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Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 24

Enquanto esperam o voo no aeroporto, Marina sente um frio na barriga ao se lembrar de que é sua primeira vez viajando de avião. O pensamento de enfrentar essa experiência sozinha a deixa ainda mais ansiosa, especialmente sabendo que não pode contar com Victor para nenhum tipo de apoio.

Sentada ao lado dele, aguardando o embarque, tenta se concentrar em outra coisa, mas seu nervosismo é visível.

Victor, por sua vez, observa a mala que Marina carrega. Ele olha com atenção, analisando cada detalhe. A mala parece de grife, mas algo não b**e. Ele deduz que não passa de uma imitação bem-feita, já que acredita que Marina não teria condições de comprar uma peça original — exceto se…

Aquela linha de pensamento o incomoda mais do que gostaria de admitir. A ideia de onde ela poderia ter conseguido aquela mala o deixa desconfortável, e, por mais que tente afastar esse pensamento, não consegue. A dúvida se insinua em sua mente, incomodando-o de maneira sutil, mas persistente.

— Eu já volto — diz ele, levantando-se bruscamente e caminhando em direção à lanchonete do aeroporto. Ele pede um café, sentando-se em um dos pequenos bancos próximos ao balcão.

Enquanto espera, seu olhar volta a se fixar em Marina à distância.

Ela parece deslocada, claramente incomodada por estar ali. A ideia de que ela possa estar envolvida em algo mais — talvez até com seu pai — mexe com ele de um jeito inesperado. A inquietação o corrói.

— Aqui está, senhor — a atendente lhe entrega o café, mas ele mal a percebe, ainda perdido em seus pensamentos.

— Obrigado — responde com voz educada, voltando a observar Marina.

“Não me desaponte, loirinha”, sussurra, bebendo o primeiro gole de café.

[…]

Quando o avião começa a se mover na pista, Marina tenta, com todas as forças, disfarçar o nervosismo que sente. Mas o aperto de suas mãos no apoio de braço a trai.

Ela engole em seco o nó na garganta, seguido da respiração irregular, e fixa o olhar na janela, como se isso a ajudasse a controlar o pânico crescente que toma conta de seu corpo.

Victor, ao lado, nota cada detalhe. Um sorriso de canto surge em seus lábios. Ele se inclina levemente em direção a ela, há provocação clara em sua voz.

— Está tudo bem, loirinha? — pergunta com um tom zombeteiro. — Parece um pouco… tensa. Está com medo de voar?

Marina sente as bochechas queimarem e tenta disfarçar, apertando ainda mais os dedos no apoio de braço, como se isso pudesse ocultar seu medo.

— Não, claro que não — mente, com a voz trêmula, sem conseguir esconder completamente seu desconforto. — Só não gosto muito dessa parte da decolagem.

Victor levanta uma sobrancelha, percebendo o desconforto com clareza. Ele se inclina um pouco mais, aproximando-se de Marina de uma maneira quase íntima, a voz suave e provocadora ecoa pelos ouvidos dela.

— Sério? — provoca, com sorriso travesso no rosto. — Porque, pela forma como está agarrando esse apoio de braço, parece que nunca entrou em um avião antes.

Marina respira fundo, absorvendo as palavras dele. Ela sente seu coração desacelerar e a proximidade inesperada de Victor a reconforta de um jeito que jamais imaginou. Pela primeira vez, vê algo além da fachada arrogante e dominadora de Victor. Ele tinha camadas que nunca notou.

— Obrigada… — murmura, ainda segurando a mão dele. — Eu realmente não sabia que ficaria tão nervosa.

Victor sorri levemente, sem tirar os olhos dela.

— Não precisa me agradecer — responde, com voz suave, quase afetuosa. — Às vezes, tudo o que a gente precisa é de uma mão firme para passar por certas coisas. Quem diria que você, tão determinada no trabalho, teria medo de voar? — Ele brinca, mas desta vez com uma ternura que derrete qualquer resistência.

Marina solta uma risadinha tímida, sentindo o constrangimento diminuindo.

— Parece que encontrou o meu ponto fraco — responde, com o sorriso mais relaxado agora.

Victor aperta levemente a mão dela, fixando seus olhos negros nos azuis intensos que ela carrega.

— E talvez eu goste disso — diz ele, sem o habitual tom provocador, mas com uma sinceridade inesperada que a faz vê-lo sob uma nova perspectiva.

Por alguns instantes, o silêncio entre eles é confortável. O som suave do avião ao fundo preenche o ar, e Marina, pela primeira vez, percebe que Victor, com todas as suas imperfeições e arrogância, tem um lado humano. Um lado que ela nunca havia imaginado. E naquele instante, algo dentro dela muda em relação a ele, ainda que não esteja pronta para admitir.

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