Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 289

Com os ombros eretos e um olhar calculista, Victor enxerga na resposta do rapaz uma oportunidade perfeita para aprofundar o interrogatório.

— Já que mencionou o seu pai e a profissão dele, me diga também o que a sua mãe faz. — Sua voz soa tranquila, mas há um tom de análise subjacente.

Endireitando a postura, Daniel responde prontamente, apesar do nervosismo que ainda sente:

— Minha mãe trabalha como secretária no consultório do meu pai e também administra uma ONG que cuida de pessoas em situação de rua.

Arqueando ligeiramente uma sobrancelha, Victor se mostra surpreso com a resposta. Por um instante, a rigidez em sua postura suaviza, mas a expressão séria em seu rosto permanece intacta, estudando cada detalhe do jovem à sua frente.

— Isso é interessante… — murmura, cruzando os braços. — Talvez devêssemos conhecer os seus pais também.

Daniel assente rapidamente, como se quisesse garantir sua aprovação.

— Claro, senhor. Tenho certeza de que eles ficarão muito felizes em conhecê-los.

Victor não perde tempo.

— Ótimo. Então, vamos marcar um jantar aqui amanhã.

Piscando algumas vezes, Daniel fica surpreso com a rapidez da decisão, mas antes que possa responder, Arthur intervém, descrente:

— Já?

Encarando o filho com naturalidade, Victor responde:

— Sim, por que não? — retruca, inclinando a cabeça levemente. — Esse rapaz está interessado na sua irmã, então acho que devemos conhecer os pais dele. Não acha?

Arthur solta um suspiro, mas não discorda.

— Eu concordo, senhor — diz Daniel, mantendo a compostura, embora por dentro já comece a se preocupar com o jantar inesperado. — Mas, já que o foco é a Amelie, quero que saiba que as minhas intenções com ela são as melhores.

— O inferno é repleto de pessoas com boas intenções — declara Victor, com o olhar frio.

Mesmo com a indireta do homem, Daniel não se mostra abatido e continua.

— Sei que, por não me conhecer, o senhor pode ter várias impressões a meu respeito, mas quero deixar algo bem claro, senhor Ferraz. — Daniel inspira fundo, reunindo coragem antes de continuar. — Eu não estou brincando com a sua filha. Meus sentimentos por Amelie são sinceros e profundos, e é por isso que estou aqui, pedindo sua permissão para levar essa relação adiante de maneira honesta. Não quero nada às escondidas, muito menos… — Ele faz uma breve pausa, buscando as palavras certas enquanto encara o homem à sua frente. — Muito menos desrespeitar a confiança da sua família. Quero fazer tudo da maneira certa.

Percebendo a seriedade no olhar do rapaz, Victor se remexe discretamente na poltrona. Algo na convicção de Daniel o incomoda, talvez o fato de que ele realmente parecia estar falando a verdade.

Com um suspiro pesado, Victor decide ser direto:

— Vou ser muito sincero com você, rapaz. — Sua voz sai firme, carregando a autoridade natural de um pai protetor. — Eu nunca quis que nenhum dos meus filhos começasse a vida amorosa tão cedo, especialmente enquanto ainda estão estudando. Mas… ninguém manda no coração, não é mesmo?

Daniel mantém o olhar respeitoso e atento, sem desviar um segundo sequer.

— Só espero que esse relacionamento não atrapalhe os estudos nem as metas de vida da minha filha. — Victor finaliza, estreitando os olhos, como se tentasse ler qualquer hesitação na expressão do jovem à sua frente.

Sem vacilar, Daniel responde com convicção:

— O senhor tem minha palavra. Serei o primeiro a incentivar a Amelie a focar nos estudos e a buscar o melhor para o futuro dela.

Antes que Victor possa dizer algo mais, o barulho de passos se aproxima. Amelie surge no cômodo com um sorriso radiante, os olhos brilhando de emoção. Ela estava ouvindo tudo do canto da porta e, só de saber que o pai aceitava o relacionamento, um alívio imenso toma conta de seu peito.