Ao entrar no quarto, Victor se senta na beira da cama e, com um gesto rápido, afrouxa a gravata, soltando um suspiro pesado. A conversa dos filhos ainda ecoa em sua mente, deixando-o visivelmente incomodado.
— Onde já se viu… — murmura para si, balançando a cabeça em descrença. — A minha menininha apaixonada?
Franzindo a testa, ele se levanta e caminha lentamente até o banheiro, sentindo o peso da preocupação nos ombros. Retira a roupa com movimentos automáticos, como se tentasse se livrar dos pensamentos incômodos junto com as peças de vestuário. Tudo o que deseja é que a água quente do banho leve consigo aquela inquietação que teima em não deixá-lo em paz.
Após alguns minutos no banho, Victor sai, sentindo o calor da água amenizar levemente suas preocupações. Caminha até o closet, vasculhando as prateleiras em busca de algo confortável e informal. Escolhe uma calça jeans preta e uma camisa de manga curta azul, vestindo-se com rapidez.
Ao retornar ao quarto, encontra Marina, que acaba de entrar. Ela está deslumbrante, com os cabelos sedosos caindo suavemente sobre os ombros e uma maquiagem impecável, realçando ainda mais a beleza atemporal que os anos não foram capazes de apagar.
— Chegou cedo — observa ela, com um sorriso discreto ao vê-lo já pronto e de banho tomado.
— Sim, cheguei… — ele responde, aproximando-se e depositando um beijo suave em seus lábios. — Mas, sinceramente, preferia não ter chegado.
Marina franze a sobrancelha, intrigada.
— Por quê? — pergunta, analisando-o com curiosidade.
— Encontrei as crianças brigando e quando perguntei o motivo, o Arthur disse que a Amelie está apaixonada por alguém — confessa, fazendo uma careta que evidencia o quanto aquela conversa o incomoda.
— Apaixonada? — Marina sorri, refletindo sobre a situação.
— Por que você está rindo? — ele questiona, com a expressão séria e ligeiramente irritada.
— E por que você não está? — ela rebate, observando o semblante tenso do marido. — Amor, eles não são mais crianças. Era só uma questão de tempo para isso acontecer.
— Não me venha com essa conversa, está me ouvindo? — resmunga Victor, cruzando os braços. — A Amelie é a minha princesinha, e eu vou protegê-la de tudo e de todos.
— Ai, amor, para com isso! — Marina toca o ombro dele suavemente. — Eu sei que, para você, ela sempre será sua princesinha, mas ela já tem dezesseis anos. Não se esqueça disso.
— Como posso esquecer? — murmura, com um suspiro frustrado.
— E o que você disse quando o Arthur soltou essa bomba? — pergunta Marina, divertida, já imaginando a reação exagerada do marido.
— O que acha que eu disse? — ele responde, indignado. — Falei que não queria saber dessas coisas, que nessa idade o foco deve ser apenas nos estudos e nada mais.
Ela estreita os olhos azuis, claramente insatisfeita com a resposta.
— Você acha mesmo que essa é a melhor abordagem? — questiona, enquanto sua voz ganha um tom mais firme.
— O que você queria que eu dissesse? “Vá em frente, filha, e viva o amor?” — ironiza, jogando as mãos para o alto.
— Não, Victor! — rebate, nervosa. — O que quero é que você converse com ela de forma compreensiva, pergunte o que realmente está acontecendo. Você não pode simplesmente se fechar como um pai autoritário que não escuta. Se agir assim, nenhum dos dois confiará em você, e um dia vão começar a esconder as coisas. É isso que você quer?
Suspirando, pensativo, ele responde.
— É claro que não.
— Ótimo. Então, da próxima vez, pense antes de sair assustando nossos filhos — conclui Marina, levantando-se decididamente.
— Aonde você vai? — ele pergunta ao vê-la abrir a porta do quarto.
— Vou conversar com a nossa filha e entender o que está acontecendo de verdade — revela, saindo com passos firmes.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...