Inconformado com a atitude da namorada, Victor não permite que ela vá embora sem esclarecer as coisas. Ele sai do escritório apressado, alcançando-a no corredor. Quando Marina está prestes a apertar o botão do elevador, ele a segura pelo braço com firmeza, mas sem agressividade.
— Espere, Marina. Para onde pensa que vai assim? — pergunta ele, determinado.
Ela respira fundo, sem sequer olhar para ele, e responde em um tom controlado.
— Eu já disse que tenho que visitar uma testemunha — revela, tentando se soltar do aperto dele.
Victor a encara, frustrado pela frieza com que está sendo tratado.
— Não estou falando sobre isso. Estou perguntando por que está saindo assim, tão nervosa comigo — insiste, mantendo a mão firme no braço dela.
Marina suspira pesado, levantando finalmente o olhar para encontrar o dele. Seus olhos demonstram o quanto ela está magoada com tudo o que conversaram na sala dele.
— Como espera que eu fique, Victor? — retruca, ofendida. — Após ouvir o quanto você despreza o que estou fazendo, como se fosse insignificante? O quanto acha que isso diminui minha causa e me diminui como advogada?
Soltando o braço dela, ele mantém a postura firme. Seu olhar reflete uma mistura de frustração e vulnerabilidade.
— Eu não estou desprezando você, loirinha. Muito menos o que está fazendo. Na verdade, tudo o que disse é porque estou pensando em você! — responde. — Não entende? Sei o quanto o primeiro caso significa para um advogado, e vejo o quanto está animada com isso. Tudo o que menos quero nesse momento é frustrar os seus planos. Por isso estou sendo sincero com você.
Marina balança a cabeça, desviando o olhar como se estivesse tentando processar as palavras dele. Finalmente, ela volta a encará-lo, com um toque de tristeza misturado à raiva.
— Sinceridade não é dizer que devo desistir porque vou perder, Victor. Sinceridade é apoiar, mesmo sabendo que as chances não estão do meu lado. Eu esperava mais de você. Esperava que acreditasse em mim, não que tentasse me convencer de que estou lutando à toa.
Mesmo sentindo o impacto das palavras, Victor não desiste.
— Eu acredito em você, loirinha. Sempre acreditei. Mas isso não muda o fato de que esse caso é complicado. Só estou tentando protegê-la de uma derrota que sei que vai machucá-la.
Ela dá um passo para trás, mostrando uma dor evidente em sua expressão.
— Eu não preciso que me proteja. Preciso que me respeite e me veja como sua igual, não como alguém que você acha que precisa poupar. Se você não entende isso, então talvez o problema aqui não seja o caso, e sim… — ela para de repente, falhando a voz. Percebendo que está prestes a dizer algo que talvez não devesse, desvia o olhar, tentando conter a emoção.
Percebendo a hesitação dela, Victor dá um passo à frente, agora um pouco mais tenso.
— E sim o quê? — ele pergunta, com a voz um pouco alterada. — Você ia dizer que o problema sou eu?
Raiva, frustração e até uma pontada de desespero o consomem. Tudo estava indo tão bem entre eles, então por que diabos aquilo tinha que acontecer? Ele cerra os punhos, tentando controlar a explosão interna, mas sua paciência já havia se esgotado.
Ao enxergar uma lixeira próxima, ele a chuta com tanta força, que o barulho ecoa pelo corredor silencioso. A lixeira metálica tomba e gira. O ruído estridente acaba chamando a atenção de alguns funcionários que, curiosos, começam a espiar pelas portas de suas salas.
Victor percebe os olhares furtivos e, irritado, encara os funcionários.
— O que estão olhando, hein? — grita, sua voz ecoa pelo corredor. — Por acaso estão sem serviço?
Os funcionários desviam rapidamente o olhar, voltando às suas mesas, mas o constrangimento e o estresse permanecem no ar. Victor respira fundo, tentando recuperar o controle, mas o nó no peito só parece aumentar. Ele sabia que precisava de uma solução para aquela situação — com Marina, com o caso, e agora com a equipe que claramente sentiu o impacto de seu descontrole.
Ele se vira, caminhando de volta para seu escritório, murmurando entre dentes, enquanto o peso das emoções o domina. Ainda tomado pela sensação de que tudo em sua vida estava começando a sair do controle, ele aperta os punhos, tentando sufocar a frustração crescente.
— Cancele meus compromissos da tarde — ordena, com a voz impaciente, enquanto passa pela secretária sem sequer olhar para ela.
A aparência dele é assustadora: o semblante fechado, os olhos tensos e os passos pesados deixam claro que algo não está de bom humor. A secretária hesita por um momento, visivelmente surpresa, mas apenas assente rapidamente, decidindo não questionar, ainda mais após vê-lo entrar em seu escritório e fechar a porta com força.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...