Para evitar qualquer risco, como o que aconteceu no café da manhã, Victor e Marina decidem parar em um restaurante e pedir comida para levar.
Como precisariam esperar um pouco, os dois se acomodam no carro, estacionado em frente ao estabelecimento, e aguardam.
— Se comprarmos algumas coisas, posso cozinhar para o jantar nos próximos dias — comenta Marina, casualmente.
— Eu não sei o que é mais perigoso: comer a comida adulterada ou o que você poderia preparar na cozinha para mim — Victor ironiza, com um leve sorriso provocador nos lábios.
Ela revira os olhos, tentando ignorar o sarcasmo, e se ajeita no banco do carro. O cansaço começa a pesar em seu corpo, resultado de um longo dia sem descanso.
— Aí que você se engana, eu sei cozinhar muito bem — responde ela, com um toque de orgulho na voz.
— Engraçado… Achei que uma mulher como você não perdesse tempo na cozinha — Victor solta, ainda com seu tom provocativo.
Essa não era a primeira vez que ouvia a expressão “uma mulher como você” sair da boca de Victor. Incomodada, ela se vira para ele, com as sobrancelhas arqueadas e o tom desafiador.
— O que quer dizer quando fala “uma mulher como eu”?
— Achei que você soubesse — responde ele, sem sequer tentar suavizar o tom.
— Se eu soubesse, não estaria perguntando — retruca, com a voz firme.
— Você frequenta lugares caros e exclusivos, e, além disso, chegou ao Rio com uma mala de grife que custa uma fortuna. Portanto, não parece o tipo de pessoa que goste de perder tempo na frente de um fogão.
Ela gargalha, surpresa com a visão que Victor tem dela. Sua risada ecoa pelo carro, o que faz Victor franzir o cenho, incomodado.
— Então, essa é a opinião que você tem sobre mim? — pergunta, com um sorriso irônico ainda no rosto.
— E há outra opinião para ter? — rebate, visivelmente confuso. — Quando questionei sobre sua presença no museu, você se esquivou de me responder.
— Não me esquivei — corrige, seu tom se torna mais sério. — Apenas disse que minha vida pessoal fora do expediente não era da sua conta.
— E custava ter esclarecido? — insiste, subindo de tom.
— Por que eu deveria me justificar para você, Victor? O que isso mudaria na minha vida?
A resposta dela parece atingir Victor de surpresa. Ele a encara por alguns segundos, até que diz, com um misto de frustração e algo mais que tenta esconder:
— Mudaria a maneira como eu te enxergo.
— Desculpa, mãe. O dia foi bem corrido, fiquei ocupada com o trabalho.
— Eu entendo, querida. Mas você sabe como é, não consigo evitar a preocupação. Quando você for mãe, vai me entender.
— Pelo jeito, isso vai demorar — brinca, soltando uma risadinha cansada. — Nem um namorado tenho, mãe.
— Ah, querida, o Sávio gosta tanto de você… Tenho certeza de que, se der uma chance, vocês se casarão logo.
Marina suspira, pensativa.
— Mãe, eu gosto do Sávio, mas não posso me comprometer assim. Meu objetivo sempre foi tirar vocês dessa vida de tanto trabalho, e casar com ele significaria continuar do mesmo jeito. Eu já disse que esse não é o futuro que quero para mim.
— Ai, filha… Entendo suas ambições, mas o amor também é importante. Se você não der uma chance para o amor, pode acabar se arrependendo.
— Eu sei, mãe. Mas, sinceramente, minha prioridade agora é minha carreira. Quero crescer profissionalmente e, para isso, estou disposta a renunciar a outras coisas.
— Mesmo que isso te custe o amor da sua vida?
— Mesmo que isso me custe tudo, mãe — responde Marina, com uma firmeza que até ela mesma se surpreende.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...