Um chefe irritante e irresistível romance Capítulo 260

O dia do julgamento de Joana e Xavier Ferraz começa com uma atmosfera pesada, carregada de tensão e expectativa. A notoriedade do caso atraiu a atenção de todo o país, e a transmissão ao vivo do julgamento em uma emissora de TV apenas intensifica o sentimento de exposição e humilhação que Joana tanto tentou, sem sucesso, controlar.

Na sala de espera do tribunal, ela está sentada em uma poltrona de couro, com os olhos inchados de tanto chorar. Suas mãos, que estão algemadas, tremem ao segurar um lenço que mal consegue conter as lágrimas que insistem em escorrer.

A roupa de cor bege, padronizada e sem adornos, denuncia a nova realidade dela. Antes acostumada a trajes de alta-costura e joias que refletiam sua posição social, agora ela veste o uniforme que simboliza sua condição de presidiária. O tecido áspero e simples contrasta com o luxo que sempre a envolveu, enquanto a ausência de maquiagem e acessórios expõe sua vulnerabilidade. O olhar abatido e a postura curvada revelam o peso da humilhação que ela carrega, marcada pela queda de um pedestal que ela própria construiu. Conhecida antes por ser uma glamorosa socialite, agora enfrenta a dura rotina de uma vida atrás das grades, longe dos holofotes.

— Eu não vou suportar isso, doutor Marques — lamenta, encarando o advogado com um olhar perdido e desesperado. — Como não conseguiu evitar que essa transmissão fosse permitida?

Pergunta com a sua voz soa rouca, resultado do pranto incessante que a acompanha há muitos dias.

O advogado, um homem experiente, de cabelos grisalhos e expressão impassível, respira fundo antes de responder.

— Senhora Ferraz, eu realmente fiz tudo o que estava ao meu alcance. Apresentei apelações, recorri às instâncias superiores, mas a decisão foi mantida. Este caso é de interesse público, e a justiça decidiu que deveria ser transparente.

Apertando o lenço com força, a frustração dela transborda.

— Interesse público… — repete com desdém, quase cuspindo as palavras. — Eles querem apenas uma novela ao vivo, um espetáculo. Eu me tornei um circo para essas pessoas. Sinto que estou sendo motivo de chacota de milhares de pessoas! — exclama, subindo o tom de voz em indignação.

Ela faz uma pausa, inspirando profundamente antes de continuar com mais amargura.

— Até as minhas amigas, doutor. Aquelas que juravam estar ao meu lado, que me elogiavam e diziam que eu era um exemplo… viraram as costas para mim. Acredita nisso? — Ela ri com sarcasmo, enquanto lágrimas frescas surgem. — Nesse tempo que fiquei reclusa, nenhuma delas apareceu para me visitar. Nenhuma!

O advogado a observa com empatia moderada, sabendo que qualquer tentativa de consolo seria inútil naquele momento.

— Infelizmente, senhora, são nesses momentos de dificuldade que descobrimos quem são os verdadeiros amigos.

Joana fica em silêncio por um instante, como se ponderasse aquelas palavras. Finalmente, murmura com a voz cortada:

— Sim… e descobri que não tenho nenhum.

Ela baixa a cabeça, pressionando o lenço contra os olhos, tentando esconder a vulnerabilidade que tanto evitou mostrar ao longo da vida. O nó na garganta cresce, mas ela o engole, transformando sua tristeza em raiva.

— Logo eu, que fiz tanto por todas elas… — continua, agora cheia de rancor. — Malditas… ingratas. Não passam de oportunistas que sugaram tudo o que podiam de mim. Agora que estou no chão, me deixam para ser devorada.

O advogado ajeita os óculos e responde com um tom moderado.