Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 217

Balançando a cabeça, claramente irritado com a situação, Victor responde:

— Não sei. Eu só fui direto com ela, como sempre faço — admite, com um tom defensivo.

A fala do irmão deixa Rodrigo preocupado. Ele sabia que Victor tinha muitas qualidades, mas ser cuidadoso ao medir as palavras definitivamente não era uma delas.

— Me fala, Victor, como você começou a conversa? — questiona, cruzando os braços, já antecipando uma resposta problemática.

— Eu simplesmente disse a ela para abandonar o caso, pois iria perder — declara, como se fosse algo natural.

Rodrigo arregala os olhos, incrédulo.

— Assim? Sem introdução? Sem preparar o terreno? — pergunta, espantado.

Visivelmente incomodado, Victor rebate.

— Eu disse que fui direto, você não entendeu? — retruca, irritado.

Rodrigo solta uma risada breve, mas sem humor, balançando a cabeça em descrença.

— Pelo amor de Deus, Victor, se você começou a conversa desse jeito mesmo, não tem como não ficar do lado da Marina. — Ele aponta para o irmão, enfatizando suas palavras. — Você foi insensível com ela, cara. Literalmente jogou um balde de água fria nos esforços dela, sem nem tentar entender o lado dela antes.

Victor aperta os punhos, tentando conter a frustração.

— Eu só queria evitar que ela se machucasse, Rodrigo. Queria ser honesto, direto. Achei que ela preferisse isso.

— Minha nossa… — Rodrigo suspira, balançando a cabeça. — Agora percebo que você só tem experiência com mulheres, porque com relacionamento… — Ele dá uma risada zombeteira. — É outra história. Se quer mesmo que essa casa seja preenchida com a presença da Marina, precisa entender e aprender a falar com ela com mais cuidado. Nem sempre ser direto é o certo, Victor.

Victor estreita os olhos, irritado com a provocação.

— Mas nós sempre fomos assim, Rodrigo, e isso estava dando certo até agora — retruca, em sua defesa.

Rodrigo ergue as sobrancelhas, como se a resposta apenas confirmasse seu ponto.

— Até agora, Victor. Mas você não está lidando com um almoço ou uma viagem que deu errado. Está lidando com algo que mexe com os valores dela, com quem ela é como pessoa e como profissional. — Enfatiza suas palavras. — E, sinceramente, se acha que pode abordar uma situação dessas com a mesma simplicidade de sempre, então está pedindo para isso dar errado.

Victor solta um suspiro, passando a mão pelo rosto.

— Tudo bem, talvez eu tenha sido insensível… Mas o que eu podia fazer? Ela estava animada com esse caso, e eu só queria prepará-la para o que está por vir.

— Preparar? — Rodrigo ri, descrente. — Do jeito que você começou a conversa, parece mais que tentou derrubar o entusiasmo dela. Victor, o sonho da Marina é exercer a profissão e o mínimo que você deveria ter feito era reconhecer isso antes de pedir para ela desistir.

Desviando o olhar, Victor começa a sentir a culpa se misturar com a frustração.

— Você acha que ainda dá tempo de consertar isso? — pergunta com a voz mais baixa, em resposta, recebe um sorriso encorajador do irmão.

— Sempre dá tempo. Só não faça disso uma batalha de quem está certo ou errado. Mostre que você respeita o que ela está fazendo, mesmo que vocês estejam em lados opostos. Às vezes, é só disso que ela precisa para saber que vocês continuam no mesmo time, mesmo com as diferenças.

Notando o quão séria a conversa está ficando, Victor decide quebrar o clima com uma provocação.

— Não acredito que estou recebendo conselho amoroso de alguém que só namorou uma mulher na vida — zomba, esboçando um sorriso.

Ao sair de casa, o vento frio da noite sopra contra o seu rosto, fazendo com que os pelos de seu corpo se arrepiem. Olhando para o céu escuro, conclui que uma tempestade se aproxima. Sem perder tempo, entra no carro e dá partida, seguindo em direção ao bairro onde Marina mora.

O trajeto é rápido, mas sua mente está tomada por pensamentos inquietos. Cada quilômetro percorrido parece pesar em suas decisões: as palavras que escolheria, como ela reagiria e, acima de tudo, se seria capaz de consertar o estrago que fez.

Quando finalmente chega em frente à casa dela, desacelera e estaciona em frente à padaria dos pais dela. Ao descer do carro, uma garoa fina começa a cair, deixando a pele dele ligeiramente úmida e aumentando o frio que já sentia. Quando está prestes a tocar a campainha, o portão se abre, revelando Daniela e José prontos para sair.

— Victor? Que surpresa — diz Daniela com um sorriso cordial.

— Olá, senhora, como está? — responde, mantendo a postura educada. — Eu queria falar com a Marina.

— Ela está no quarto dela — declara Daniela.

Antes que Victor possa dizer mais alguma coisa, um táxi para em frente à casa. José aponta para o veículo enquanto segura o portão.

— Estamos de saída, mas pode ficar à vontade, tudo bem? — diz ele.

— Claro — responde, assentindo.

Ele observa os sogros entrarem no táxi e partir. Em seguida, fecha o portão atrás de si e sobe a escada que leva à entrada da casa. Tudo está escuro lá dentro, exceto por uma luz distante que emana do corredor.

— Marina! — ele chama, um pouco apreensivo.

Do corredor, uma luz fraca reflete por baixo de uma porta que se abre, e passos leves ecoam pela casa silenciosa. Ele fixa os olhos na direção dos movimentos e, mesmo no escuro, consegue distinguir a silhueta de Marina. Ela caminha devagar, até que ele percebe algo que faz seu coração apertar: lágrimas escorrem por seu rosto.

— Loirinha… — murmura, dando um passo à frente. — Você está chorando? — pergunta, sentindo um nó se formar em sua garganta enquanto tenta entender o que está acontecendo.

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