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Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 39

Toda aquela conversa arranca um turbilhão de sentimentos em Marina, que mal consegue dormir. Se sua mente já estava confusa com a avalanche de emoções que a dominavam, agora sente o peso das consequências diante de si.

— Por que ele foi me ligar logo agora? — murmura, enquanto fecha a porta da varanda e entra no apartamento.

Rapidamente, ela verifica a porta de entrada e em seguida confere se as câmeras estão funcionando.

Cansada mentalmente, decide se deitar, deixando o telefone ao lado, na esperança de ouvir caso Victor ligue ou precise de algo. Mesmo com o corpo exausto, a mente de Marina continua a vagar, dominada por pensamentos confusos e sentimentos que não consegue afastar.

“Você precisa reagir, Marina”, pensa, fechando os olhos e tentando relaxar, embora o coração continue acelerado.

[…]

Enquanto dirige até o hospital onde Raul está, Victor pensa na jovem loira que deixou em seu apartamento. Seu corpo ainda responde ao calor dos momentos que compartilhou com ela. Não pode negar que a sensação foi mais intensa do que esperava, mas deve manter o foco. Havia um propósito maior em tudo aquilo.

Tentando afastar Marina de sua mente, ele se força a concentrar-se no caso de Raul. Precisa traçar uma estratégia para garantir que Fernando Albuquerque, o principal suspeito dos ataques, seja preso rapidamente.

Ao chegar ao hospital, Victor se dirige à recepção e obtém o número do quarto de Raul. No corredor, ele avista um segurança atento, postado em frente à porta, armado.

— Como ele está? — pergunta Victor, tentando manter a voz controlada.

— Ainda assustado, senhor Ferraz. Foi por pouco… — responde o segurança, com um olhar sério. — Se eu não estivesse por perto, o atirador teria se aproximado e terminado o serviço. Pelo jeito, ele foi bem pago para isso.

Victor respira fundo, seus olhos escurecem com a tensão. Ele aperta o ombro do segurança.

— Bom trabalho. Raul precisa de pessoas como você ao lado dele. Fique alerta e saiba que, não importa quanto te ofereçam para trair seu chefe, Raul te pagará o dobro para ser leal. — A voz de Victor carrega uma mistura de firmeza e advertência.

Após a conversa, entra no quarto, encontrando Raul ao telefone, visivelmente abalado. Ao ver Victor, Raul se despede da esposa e coloca o celular de lado.

— É bom te ver, Victor — diz Raul, tentando disfarçar o nervosismo enquanto se ajeita na cama.

— Digo o mesmo — responde, observando o arranhão no braço de Raul, causado pela bala que passou de raspão. — Ainda bem que foi apenas um arranhão.

— Foi por pouco… mas tenho certeza de que ele não vai parar até conseguir me silenciar — Raul confessa, com a voz trêmula, deixando o medo evidente.

— Não se preocupe. Vou mandar você e sua família para um lugar seguro até que Fernando seja preso — promete Victor, com uma expressão séria.

— Acha que isso acaba quando ele for preso? Você sabe como a justiça funciona no nosso país… — Raul questiona, com a preocupação clara em seus olhos.

— Sei disso, mas provar sua inocência é o primeiro passo para garantirmos sua segurança e justiça. — Victor fala com convicção, embora, no fundo, a sombra da incerteza o atinja.

Raul reflete por um instante, suspirando.

— Com isso, conseguirei meu passaporte de volta. Assim que tudo acabar, sairei do país com minha família.

— Obrigado, Victor. Você nunca desapontou um cliente seu, e não será agora.

Victor aperta a mão de Raul, antes de sair do quarto para fazer as ligações necessárias.

Ele permanece no hospital até garantir que Raul e sua família estejam em segurança no hotel. Só após acompanhar todo o processo, ele volta para seu carro, sentindo o peso da responsabilidade começar a aliviar.

Já é madrugada, quando o trabalho termina, e Victor finalmente pode dirigir de volta para casa. Mas seus pensamentos retornam à Marina. O que será que ela está fazendo? Será que continua acordada, o esperando?

“Espero que sim”, ele pensa, sentindo o corpo subitamente tomado por uma ansiedade inesperada.

À medida que se aproxima de seu prédio, o ritmo acelerado de seu coração não passa despercebido. Algo nele mudou, como se estivesse a caminho de um encontro há muito aguardado. As mãos no volante estão tensas, as veias saltadas revelam a intensidade do momento.

Quando chega na garagem, sai do carro rapidamente, quase correndo em direção ao elevador. A subida até seu andar parece uma eternidade. Ele está visivelmente tenso, com os ombros rígidos e o semblante carregado. Move o pescoço de um lado para o outro, lentamente, como se tentasse aliviar a pressão acumulada. Cada movimento é pesado, quase forçado, como se estivesse prestes a estalar algo, buscando, em vão, um alívio imediato para a apreensão que se espalha por seu corpo.

Ao abrir a porta do apartamento, o silêncio o recebe. Marina, aparentemente, já está no quarto.

Ele se dirige ao seu, tirando as roupas rapidamente e indo direto para o chuveiro. A água fria não é suficiente para acalmar sua mente inquieta. Após o banho rápido, com uma toalha amarrada à cintura, caminha em direção ao quarto de Marina. Mas ao tentar abrir a porta, sente a primeira frustração da madrugada.

A porta está trancada.

— Só me faltava essa… — murmura, engolindo, em seco, o desejo misturado à frustração.

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