Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 30

A determinação de Marina deixa Daniela um pouco assustada. Ela sempre soube que a filha, desde pequena, dizia querer ser alguém importante na vida e que sair daquele bairro era um de seus maiores sonhos. No entanto, agora que vê a firmeza nas palavras da filha, a dúvida lhe corrói: a que custo conseguirá alcançar esse sonho?

— Sei que você está fazendo isso pensando em nós, mas lembre-se de uma coisa, querida — diz Daniela com um tom suave, mas preocupado. — Nem eu, nem seu pai, nos perdoaríamos se soubéssemos que você está sacrificando sua felicidade pela carreira.

— Não é só uma carreira, mãe. É um sonho — rebate, com voz firme, mas carregada de emoção. — Quero morar numa casa confortável, num bairro seguro. Quero ver vocês, meus pais, vivendo dias comuns, sem preocupações, presentes. Cresci vendo vocês trabalharem duro, renunciando aos momentos de lazer comigo, apenas para que nada faltasse em casa. Eu não suporto a ideia de vocês terminarem a vida assim.

Mesmo com o peso no coração, Marina sente que aquela conversa pelo telefone é libertadora. Ao desabafar, é como se estivesse colocando para fora sentimentos que manteve reprimidos por muito tempo.

— Você vive dizendo que devo arrumar alguém e me casar, para formar uma família — continua, com a voz embargada. — Mas me diz, mãe, que tipo de mãe eu seria? Tive a sorte de crescer com vocês por perto, trabalhando ao lado de casa, mas e os meus filhos? Que imagem eles teriam de uma mãe que sai de casa quase de madrugada e só retorna à noite, todos os dias? Seria um ciclo infinito, e no final, por mais que eu quisesse garantir que nada faltasse, seria justamente a minha presença que faltaria.

Marina faz uma pausa, sentindo a voz começar a falhar, mas ela se mantém firme. As lágrimas já escorrem silenciosas por seu rosto, enquanto continua a falar.

— Talvez meus filhos não sentissem tanto a minha ausência durante o dia, se pudessem ser cercados pelo carinho e afeto dos avós, que sei que os amariam como me amaram. Mas sei que isso não seria possível, porque vocês estariam enfiados na padaria, lutando para sobreviver. — Sua voz falha de vez, dando lugar a um soluço que revela a dor que carrega em seu coração.

Do outro lado da linha, Daniela também sente o coração apertar. Sua respiração fica pesada, irregular, como se cada inspiração fosse uma batalha contra as lágrimas que teimam em cair.

— Me perdoe, filha — diz Daniela, com a voz trêmula, lutando para manter o controle. — Sempre admirei sua determinação, essa força de vontade de não se contentar com a vida que tem, mas… agora percebo que não compreendi completamente o que isso significava para você. Me sinto egoísta por não enxergar o quanto isso é importante.

Marina, ao ouvir o pedido de desculpas da mãe, sente o aperto no peito aumentar. A voz de Daniela, embargada pela emoção, chega a ela como um eco distante de tudo o que sempre quis dizer e nunca teve a coragem.

— Mãe, por favor, não chore — pede, com a própria voz embargada pelas lágrimas ainda caindo pelo seu rosto. — Eu só estou dizendo tudo isso porque amo você. Quero que você e o papai estejam ao meu lado por muitos e muitos anos. Vocês sempre fizeram tanto por mim, sempre lutaram por nossa família, e agora eu só quero retribuir tudo de alguma forma.

Daniela solta um suspiro profundo, como se estivesse tentando absorver as palavras da filha.

— Eu sei, meu amor, eu sei… mas — sua voz falha por um momento, antes de continuar — tenho medo de que, ao lutar tanto por nós, você acabe esquecendo de viver sua própria vida. Você é jovem, bonita… Deveria estar aproveitando essa fase da vida, e não carregando os fardos que deveriam ser nossos.

— Mãe, eu aproveito a vida do meu jeito. E pode ter certeza, consigo conciliar o trabalho e, quando for o momento certo, uma vida amorosa também.

Daniela dá uma risada curta, ainda com a voz embargada.

— Mas você não quer o Sávio, não é?

Marina suspira, pensando no assunto.

— Não precisa ser ele o homem da minha vida — responde. — Não posso negar que gosto muito dele, e já pensei em dar uma chance para nós dois. Mas sinto que, se eu ceder agora, ele se acomodará. Se o Sávio realmente me ama, encontrará um caminho para alinhar nossos ideais.

— E se ele não conseguir suprir suas expectativas, Mari?

Ela respira fundo antes de responder, com uma tranquilidade surpreendente.

30: Não abra a porta para estranhos 1

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