam mais simples”, pensa, enquanto uma expressão dura e fria se forma em seu rosto. A ideia cruel lhe traz uma ilusão de controle, algo que ele sente estar escapando de suas mãos.
Sem destino definido, Xavier dirige pelas ruas desertas. Os faróis de seu carro cortam a escuridão, iluminando as árvores alinhadas e as calçadas vazias. Quando avista um posto de gasolina, decide parar. O tanque está quase vazio, e ele sabe que não pode se dar ao luxo de ficar imobilizado na noite. Estacionando o carro ao lado da bomba, espera que o frentista se aproxime.
— Boa noite, senhor — cumprimenta o frentista, com a neutralidade profissional de sempre.
— Encha o tanque — ordena Xavier, mostrando a sua impaciência.
O frentista acena com a cabeça, começando a abastecer o carro. Enquanto isso, Xavier permanece parado, olhando para o nada, mas claramente perdido em pensamentos. Ele sabe que Joana está furiosa agora, e que tentar conversar com ela de imediato seria um erro. Anos de convivência lhe ensinaram que ela precisa de tempo para ouvir as opiniões de todos antes de tomar qualquer decisão. Apesar de tudo, acredita que ela não fará nada precipitado. Joana sempre foi uma mulher que se importou com a aparência, por isso, tem certeza de que ela o perdoará, só precisa saber as palavras certas para usar com ela.
Sua preocupação maior é Andressa. Ela sabe demais, e isso representa um perigo real. “Se ela resolver abrir a boca, pode destruir tudo”, pensa, sentindo o corpo inteiro tensionar. A ideia o deixa ainda mais inquieto, mas ele sabe que precisa agir com cautela. Qualquer passo em falso pode custar-lhe tudo o que construiu.
O som da bomba de gasolina parando o tira de seus pensamentos. O frentista volta com a máquina de cartão, então Xavier pega sua carteira e retira o primeiro cartão que vê.
— Transação não aceita, senhor — informa o frentista, com um tom neutro que já começa a transparecer impaciência.
Xavier franze o cenho, irritado.
— Tente outra vez — ordena, estendendo o cartão novamente.
O frentista repete o processo, mas o resultado é o mesmo. Ele tenta mais uma vez, e novamente a máquina recusa o pagamento.
— Seu cartão foi recusado, senhor — diz o frentista, desta vez com um leve tom de desdém.
Xavier respira fundo, tentando controlar a irritação crescente. Pega outro cartão em sua carteira, mantendo a postura altiva. Quando a mensagem de transação negada aparece pela quarta vez, o calor sobe por seu rosto e uma gota de suor escorre por sua testa.
“Preciso garantir que ela não tenha forças para me destruir”, pensa, enquanto a expressão fria toma conta de seu rosto novamente. Mesmo sabendo que precisa ser cuidadoso, sente que precisa fazer algo o mais rápido possível. Joana perdoaria a traição, mas jamais o perdoaria se soubesse que ele teria um filho fora do casamento. Qualquer passo em falso, qualquer gesto impulsivo, pode ser o fim para ele. Por mais que não goste de admitir, está lidando com uma situação que escapa do controle que ele tanto preza.
Enquanto contempla seus próximos passos, o celular vibra no console do carro. Ele pega o aparelho e olha para a tela. É uma mensagem do banco alertando que suas contas estão bloqueadas temporariamente. Seu rosto fica vermelho de raiva e ele soca o volante com força, enquanto um grito abafado escapa por entre os dentes.
“Bloquearam minhas contas?”, pensa, enquanto sua respiração fica mais pesada. Agora, além de lidar com Andressa e Joana, tem mais um problema em suas mãos.
Imediatamente ele liga aquela situação a Victor. Tem certeza de que aquilo é coisa dele. De repente, a raiva contra o filho toma conta de si, inflamando cada fibra de seu ser. Era Victor quem havia feito com que sua vida saísse completamente dos trilhos. “Ele e aquela vagabunda da Marina”, pensa, e seus olhos queimam de ódio.
Embora saiba que, por enquanto, não tem coragem de fazer nada contra o filho, sua mente fervilha com ideias de como lidar com Marina. Ela era a raiz de todos os problemas, a peça fora do lugar que precisava ser eliminada.
“Vou acabar com a raça daquela desgraçada. Só assim minha família vai ficar em paz novamente”, murmura entre os dentes, voltando a apertar o volante com mais força.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...