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Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 249

As horas passam, arrastando-se como se o tempo estivesse conspirando contra eles. Cada segundo parece uma eternidade, e a incerteza se torna um peso insuportável. O silêncio no corredor é interrompido apenas pelo som ocasional de passos apressados ou de vozes murmuradas. Marina, Rodrigo e Valentina permanecem ali, em uma vigília tensa e silenciosa, aguardando qualquer sinal de mudança no estado de Victor.

Finalmente, após o término da cirurgia e o controle da hemorragia, Victor é transferido para a UTI. A notícia traz um pequeno alívio, mas o fato de ele ainda estar em estado crítico mantém todos em alerta. Desesperada para ver o marido, Marina segue o médico responsável enquanto ele atualiza uma enfermeira sobre o caso.

— Doutor, por favor… — diz ela, emocionada. — Preciso vê-lo. Ele é o meu marido… Não posso ficar sem saber como ele está.

O médico a olha com compaixão, mas também com profissionalismo.

— Senhora Ferraz, entendo a sua angústia, mas o momento agora é muito delicado. Victor precisa de total estabilidade para podermos monitorá-lo adequadamente.

— Prometo não demorar, só quero vê-lo por um instante… — insiste, enquanto as lágrimas brotam em seus olhos. — Por favor, doutor, eu não aguento mais essa angústia, eu preciso…

Rodrigo se aproxima, apoiando a cunhada.

— Doutor, ela está com ele desde o início. Deixe-a vê-lo, nem que seja por um minuto. Isso fará bem para ela e, talvez, até para ele — argumenta, tentando ajudar.

O médico hesita por um momento antes de suspirar.

— Certo. Mas apenas um minuto, e peço que não toque em nenhum equipamento. Ele está muito frágil, e qualquer alteração pode ser prejudicial.

Marina assente freneticamente, agradecendo com um murmúrio emocionado.

— Obrigada… obrigada mesmo, doutor.

Com a permissão concedida, Marina é guiada até a UTI. Quando entra no ambiente silencioso, a visão de Victor deitado em uma cama cercada por máquinas e fios é um golpe em seu coração. Ele parece tão diferente, tão vulnerável. O peito dela se aperta, mesmo assim reúne toda a força que tem para não desabar.

— Victor… estou aqui meu amor, vai ficar tudo bem — sussurra, aproximando-se devagar.

Mesmo inconsciente, a presença dele a conforta de alguma forma. Ela se abaixa levemente, mantendo-se no tempo permitido, e deixa que algumas lágrimas rolem por seu rosto.

— Você vai sair dessa… e nós iremos ser muito felizes, eu prometo — diz com firmeza, embora sua voz trema. — Não importa quanto tempo leve, eu estarei aqui. Sempre.

O bipe constante das máquinas é a única resposta que recebe, mas Marina decide que isso é o suficiente por agora. Só de estar ali, ao lado dele, sente-se conectada à esperança que precisa para enfrentar o que está por vir. O médico a lembra do limite, e ela se despede com um beijo no ar, saindo da sala com a confiança de lutar, não importa o que aconteça.

Quando sai da UTI, Marina caminha até a recepção, onde Valentina e Rodrigo a esperam com expressões igualmente tensas. Assim que a veem, os dois se levantam rapidamente, como se estivessem aguardando há uma eternidade.

— E aí, como ele está? — Rodrigo pergunta, transparecendo a ansiedade em sua voz.

Respirando fundo, Marina tenta reunir a força necessária para responder. Ao encarar os olhos ansiosos de Rodrigo, percebe o peso insuportável que ele carrega. Não era apenas a angústia de ver o irmão mais novo lutando entre a vida e a morte, mas também a dor corrosiva de saber que a tragédia tinha raízes profundas nos atos imperdoáveis de seus próprios pais. Rodrigo parecia estar sendo consumido por uma culpa que não era sua, mas que ele carregava como se fosse. Tentando contornar aquela situação, lembra-se de algo que leu certa vez: “As palavras têm poder: elas podem transformar incertezas em esperança, criando realidades que ainda nem existem. O que dizemos reflete não apenas o que acreditamos, mas também o que desejamos para o futuro.”

Aproximando-se, ela toca a mão dele com firmeza e o encara diretamente, seus olhos irradiam uma esperança inabalável.

— Ele vai ficar bem, tenho certeza disso — declara, com a convicção necessária para aquele momento.

Ao ouvir as palavras da cunhada e observar o brilho de segurança em seu olhar, Rodrigo suspira profundamente, como se aquele instante fosse suficiente para reacender uma fagulha de confiança em meio à tormenta. Tentando conter a emoção para não desabar em lágrimas, ele se endireita, respira fundo e comenta com um tom de voz pesado:

— Preciso sair um pouco — revela, quase como um pedido de desculpas por abandonar o local.

Quando ele se vira, Valentina sente o peito apertar. As lágrimas escorrem livremente por seu rosto, e ele parece despido de qualquer armadura emocional. Correndo até ele, Valentina o abraça, segurando-o como se pudesse dividir o peso de sua dor.

— Vai ficar tudo bem, meu amor. Estou aqui com você — diz ela, envolvendo-o em um abraço acolhedor.

Respirando fundo, ele permite-se relaxar momentaneamente nos braços dela. Após um tempo, Rodrigo encontra finalmente a voz:

— Não sei o que fazer, Valen. Tudo isso… é tão errado.

— Você não precisa carregar tudo sozinho — responde ela, segurando seu rosto para que seus olhos se encontrem. — Estamos juntos nisso. Estou com você, agora e sempre.

Ele assente, sentindo o calor e a sinceridade nas palavras dela. Embora a dor ainda esteja ali, algo no tom delicado da noiva faz com que ele sinta uma pontada de esperança.

— Obrigado por estar aqui — murmura. — Eu não sei o que seria de mim sem você.

— E você nunca precisará descobrir, porque não irei a lugar algum — afirma Valentina. — Agora vamos. Vou com você.

Encarando-a por um momento, ele parece absorver o conforto e a força dela, antes de murmurar:

— Preciso de respostas, Valen. Não posso descansar até entender como tudo isso aconteceu.

Sem hesitar, Valentina responde:

— Então vamos buscá-las juntos.

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