Os raios de sol que atravessam a janela fazem com que Marina abra os olhos lentamente. Por um instante, ela se sente desorientada, estranhando o ambiente, mas sua mente logo a faz lembrar dos acontecimentos que a trouxeram até ali. Pegando o celular, percebe que ainda são sete da manhã. Embora seu corpo queira mais descanso, seu estômago, faminto, a trai com um rugido, avisando que não poderia esperar por muito tempo.
Levantando-se da cama, vai até o banheiro para fazer sua higiene matinal. Ela deduz que Victor continua dormindo; por isso, decide explorar o apartamento à procura da cozinha. Entretanto, ao passar pela sala, surpreende-se ao vê-lo já acordado, sentado na varanda, lendo alguns papéis.
Ele levanta o olhar quando percebe sua presença. Os olhos de Victor percorrem pelo corpo de Marina, que usa um pijama curto, revelando suas coxas bem torneadas. Quando ele volta o olhar mais para cima, quase de imediato, o sorriso sarcástico que é sua marca registrada surge em seus lábios.
— Bom dia, “Queridinha da Mamãe” — diz ele, deixando o sarcasmo escorrer em cada palavra. A voz baixa e provocadora ecoa pelo ambiente, enquanto o olhar de Victor percorre a frase estampada na blusa do pijama de Marina. — Eu sabia que você era… diferente, mas isso aí superou todas as minhas expectativas.
Marina já acordara desconfortável com a ideia de estar hospedada no apartamento de Victor, e agora sente o rosto esquentar ao ser alvo de suas provocações. Tentando manter a compostura, ela cruza os braços, mas é evidente que está incomodada.
— Eu não estava exatamente preparada para essa viagem, OK? — responde ela, tentando se defender, mesmo que a frustração se revele em sua voz. — Peguei o que tinha à mão, sem pensar muito.
Victor deixa os papéis de lado, ainda com aquele sorriso malicioso. Ele não deixa de observar o pijama por mais um segundo.
— Tudo bem, sei que a viagem foi inesperada. Mas, honestamente, não imaginava que você tivesse um pijama… tão marcante.
— Não sabia que o senhor acordava tão cedo — rebate Marina, desviando o olhar, com o desejo de sair correndo para trocar de roupa.
— Espera! — ele pede, percebendo o constrangimento dela. Sua voz assume um tom autoritário que a faz parar. — Vem até aqui.
— Me deixa trocar de roupa primeiro — argumenta, com o rosto ainda corado.
— Não precisa, loirinha. Eu já vi o pijama e o seu corpo também — alfineta. — Nada vai mudar isso — diz ele, encarando-a diretamente, deixando os seus olhos cravados nos dela.
Apesar do embaraço, Marina decide atender ao pedido dele. Ela se senta na cadeira vazia da varanda e tenta se concentrar na vista ao redor, embora sinta que a escolha daquele pijama tenha sido um convite para as provocações de Victor.
— Bom, pelo menos estou confortável — rebate, tentando recuperar algum controle sobre a conversa, cruzando os braços de maneira defensiva.
— Claro, quase nu, até eu ficaria à vontade — Victor concorda, ainda com o sorriso no rosto, mas agora seu tom é quase brincalhão.
Enquanto isso, Victor exibe uma elegância inegável com seu pijama, composto de uma camisa de seda azul-marinho de manga curta, com botões discretos e gola clássica. A calça, igualmente refinada, completa a imagem de um homem sofisticado, enquanto Marina, com seu pijama descontraído, sente-se uma adolescente despreparada.
— Não esperava te ver acordada tão cedo — comenta Victor, mudando o foco da conversa.
— Nem eu — murmura, ainda um pouco abalada.
— Me adiantei e pedi o nosso café. Tinha alguma exigência? — ele pergunta, casualmente.
— Não, eu como o que for servido — responde ela, olhando novamente para a vista.
— Após o café, podemos revisar o caso. O que acha?
— Claro, senhor Ferraz.
— Me chame de Victor, pelo menos enquanto estivermos aqui no apartamento — sugere, com um tom mais informal.
— Não acho que seja uma boa ideia sermos tão informais — comenta, tentando manter uma distância profissional.
— Está com medo, loirinha? — ele pergunta, com seu tom provocador habitual.
— Medo? E de quê exatamente? — responde, devolvendo a provocação com o mesmo tom.
Victor solta uma risada baixa, divertindo-se com a troca.
— Parece que o café chegou — diz ela, tentando controlar o alívio.
— Finalmente — responde Victor, levantando-se lentamente.
Marina vai até a porta e pega o pacote do café que o entregador deixara. Algo, no entanto, a faz parar. A embalagem parece ter sido alterada, como se tivesse sido aberta e depois fechada novamente. O desconforto que sente aumenta quando percebe um pequeno pedaço de papel dobrado junto ao pacote.
Ela o abre e as palavras, escritas de forma grosseira e apressada, a fazem gelar:
“Voltem para casa antes que seja tarde demais.” O coração dela dispara, suas mãos tremem levemente. Ela olha em volta, tentando encontrar algo suspeito, mas não vê ninguém.
— O que foi? — pergunta Victor, percebendo a mudança em seu rosto. Ela se vira devagar, com o bilhete ainda em suas mãos. O medo e a preocupação estão claros em seu olhar, e pela primeira vez, o sarcasmo na voz dela desaparece completamente.
— Victor… a embalagem foi alterada, e... — estende o bilhete, com voz carregada de tensão. — Olha isso.
Victor pega o bilhete e seu semblante imediatamente muda. O sorriso sarcástico se desfaz e sua expressão se torna sombria enquanto lê as palavras.
— “Voltem para casa antes que seja tarde demais”? — repete, com a voz agora fria e controlada.
— Quem poderia estar nos ameaçando assim? — Ela pergunta, tentando conter o medo crescente.
— Não sei… mas alguém já sabe que estamos aqui e claramente não quer que continuemos.
Victor amassa o bilhete em sua mão, com olhos focados e determinados.
— Parece que nosso caso irá incomodar mais gente do que imaginávamos — diz ele, observando os olhos azuis da moça visivelmente assustados.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...