Antes de seguir para o trabalho, Victor faz questão de deixar Marina na casa dos pais dela. Demonstrando seu respeito habitual, ele desce do carro assim que estaciona e acompanha Marina até a porta. José e Daniela já estão atendendo na padaria.
— Bom dia, senhor José, dona Daniela — diz ele, estendendo a mão para José e logo depois cumprimentando Daniela com um leve aceno de cabeça.
— Bom dia, Victor — responde José, apertando a mão dele com firmeza, mantendo um semblante amigável.
— Já tomou café? — Daniela pergunta. — Fiz uma torta maravilhosa e ela acabou de sair do forno.
Victor ri educadamente, colocando as mãos nos bolsos do paletó.
— Acredite, dona Daniela, adoraria tomar um café com vocês, mas o trabalho me espera. Tenho uma reunião importante logo cedo — explica, lançando um olhar breve e cúmplice para Marina, que observa a cena com satisfação.
— Sempre tão dedicado — comenta José, acenando com a cabeça, claramente impressionado. — Um exemplo, não é, filha?
Marina sorri, desviando o olhar de leve.
— Sim, pai — responde ela, com um toque de orgulho na voz.
— Prometo voltar com mais tempo — completa Victor, com sua postura impecável. — É sempre um prazer conversar com vocês.
José e Daniela o despedem com sorrisos, desejando-lhe um bom dia de trabalho. Victor então se aproxima de Marina, depositando um beijo suave em sua testa antes de se despedir.
— Vou te esperar ansioso no meu escritório… — ele sussurra, baixo o suficiente para que apenas ela ouça.
— Anseio por isso — Marina responde, contendo um sorriso.
Victor retorna ao carro e parte em direção ao escritório, sentindo-se satisfeito por reforçar sua boa relação com os pais de Marina. Para ele, gestos assim não eram apenas uma questão de formalidade, mas uma maneira de mostrar o quanto valorizava a mulher que tinha ao seu lado.
Virando-se para os pais na padaria, Marina decide provar um pedaço da torta que sua mãe havia acabado de tirar do forno.
— Quer um suco de laranja também, Mari? — pergunta Daniela, atenciosa.
— Sim, por favor — responde com um sorriso.
Ela se senta à mesa onde costumava tomar o café da manhã todos os dias. Olhando pela janela, Marina deixa a mente vagar e, sem querer, se pega relembrando a primeira vez que viu Victor. A imagem daquele homem sério, que havia entrado na padaria com prepotência e altivez, parecia tão distante agora. Ele não era mais aquele estranho arrogante que tanto a incomodou, mas um homem que, lentamente, havia se revelado carinhoso, leal e surpreendentemente humano.
Alguns minutos depois, Daniela se aproxima, equilibrando uma bandeja com o suco e um pratinho extra. O movimento na padaria está tranquilo naquele horário, permitindo que ela se sente ao lado da filha para um momento raro de conversa.
— Como foi o seu fim de semana, Mari? — pergunta, com um sorriso curioso.
Marina dá uma mordida na torta, saboreando o gosto familiar, antes de responder:
— Foi bom, mãe. Estar com o Victor me deixa animada.
Daniela assente, satisfeita, mas seu olhar atento logo revela uma ponta de preocupação.
— E o jantar que teve na casa dele? Como saiu? — ela pergunta, agora com uma expressão levemente assustada.
Marina repousa o garfo no prato, olha para a mãe e solta um suspiro leve, mas decidido.
— Colocamos todas as verdades sobre a mesa, mãe — responde, firme, como se aquelas palavras pesassem mais do que aparentam.
Daniela franze o cenho, claramente preocupada, mas espera em silêncio que a filha continue.
— Agora todos sabem que eu não tive nada a ver com as sujeiras que a Andressa e o pai do Victor fizeram — declara aliviada, como se finalmente tirasse um peso das costas.
— E como a família dele reagiu? — insiste Daniela, curiosa, inclinando-se um pouco mais sobre a mesa.
Marina solta um suspiro leve e recosta-se na cadeira, escolhendo as palavras com cuidado.
— Eles ficaram em choque — admite, com um pequeno sorriso irônico. — Acho que continuam processando tudo o que ouviram. Principalmente a reação da mãe dele… — completa, lembrando-se do olhar surpreso e contido da sogra durante a conversa.
— E como ela reagiu com você? — pergunta, agora com uma expressão mais preocupada.
— Demitido? Por quê?
— Pelo que ouvi, pegaram-no em flagrante… — ela faz uma pausa teatral, baixando ainda mais a voz — tendo relações com uma colega de trabalho. Os dois foram mandados embora por justa causa.
— Sério? — arregala os olhos, surpresa.
— Seríssimos — confirma a mãe, balançando a cabeça com ar de reprovação. — Para piorar, ele teve que vender o carro para pagar um empréstimo que havia feito. Parece que a situação ficou bem feia para o lado dele.
— Nossa… — murmura Marina, ainda digerindo a história. — Que escândalo!
— Acho bem feito — murmura Daniela, com um tom de satisfação contida. — Pelo que ele fez com você, isso foi até pouco.
Sorrindo de lado, Marina fica um tanto surpresa com a firmeza da mãe.
— Mãe… — diz ela, tentando soar repreensiva, mas sem conseguir esconder o brilho divertido nos olhos.
— O quê? — retruca Daniela, dando de ombros. — Não estou desejando mal a ninguém, mas o mundo dá voltas, filha. Ele colheu o que plantou.
— Parece que sim — concorda, com um sorriso leve. — Mas prefiro não pensar mais nisso. Já passou.
— E é assim que tem que ser, Mari. Você é melhor que isso, e agora está com alguém que realmente te valoriza.
Marina assente, com o coração aquecendo ao pensar em Victor.
— É, mãe. As coisas finalmente estão no lugar certo.
Sorrindo com orgulho, Daniela declara:
— E é exatamente onde mereciam estar.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...