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Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 56

Marina está à mesa da cozinha, distraída com seus pensamentos, quando ouve passos se aproximando. Ela levanta o olhar e vê Sávio entrando no cômodo. Ele parece diferente. Embora o mesmo sorriso amigável de sempre esteja presente, há algo em seu semblante que o torna mais maduro e sério do que da última vez que o viu.

— Oi, Mari — diz ele, com a voz mais profunda e firme, enquanto seus olhos a observam com um misto de curiosidade e apreensão.

— Sávio? Que surpresa — responde, sem entender o motivo de sua visita tão repentina. Uma parte dela se sente nervosa, mas, ao mesmo tempo, confortada por vê-lo.

— Seu pai me disse que você havia chegado, e eu não resisti. Precisava te ver — confessa, com um olhar que transmite mais do que suas palavras revelam.

Daniela, que observa ambos conversando, sorri ao ver o rapaz ali. Ela sabe o quanto Sávio gosta de sua filha e torce para que Marina finalmente lhe dê uma chance. Com ele por perto, se sentiria mais tranquila, especialmente depois dos dias que a filha passou no Rio, por haver algo em relação a essa viagem que ainda a perturba.

— Que tal nos acompanhar no jantar, Sávio? — sugere José, com a simpatia de sempre.

— Se não for um incômodo para vocês — diz ele, um pouco envergonhado, mas claramente feliz com o convite.

A ansiedade de ver Marina novamente havia lhe dado coragem para ir até a casa dela. Ele não queria mais perder tempo. Era agora ou nunca. Precisava expressar tudo o que sentia há tanto tempo.

— Não é incômodo algum, pode ficar tranquilo — responde Marina, alegre por vê-lo ali.

O coração dela b**e mais rápido ao perceber que a presença dele a deixa animada. Talvez mais do que ela gostaria de admitir. Enquanto jantam, os quatro conversam sobre o tempo, as novidades e as experiências de Marina no Rio de Janeiro. O jantar flui com naturalidade, e as risadas e histórias tornam o ambiente acolhedor. Quando a refeição termina, José e Daniela trocam um olhar cúmplice e se retiram, deixando os jovens sozinhos.

— Sei que deve estar cansada, mas será que podemos conversar um pouco mais? — questiona Sávio, com um brilho de esperança nos olhos.

— Não se preocupe, eu dormi um pouco à tarde, então estou sem sono — responde Marina, sorrindo. Ela está curiosa para saber o motivo de tanta insistência.

Eles caminham até a saída da casa, na esperança de se sentarem na calçada para conversar, mas quando Marina abre o portão, depara-se com um carro estacionado bem em frente.

— Quem foi o idiota que resolveu parar o carro bem aqui? — diz ela, irritada, olhando ao redor e não vendo ninguém por perto.

— Não fique brava comigo, Mari. Se quiser, eu tiro o carro agora — declara Sávio, tentando conter o sorriso.

Marina o encara por um momento, e de repente nota a expressão divertida no rosto dele.

— Espera… esse carro é seu? — pergunta, revelando uma expressão de surpresa.

— Isso mesmo — responde ele, todo orgulhoso. — Quer dar uma voltinha?

Ela se volta para o carro estacionado diante do portão. É um Celta branco, um modelo simples, mas extremamente bem conservado. A pintura está impecável, sem arranhões, os pneus são novos e os faróis brilham sob a luz da noite. É evidente que Sávio cuida bem de sua recente aquisição. Embora não seja um carro de luxo, o estado impecável e o fato de ser fruto do esforço dele o tornam especial.

— Uau, Sávio, que lindo! — diz ela, sorrindo de orelha a orelha. — Parabéns pela conquista. Dá para ver que você cuida bem dele.

— Obrigado, Mari — ele responde, radiante. — Não é um carro luxuoso, mas é meu, e eu o trato como se fosse um — declara com orgulho.

A felicidade estampada no rosto dele contagia Marina, que se sente animada ao ver o quanto essa conquista significa. Ela hesita por um instante quando Sávio sugere dar uma volta, mas logo acena com a cabeça, concordando.

— Mas você sabe dirigir, né? — brinca, enquanto abre a porta do passageiro.

Com um sorriso, Sávio se inclina para abrir o porta-luvas e tira um crachá com seu nome e a foto impressa. Ele entrega o crachá para Marina, que observa o título “Caixa Bancário” e mal consegue acreditar.

— Sávio… você realmente me surpreendeu. Não imaginava que… — pondera, procurando as palavras certas.

— Nunca imaginou que eu sairia do supermercado, não é? — provoca, com um sorriso.

— Não é isso. Eu apenas… nunca pensei que faria essa mudança tão rápido. Estou muito feliz por você! — diz ela, com sinceridade.

— Eu sabia que precisava de algo mais. Trabalhar no supermercado foi bom, mas percebi poder crescer. Comecei a estudar e me preparei para novas oportunidades. Quando a chance surgiu, agarrei com tudo — ele conta, com a voz carregada de determinação.

— E está certo. Você merece isso — Marina diz, admirada.

Ganhando confiança com a reação dela, Sávio sai do bairro, passa por algumas avenidas e resolve parar o carro em um parque. Ele respira fundo antes de falar, como se estivesse criando coragem para o que seguiria.

— Mari, eu sei que isso pode parecer pouco para você, mas estou disposto a continuar me esforçando para ser digno de estar ao seu lado. Eu… não consigo mais guardar isso. Gosto de você, de verdade. Namora comigo? — ele declara, com a voz um pouco trêmula, mas os olhos fixos nos dela.

O coração de Marina dispara ao ouvir a declaração. Ela percebe que Sávio, de fato, a surpreendeu com sua vontade de lutar por ela.

— Sim, Sávio. Eu aceito — ela diz, com a voz emocionada.

Sem esperar mais, Sávio se aproxima e a beija, um beijo repleto de carinho e sinceridade. Marina sente o calor dos lábios dele, mas não consegue evitar a comparação com os beijos de Victor. Mesmo que o beijo de Sávio seja bom, falta algo. Ela tenta afastar esses pensamentos, mas uma parte de seu coração insiste em se lembrar.

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