Na sala da casa, Marina começa a conversar com o pai num tom meio nervoso, como se estivesse com medo de que ele soubesse o que ela estava fazendo naquele exato momento.
— Pai, que surpresa — diz ela.
— Oi, querida, bom dia, como você está?
Ainda eufórica pelo que estava acontecendo alguns segundos antes, Marina responde:
— B-bem, estou bem — sua voz sai trêmula.
— Aconteceu alguma coisa? — questiona José, preocupado ao perceber o tom de voz da filha.
— N-não, não aconteceu nada — responde ela, lançando um olhar em direção à cozinha, onde vê Victor parado com as mãos na cintura, olhando para ela com uma expressão nada satisfeita. Deixando-o de lado, Marina caminha até a varanda e se senta em uma das cadeiras, buscando se acalmar. — E o senhor, como está? Não é comum me ligar pela manhã, já que esse é o horário mais movimentado da padaria.
— Eu sei, minha filha, mas estou com tantas saudades que não resisti. Quando você liga, sempre conversa mais com sua mãe e parece que se esquece de mim.
— Para com isso, papai. Sabe que é o homem da minha vida, nunca vou esquecer do senhor — responde, tentando animá-lo.
José sorri, satisfeito com as palavras da filha.
— Você está ocupada? — ele pergunta.
— Para o senhor, nunca estou ocupada — declara ela.
— Que bom, meu amor. É que ontem eu estava vendo televisão e seu chefe apareceu no noticiário.
— Sério? — Marina pergunta, surpresa.
— Sim, eles estão falando sobre o caso de corrupção e desvio de verbas que ele está defendendo. Vi até uma entrevista com o Victor Ferraz. Ele é mesmo um homem importante, não é, Marina? Fala tão bem que nem acredito que tivemos o privilégio de tê-lo jantando conosco.
A voz orgulhosa de José revela a admiração que Victor já conquistou.
— Sim, ele é — admite Marina, sem esconder a verdade, lembrando-se de como ele a surpreendeu no tribunal. — Victor e o irmão são alguns dos advogados mais prestigiados do país, e o escritório em que trabalho é um dos mais renomados.
— Que sorte a sua de poder estar ao lado de grandes profissionais. Tenho certeza de que você aprenderá muito com eles.
— O senhor tem razão, Victor está muito disposto a me ensinar… algumas coisas — ela sussurra, olhando novamente na direção da cozinha, mas sem conseguir ver Victor.
— Aproveite as oportunidades, Mari. Sei o quanto você se esforçou para chegar até aqui. Sua determinação vai te levar longe. Um dia, quem sabe, será você a dar entrevistas na televisão.
— Deus te ouça, pai. Tudo o que quero é reconhecimento — comenta ela, com o pensamento distante, refletindo sobre as oportunidades que o escritório Ferraz pode proporcionar.
— Você vai conseguir, Mari. Só precisa manter o foco.
As palavras do pai fazem os olhos de Marina se arregalarem. Ela percebe que o que estava prestes a fazer com Victor não tinha nada a ver com seu foco. O que ele pensaria depois? Não poderia se deixar ser tão fácil para um homem que se mostrou cafajeste várias vezes. Sentindo um peso na consciência, ela apenas concorda com o pai.
— O senhor tem toda a razão, não posso deixar que coisas triviais mudem o meu foco.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...