Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 230

Os dias passam e a cada momento ao lado de Marina, Victor sente crescer dentro de si a vontade e a segurança de dar o próximo passo no relacionamento. Entretanto, as palavras do irmão ressoam em sua mente: “Fale com a mãe primeiro.”

Ao chegar na mansão Ferraz, não consegue ignorar o silêncio pesado que paira no ambiente. A casa parece mais vazia e fria, como se refletisse o estado emocional de seus moradores. Até mesmo o número de funcionários parece ter diminuído.

— Bom dia, senhor — cumprimenta Adelina, a funcionária mais antiga da casa, com sua costumeira educação.

— Bom dia, Adelina. Onde está minha mãe?

— Ela está tomando café no jardim — revela com um leve aceno de cabeça.

— Obrigado.

Victor a agradece brevemente e segue pelo longo corredor até o jardim dos fundos. De longe, avista Joana sentada em uma cadeira de ferro trabalhado, perdida em pensamentos enquanto encara o horizonte. A cena dela, solitária e melancólica, não o comove. Ele sabia que o isolamento da mãe era um reflexo direto das escolhas que ela havia feito ao longo do tempo.

— Bom dia, mãe… — ele diz, se aproximando.

Lentamente, Joana desvia o olhar do horizonte e o encara. Seus olhos carregam um misto de tristeza e cansaço, mas sua postura mantém a altivez de sempre.

— Até que enfim você se lembrou de que tem mãe — comenta, com um tom ácido e um olhar frio.

Victor retribui com um sorriso irônico.

— Eu me lembro sempre, mãe. Mas achei que deveria aproveitar um pouco da própria companhia para refletir sobre seus atos.

Joana estreita os olhos, incrédula com a ousadia do filho, mas logo vira o rosto, evitando demonstrar qualquer vulnerabilidade.

— O que veio fazer aqui? Zombar da minha própria desgraça? — pergunta, com uma voz amarga e sem humor.

Victor cruza os braços e solta um leve suspiro antes de responder.

— Não, mãe. Vim conversar com a senhora sobre algo importante. Mas vejo que continua presa ao mesmo comportamento de sempre.

Joana ergue o olhar para ele, analisando-o com uma expressão séria, seu olhar é indignado, enquanto aponta o dedo para Victor.

— O que é mais importante do que saber como a sua mãe está depois do que aconteceu? — grita, com a voz histérica. — Mesmo com tudo isso, o Rodrigo vem me visitar quase diariamente, até me chamou para passar uns dias com ele. Agora você… — ela o encara com desprezo, como se quisesse perfurá-lo com os olhos. — Vejo o quanto me despreza, Victor, a ponto de me deixar sozinha nesta casa.

Victor a observa com calma, mantendo sua postura firme, mesmo diante do ataque da mãe.

— Eu não te desprezo, mãe. Mas eu não posso carregar as consequências de suas escolhas como se fossem minhas. Se está se sentindo tão sozinha assim, devia aceitar o convite do Rodrigo e passar uns dias com ele — responde, num tom controlado.

— Você sabe por que não posso ficar na casa do Rodrigo? Porque ele está noivo! Tem a vida dele para cuidar. Mas você, Victor, você é solteiro. Era para estar aqui, sob o mesmo teto, cuidando de mim, que sou a sua mãe!

Joana balança a cabeça, exasperada, tingindo cada palavra em sarcasmo.

— Onde está o seu orgulho, aquele que fazia de você diferente de todos os outros homens? — continua. — Será que perdeu completamente o juízo? Eu não reconheço o homem que está na minha frente. Nem parece o filho que criei com tanto amor, mimo e cuidado. Fiz tudo por você, Victor. Dei o melhor de mim, tudo para que fosse um homem que se destacasse, que tivesse o mundo aos seus pés. E agora você me aparece com essa ideia absurda de se casar com uma qualquer?

Ela passa a mão pelos cabelos, como se tentasse organizar os próprios pensamentos.

— Eu sempre sonhei com algo grandioso para você, alguém que estivesse à sua altura. E agora, você j**a tudo isso fora por uma mulher que sequer tem o que oferecer além de sonhos e promessas vazias? — Ela conclui.

— Se me amasse de verdade, como sempre diz, estaria feliz por mim agora, e não me questionando desse jeito — ele murmura. — Seu erro foi projetar seus próprios sonhos e expectativas em mim. É por isso que está tão frustrada. — Ele dá um passo para trás, como se precisasse de distância para respirar. — Sinceramente, nem sei por que vim aqui. Já sabia exatamente qual seria a sua reação.

Victor a encara por um breve momento antes de continuar.

— Mas quer saber? Vou ser feliz, mãe, com ou sem a sua aprovação. E isso é algo que você não pode mudar.

Ele se vira para sair, mas antes de dar o último passo, para e lança um olhar sério para ela.

— Se algum dia estiver disposta a aceitar a Marina e entender o que ela significa para mim, me avise. Até lá, prefiro que fique bem longe de nós. Inclusive, nem precisa aparecer no meu casamento. — Sua voz é gélida, mas sem perder a compostura.

Sem esperar por uma resposta, Victor sai do jardim, sem olhar para trás, deixando Joana sozinha, remoendo de raiva.

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