O trabalho não para. Cada hora que passa, os dois ficam mais concentrados no que fazem e apenas beliscam o jantar. Além de imprimir as cópias, precisam organizá-las nas pastas corretas. Quando o relógio marca quatro e meia da manhã, finalmente concluem tudo. Os dois estão exaustos.
— O julgamento começa às nove, então é melhor dormirmos um pouco — Victor diz, tirando o roupão e revelando sua cueca box branca. Em seguida, se deita na cama. Marina fica estática diante daquela cena.
Ele é o homem mais lindo e perfeito que já viu na vida, mas jamais admitiria isso em voz alta.
— Vem! — ele a chama, vendo-a paralisada ali, à sua frente.
— Não tem outro lugar para eu dormir? — ela questiona, sentindo o nervosismo começar a crescer.
— Não se preocupe, não tocarei em você. Precisamos estar acordados antes das oito.
— Mesmo assim, não me sinto à vontade — insiste.
— Sei o que está pensando, loirinha, mas acredite, a pessoa menos à vontade aqui sou eu. Dormir com uma mulher pela primeira vez e não poder fazer nada é um desafio — confessa, com uma pontada de ironia.
Ela engole seco com aquela revelação.
— Promete mesmo que não fará nada? — sua voz é tensa, carregada de medo e ansiedade. — Victor, eu não estou preparada para isso…
Ele a interrompe, mais sério do que o habitual.
— Já disse que não farei nada, OK? — Victor se levanta, ficando de joelhos na cama. Aquilo dá a Marina uma visão frontal de tudo o que ele está reprimindo, deixando evidente que ela tem um “grande” problema para enfrentar. Ela engole em seco e começa a suar, mesmo com o ar condicionado ligado. Victor estende a mão para ela, tentando passar confiança.
— Vem!
Com as mãos trêmulas, Marina respira fundo antes de aceitar finalmente a mão de Victor, que a puxa com suavidade para a cama. Ela está nervosa, seu corpo inteiro está tenso, mas a exaustão começa a pesar mais que o medo. Ele a coloca ao seu lado na cama, deitando-se em seguida.
— Relaxa, loirinha — diz ele, com a voz mais suave do que antes, tentando diminuir o nervosismo no ar. — Precisamos dormir. Temos um dia longo pela frente. Eu te desejo, mas por ser tão eficiente, te dou uma trégua. Pode fechar os olhos com segurança, o lobo mau não vai te devorar… pelo menos, não essa noite — sua última frase sai com um tom de humor irônico, como se quisesse aliviar o clima, mas parece que não deu muito certo.
O cheiro de seu perfume continua a provocá-lo, mas ele respeita o momento. Eles precisam dormir. As próximas horas exigirão toda a sua concentração. Além disso, por mais que quisesse, não é do tipo que força algo. Ele gosta de controle, mas também sabe haver momentos certos para cada coisa.
Com uma última respiração profunda, ele solta um suspiro. O corpo dela começa a relaxar também, o que faz Victor se sentir mais tranquilo. Ele afunda o rosto ainda mais no pescoço de Marina, deixando os lábios tocarem levemente sua pele, apenas como um gesto sutil de carinho. Sua mente começa a se apagar lentamente, o cansaço finalmente se sobrepõe à tentação.
Enquanto o corpo de Victor relaxa, Marina permanece tensa, embora menos do que antes. O calor do corpo dele ao seu redor é uma mistura de conforto e desconforto. Cada vez que ele mexe a cabeça ou ajusta o braço, ela sente o coração disparar novamente, como se estivesse à beira de algo inevitável. Mas, ao sentir o peso da cabeça dele em seu ombro, percebe que ele está realmente cansado.
Apesar de tudo, ela se pergunta como conseguiu se colocar naquela situação. “Victor Ferraz”, pensa, “um homem que desperta tantos sentimentos confusos em mim.” Ao mesmo tempo que sente a excitação de estar tão perto dele, a incerteza e a culpa começam a se arrastar em sua mente.
Seu corpo começa a relaxar também, rendido ao cansaço acumulado nos últimos dias, mas sua mente não. E é nesse turbilhão de emoções que Sávio surge em seus pensamentos. Ela pensa em como as coisas seriam diferentes se estivesse com ele. Sávio, com quem ela compartilha um vínculo tão diferente do que tem com Victor. O que ele pensaria ao saber que ela está agora deitada na cama de outro homem?
E então, os rostos de seus pais surgem em sua mente, trazendo consigo uma onda de culpa. “O que eles diriam se me vissem nesse exato momento?”, ela se pergunta, sentindo o peso da responsabilidade e das expectativas que eles têm dela. Sua mãe, sempre cuidadosa com suas decisões, e seu pai, tão protetor, acreditando que ela sempre seguiria o caminho certo.
Marina fecha os olhos, tentando afastar esses pensamentos, mas a culpa e a incerteza se recusam a deixá-la em paz. Ali, deitada ao lado de Victor, envolta por sua presença quente e inegavelmente atraente, ela se sente mais dividida do que nunca.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...