Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 46

Ao acordar pela manhã, Marina sente o peso dos braços de Victor em volta do seu corpo. Rapidamente, seu coração começa a bater descompassado ao entender, mais uma vez, a situação em que estava. Durante a noite, Victor não se afastou dela nem por um momento, mas ele cumpriu sua promessa: a única coisa que fizeram naquela cama foi dormir. No entanto, o calor do corpo dele, tão próximo, e o conforto da segurança que ele parecia transmitir ainda a deixavam nervosa.

Lentamente, tentando não fazer barulho, Marina tira o braço dele de cima de seu corpo, cuidando para que ele não acordasse. Com cuidado, ela se levanta da cama, pegando seu celular que estava sobre a mesa de cabeceira.

Antes de entrar no banheiro, ela lança um último olhar para Victor, que permanece na cama, dormindo profundamente. Seus traços relaxados contrastavam com a seriedade que ele sempre demonstrava quando acordado.

“Meu Deus, eu dormi com um homem… literalmente”, pensa, um tanto chocada com a situação.

Já no banheiro, ela coloca o celular sobre a pia e começa a fazer sua higiene matinal. Ao se olhar no espelho, percebe o quanto seu rosto está cansado, resultado de uma noite mal dormida. Seus olhos estão levemente inchados e o cansaço reflete em suas feições.

— Nada que uma maquiagem não resolva — murmura para si, observando no relógio que ainda são sete da manhã.

Ela começa a aplicar a maquiagem de maneira metódica, tentando se distrair dos pensamentos e emoções que dominam sua mente. No entanto, o celular, em cima da pia, começa a vibrar de repente. Ao olhar para a tela, vê o nome da mãe piscando e percebe que é uma chamada de vídeo. Marina hesita por um momento, ponderando se deveria ou não atender naquele instante.

Talvez fosse melhor não. Mas, afinal, era sua mãe e não queria deixá-la preocupada. Além disso, uma breve conversa poderia tranquilizá-la.

— Bom dia, mamãe — diz, forçando um sorriso.

— Bom dia, minha filha! — responde Daniela, com um sorriso largo, mas um tom de voz preocupado. — Senti falta da sua ligação ontem. Resolvi ligar para saber se está tudo bem. Aconteceu alguma coisa?

Marina balança a cabeça, tentando se recompor.

— Sim, está tudo bem, mãe. Desculpa não ter ligado ontem, tive alguns contratempos e o dia foi bem cheio.

— Eu entendo. E me desculpe por ligar por vídeo, é que estava com saudades de ver seu rosto — comenta Daniela, com carinho evidente na voz.

— Eu também estou morrendo de saudades, mãe — responde, ajustando o celular sobre a pia para continuar conversando enquanto finaliza sua maquiagem.

— Já está se arrumando para o tribunal? — pergunta, observando a filha.

— Sim, o julgamento começa de manhã, e se tudo der certo, terminamos tudo hoje. Não precisaremos estender para amanhã — explica Marina, tentando manter a conversa leve.

— Que bom, meu amor! — comenta, com um suspiro de alívio. — Mas que lugar chique onde você está, Mari. Esse banheiro… é enorme!

— Pois é, mãe… lembra que você me perguntou onde eu estava hospedada? Agora sei o nome do hotel: Copacabana Palace.

— O quê? O hotel dos ricos e famosos? — pergunta, boquiaberta.

— Esse mesmo! — responde Marina, sorrindo ao ver a reação da mãe.

— Minha filha, esse lugar deve ser uma fortuna! — comenta, preocupada com os custos.

— Eu sei, mãe, mas não precisa se preocupar. Victor está pagando tudo. Ele nos trouxe aqui por questões de segurança. Com tudo o que está acontecendo no julgamento, ele quis garantir que ficássemos longe de problemas — explica Marina, tentando acalmar as preocupações da mãe.

— Ele é... intenso. Mas também é muito inteligente e determinado. Aprendi muito com ele nesses dias. Só que… é difícil lidar com ele às vezes. Tem momentos que ele pode ser… intimidante — comenta, com um sorriso tímido, enquanto pensa nas interações que tem com ele.

— Imagino, minha filha, mas você é forte. Vai tirar tudo de letra — responde Daniela, sempre incentivando a filha.

A conversa continua fluindo tranquilamente, e Marina se sente mais à vontade. A mãe fala mais sobre a padaria, sobre os vizinhos e Marina, por alguns minutos, consegue relaxar. No entanto, esse breve momento de tranquilidade é interrompido abruptamente. A porta do banheiro se abre de repente, e Victor entra no ambiente usando apenas uma cueca, despreocupado e sem perceber que Marina está em uma chamada de vídeo.

— Loirinha, você viu onde deixei… — Ele começa a falar, mas para instantaneamente ao perceber que há uma chamada de vídeo em andamento. Seus olhos se arregalam por um segundo ao ver Daniela do outro lado da tela.

Os olhos de Marina também se arregalam de pavor, e seu coração dispara. Sua mãe, do outro lado da linha, está completamente boquiaberta, sem acreditar no que acaba de ver.

Victor, percebendo o constrangimento, sai rapidamente do banheiro, sem dizer mais uma palavra, fechando a porta atrás de si de maneira um tanto abrupta.

Marina fica estática, seu rosto cora intensamente de vergonha, enquanto tenta processar o que acabou de acontecer. Ela tenta organizar os pensamentos, mas está visivelmente atordoada. Daniela, do outro lado, continua em estado de choque, com os olhos arregalados e a boca entreaberta, tentando entender a cena.

Depois de alguns segundos de silêncio, Daniela o quebra finalmente, com sua voz carregada de incredulidade:

— Marina… O que está acontecendo aí? Por que acabei de ver o seu chefe entrando no banheiro de cueca?

Marina abre a boca para responder, mas as palavras simplesmente não saem. Ela está desesperada, procurando mentalmente qualquer explicação que possa parecer plausível, mas nenhuma parece boa o suficiente para justificar o que sua mãe acabou de presenciar.