Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 35

Marina sabe que, quando Victor está daquele jeito, é impossível discutir com ele, por isso o ignora e se senta à mesa, servindo o seu jantar com um ar de falsa tranquilidade. Após colocar a comida no prato, dá sua primeira garfada, lançando-lhe um olhar provocador.

— Está satisfeito em saber que foi paranoico? — pergunta, com um tom de deboche que faz seus olhos brilharem de malícia.

Victor, sem perder o ritmo, responde com um sorriso enviesado, como se estivesse apenas esperando por essa oportunidade.

— Agora sim — ele diz, com uma leveza quase desconcertante. — Ainda bem que foi apenas paranoia minha, pois eu estava morrendo de fome — brinca, começando a se servir.

Marina estreita os olhos, tentando controlar o que realmente sente por ele, mas ainda não consegue resistir à provocação.

— Depois do que fez, confesso que estou tentada a colocar algo na sua comida — ameaça, deixando um leve rastro de ironia na voz.

Victor para por um segundo e finge um olhar preocupado, mas o sorriso permanece nos lábios.

— Não teria coragem, teria? — Ele pergunta, erguendo uma sobrancelha em um gesto que mescla dúvida e provocação.

— Não sei… — pondera, com o olhar ligeiramente desafiador. — Por via das dúvidas, é melhor não entrar mais no meu quarto, ou pregarei uma peça em você — afirma, dando outra garfada, saboreando não apenas a comida, mas também o efeito que suas palavras têm sobre ele.

Victor se diverte com o jeito dela, mesmo quando a ameaça é direta. Ele gosta da maneira como Marina mantém a compostura, misturando determinação e vulnerabilidade. As bochechas coradas dela, o olhar de indignação que sempre tenta esconder, o fascinam de uma forma que ele ainda não compreende totalmente.

— E então, Marina — rompe o silêncio, deixando a voz grave ecoar suavemente pela cozinha. — O que achou do primeiro dia de julgamento? — A pergunta parece casual, mas o tom dele é inquisitivo, revelando um interesse mais profundo do que suas palavras sugerem.

Marina, pega de surpresa pela mudança de assunto, tenta disfarçar o desconforto. Sente o peso do olhar de Victor sobre ela, penetrante e inescapável. Hesita por um instante, mordendo de leve o lábio inferior enquanto busca a resposta certa.

— Achei… interessante — responde, tentando soar neutra, mas falhando miseravelmente em esconder a admiração. Seus olhos agora permanecem fixos no prato, como se a comida fosse o objeto mais fascinante do mundo.

Victor não deixa passar despercebida a hesitação. Ele recosta-se na cadeira, observando-a com aquele meio sorriso provocador, que parece saber mais do que deveria.

— Interessante? — Ele repete, com uma dose leve de sarcasmo. — Só isso? — Seu olhar continua firme, esperando por mais, como se soubesse que Marina está tentando disfarçar seus verdadeiros pensamentos.

Marina sente o rosto esquentar e as bochechas corarem levemente, ergue a cabeça, determinada a não ceder tão facilmente. Sabe que Victor está a provocando, esperando uma resposta mais reveladora. E a verdade é que ela está impressionada, muito mais do que gostaria de admitir.

— Você foi convincente — ela acrescenta, escolhendo as palavras com cuidado, mas o brilho nos olhos a trai. — Conduziu o tribunal de uma forma bem… segura.

Victor se inclina levemente à frente, descansando os cotovelos sobre a mesa, aproximando-se um pouco mais dela. A confiança em seu olhar é palpável, e ele percebe que Marina está tentando, sem muito sucesso, esconder sua admiração.

— Segura? — Ele ri suavemente, sua voz carregada de uma autossuficiência inegável. — Gosto de pensar que sou mais do que apenas seguro. Mas aprecio o elogio. — Sua última frase sai com uma provocação sutil, deixando a voz baixa cheia de significados ocultos.

Marina solta uma risada curta, balançando a cabeça. Ele sabe exatamente como a deixar desconcertada, como evocar cada reação, sem esforço. Mas não está disposta a deixar que ele a vença tão facilmente.

— Veremos como será o resto do julgamento — diz ela, desviando o olhar, tentando fugir do contato visual intenso. Mas não consegue evitar um leve sorriso. — Talvez você me impressione mais amanhã.