Victor observa Rebecca caminhar pelo quarto com uma familiaridade que o incomoda. Ela se movimenta como se o espaço fosse seu, sem a menor preocupação em mascarar a atitude de alguém que se sente no controle.
Ele permanece em silêncio por alguns instantes, recostado na parede ao lado da porta, seus braços estão cruzados e seus olhos estão fixos na direção da saída por onde Marina havia passado rapidamente, claramente abalada. Uma irritação crescente começa a tomar conta dele, mas não pelo motivo que gostaria de admitir para si.
Rebecca, com o vestido vermelho colado ao corpo, anda lentamente pelo quarto, como se estivesse estudando cada detalhe. Seus saltos ecoam pelo chão, um som que normalmente seria sedutor, mas que, naquele momento, faz os nervos de Victor se apertarem ainda mais.
— Eu não sabia que você dava presentes para mulheres, Victor — ela comenta com desdém, ao ver a caixa recém-aberta com o nome “Christian Louboutin”. Ela levanta uma das sobrancelhas, claramente intrigada e talvez até um pouco provocadora. — Essa é nova. Sempre te conheci como um homem que não se apega a nada além de vitórias profissionais.
Victor, tentando manter a paciência, respira fundo, mas não responde imediatamente. O silêncio é pesado. Ele se aproxima da mesa onde Rebecca agora observa atentamente o pequeno jantar que estava ali preparado para ele e Marina. Sua mente volta, por um momento, ao instante em que ambos estavam quase se beijando, antes de serem interrompidos pela inesperada e indesejada visita.
— Começou a ser bem generoso, não acha? — continua Rebecca, agora pegando uma taça de champanhe na mão, como se estivesse avaliando a cena de fora. — Dando um presente caro para sua assistente… Isso não parece o Victor Ferraz que conheço. — A voz dela está carregada de um sarcasmo suave, mas Victor percebe o tom de reprovação.
Ele aperta os punhos por um momento, e seus olhos escuros queimam de irritação. A verdade é que Rebecca sempre teve um efeito desgastante sobre ele. Sempre foi diversão, um jogo de manipulação mútua, onde ambos sabiam exatamente o que estavam fazendo. Mas agora, enquanto ela continua a fazer seus comentários, Victor sente o incômodo crescer. E isso, inevitavelmente, o leva a pensar em Marina.
— O que está acontecendo aqui? — Rebecca se vira para ele com uma expressão curiosa e ligeiramente divertida, seus lábios se curvam em um sorriso que Victor agora acha quase insuportável. — Você está transando com ela? É isso? A sua assistente? — Ela ri levemente, como se a ideia fosse absurda, mas, ao mesmo tempo, permanece ansiosa para que ele confirme.
Victor se aproxima dela, com o rosto completamente sério, os olhos fixos nos dela, deixam claro que ele não está para brincadeiras. Seu tom de voz, porém, é controlado, ainda que carregado de frustração.
— Não é da sua conta, Rebecca — responde ele, cortante. — O que faço, com quem faço ou por que faço não te diz respeito. Aliás, nada sobre minha vida pessoal é da sua conta.
O sorriso de Rebecca se desmancha lentamente. Ela leva a taça de champanhe aos lábios, tomando o líquido dourado com um gesto delicado, mas claramente tentando manter a compostura diante da irritação crescente de Victor. Ela dá uma olhada em volta novamente, seus olhos passam pela mesa de aperitivos, pela caixa de sapatos e depois voltam para Victor.
— Uau, você realmente está nervoso — ela comenta, deixando o sarcasmo voltar ao seu tom. — Isso é novo. Sempre te vi como um cara frio, controlado, sem deixar que as coisas te afetassem assim. E agora, aqui está você, defendendo uma assistente com tanto fervor. — Ela inclina a cabeça, como se quisesse analisar ainda mais de perto. — Está me dizendo que tem algo a mais acontecendo entre vocês dois?
Victor cruza os braços e sua mandíbula fica tensa. Ele não é do tipo que se importa com provocações, mas o fato de Rebecca estar ali, insinuando coisas, e Marina estar lá fora, claramente chateada, faz algo ferver dentro dele.
— Eu já disse, Rebecca. Não é da sua conta — repete, mais firme desta vez. Mas agora, há algo diferente no olhar de Victor, algo que Rebecca reconhece imediatamente: ele está realmente incomodado com as insinuações.
Ela ri novamente, mas dessa vez é um riso mais nervoso. Rebecca se aproxima de Victor, tentando testar os limites, como sempre fazia. Ela toca de leve o ombro dele, inclinando-se para perto.
— Ah, Victor… Não me diga que está se apaixonando por sua assistente. Isso seria… inesperado. O grande Victor Ferraz, caído de amores por uma simples assistente. O que a sua família diria ao saber de algo assim? Conhecendo bem a sua mãe, isso seria um escândalo para ela.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...