Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 50

Ouvir as palavras de sua mãe faz Marina se sentir desconfortável, um misto de tristeza e revolta começa a invadi-la. Seu corpo fica tenso, enquanto a voz de Daniela ecoa, trazendo sentimentos de insegurança que não sabia ter até ali.

— Mãe, por favor, você sabe o quanto isso me deixa ofendida? — pergunta Marina, sentindo a sua voz trêmula. Ela estava magoada por dentro.

— Sim, eu sei, Mari, mas eu só estou sendo sincera com você. Eu me assustei com o que vi e pensei que vocês dois estavam… — Daniela hesita, claramente com medo de colocar seus pensamentos em palavras. — Você sabe, vocês dois… juntos.

Marina olha para a vista que tem do quarto, de uma pequena varanda, tentando conter as emoções que a dominam. Sua cabeça está a mil, e ela não sabe como lidar com a situação. A acusação implícita da mãe a machuca profundamente.

— Mãe, por favor, você sabe que eu nunca fiz nada assim na minha vida! Acha mesmo que eu entregaria a minha primeira vez para alguém que eu não amo? Pelo amor de Deus! — responde, tentando controlar a mistura de raiva e decepção.

— Sim, eu sei que nunca fez isso, Marina. Mas esse mundo em que você está metida nesse exato momento é tentador. Olha só para onde você está agora, filha! Onde é que um dia teríamos condições de sequer passar pela calçada desse hotel chique? Você também viajou de avião, outra coisa que está longe da nossa realidade. — Daniela continua, seu tom carrega preocupação.

A mente de Marina tenta processar o que a mãe está dizendo, e seu coração se aperta. Ela não quer acreditar que a mãe duvide tanto dela e de seu caráter.

— Mãe… — tenta começar a falar, mas é rapidamente interrompida.

— Ouça, Mari. Não importa o quanto você trabalhe, tem certos lugares que só se chegam quando se é nascido em berço de ouro, ou então… — hesita novamente, sua voz fica mais baixa. — Caso se envolva com um homem muito rico.

Marina sente uma lágrima solitária escorrer pelo seu rosto. A frustração toma conta, e o cansaço das últimas noites começa a pesar mais ainda. Aquela insinuação a faz sentir como se todo o esforço que ela faz para chegar onde está fosse desprezado.

— Sei que você não pensa nisso, Mari, mas você está entrando em um mundo cheio de seduções. E, infelizmente, esse mundo pode mudar a cabeça de qualquer pessoa. É só isso que me preocupa, filha. A mãe só quer o seu bem — Daniela suspira, sua voz mostra finalmente o quanto está preocupada.

— Mãe — Marina tenta conter as lágrimas e responde com um tom sério. — Estou exausta. Hoje foi um dia muito difícil, e eu não dormi direito ontem à noite. Vou resolver as coisas e descansar um pouco. A gente conversa depois, tá? — responde, sabendo que não tinha forças para continuar aquela conversa.

— Tudo bem, filha, eu entendo. Vá descansar. Mas, Marina… — a voz de Daniela soa mais forte. — Por favor, mantenha seu juízo — aconselha antes de desligar a chamada.

Assim que a ligação é encerrada, Marina solta um suspiro pesado.

“Ela não confia em mim”, pensa, e aquilo lhe causa uma dor que não consegue explicar. O cansaço emocional é tão grande que ela sente como se estivesse carregando o mundo nas costas. A mente de Marina viaja por suas memórias, e a tristeza que sente parece tomar conta de cada canto do seu ser.

— Já terminou? — a voz grave de Victor quebra o silêncio.

Marina enxuga rapidamente as lágrimas com as costas da mão e tenta recompor a postura.

— Sim — responde, mas o tom triste em sua voz é impossível de esconder.

Victor percebe a expressão abatida de Marina e se aproxima dela, com curiosidade. Ele sempre foi perspicaz em notar as emoções das pessoas, e agora, não seria diferente.

— O que aconteceu? — pergunta ele, direto, mas com um leve tom de preocupação.

— Não foi nada. Só… conversa de família. — Ela tenta sorrir, mas é óbvio que as palavras da mãe a machucaram mais do que queria admitir.

— Não parece que “não foi nada”. — A observa atentamente, e sua expressão séria mostra que ele está tentando entender a profundidade da tristeza dela. — Sua mãe continua desconfiada, não é?