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Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 42

Enquanto está na cozinha, Victor observa Marina sair dali para atender o telefone. Ela só tinha uma missão: dizer ao pai que não poderia falar naquele momento por estar ocupada. Mas, ao contrário, senta-se na varanda e começa a conversar livremente, como se tivesse todo o tempo do mundo.

Nervoso, Victor caminha até a pia da cozinha e lava o rosto, tentando, fracassadamente, aliviar o que está sentindo naquele momento. Ele percebe que Marina está jogando com ele e que já é a segunda vez que cai como um bobo nesse jogo.

— Isso não vai ficar assim — sussurra, saindo da cozinha e observando-a sorrir ao telefone, sentada na varanda.

Victor caminha em direção ao seu quarto e, ao entrar, deixa a raiva dominá-lo.

— Ah, loirinha, você me paga — murmura, sentindo o cheiro do perfume de Marina impregnado em sua roupa enquanto a tira para entrar no banho. Mais uma vez, precisa deixar que a água gelada o alivie.

Após se refrescar debaixo do chuveiro, ele se senta na cadeira de seu escritório no quarto e começa a revisar os papéis. Não pode deixar que uma simples funcionária o tire do sério, afinal, é ele quem costuma jogar com as pessoas, não o contrário.

O julgamento entraria no segundo dia, e depois da tentativa de assassinato de seu cliente, ele precisava ser ainda mais cauteloso. Pelas ameaças que ele e Marina receberam, sabia que ambos estavam em constante perigo. Victor analisa a defesa que usará no dia, sabendo que poderá incluir as provas das ameaças.

Ele se concentra em seu trabalho e o tempo passa. Ainda assim, Marina não aparece, o que o deixa ainda mais irritado.

Uma leve batida na porta chama a sua atenção. Ele olha o relógio e vê que Marina demorou exatamente quarenta e cinco minutos ao telefone.

— Entre — ordena, com a voz fria e distante.

Quando Marina entra, Victor nota que o semblante dela está sério, o que o incomoda um pouco. Ele sente que as intenções dela mudaram e, para não parecer um idiota pela terceira vez, decide deixar de lado qualquer tentativa de fazer algo com ela naquele momento.

— Desculpa a demora, decidi tomar café antes — ela explica.

Victor remexe na cadeira, mas não responde. Ele coloca duas pastas diante dela e explica:

— Revise isso — ordena com sua voz cortante.

Marina também percebe que Victor mudou de atitude. E, embora não goste de vê-lo tão frio, prefere que seja assim.

— Tudo bem.

Os dois trabalham em silêncio, e Marina só sai do quarto quando termina o seu trabalho.

A sala do tribunal permanece em silêncio enquanto Victor encara a testemunha, mas o verdadeiro alvo da pergunta, Marina, sente o impacto das palavras. Cada frase parece ter um peso maior, como se ele estivesse se referindo à noite anterior, à porta trancada e ao café da manhã que ficou inacabado entre eles.

Marina engole em seco, tentando disfarçar o incômodo. Ela sabe que a indireta é para ela, que Victor está usando o tribunal e o julgamento como um palco para expressar sua frustração de uma forma que só eles dois compreendem. Ele não apenas está interrogando uma testemunha, está falando diretamente com ela, deixando claro que, em sua visão, ela o havia “deixado na mão”.

A testemunha responde algo técnico sobre deveres negligenciados, mas Victor continua, como se não tivesse terminado:

— E o que você diria sobre quem se esconde atrás de desculpas quando deveria enfrentar os fatos de frente? — Ele lança mais uma breve olhada em direção à Marina, sua voz carrega uma intensidade controlada, antes de encerrar finalmente a pergunta.

Victor continua a sustentar sua defesa com precisão. A cada palavra, ele parece mais determinado a ganhar o caso, mas também, de certa forma, a lembrá-la de sua insatisfação. Seu tom de voz nunca oscila, mas há uma certa rigidez em seu comportamento, especialmente quando fala diretamente ao juiz, como se quisesse extravasar sua frustração de uma maneira sutil.

Durante uma pausa no julgamento, Victor finalmente se aproxima da mesa de apoio onde Marina está. Ele se abaixa, como se fosse pegar alguns papéis, mas sussurra algo que só ela pode ouvir:

— Hoje à noite não haverá nenhuma desculpa, está me ouvido? Juro que, se algum celular tocar no momento em que estivermos juntos, vou lançá-lo pela varanda — a voz dele é baixa, mas há uma ameaça velada ali, e o olhar duro que lança sobre ela apenas intensifica a tensão.

Marina não responde, apenas mantém o olhar fixo nos documentos à sua frente, tentando ignorar o nó de nervosismo que se forma em seu estômago.

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