É uma manhã ensolarada de sábado, quando Marina se surpreende ao ouvir a campainha tocar. Ela vai até a porta e encontra Andressa, parada ali, com um sorriso acolhedor no rosto.
— Andressa! Que surpresa — diz Marina, abrindo um sorriso, embora seu olhar revele um toque de confusão. — Veio buscar a mala? Me desculpe, ainda não a desfiz.
— Não se preocupe, Mari, vim para te visitar e saber tudo sobre a sua viagem! — responde Andressa, animada. — Quero ouvir tudo sobre a sua primeira vez andando de avião!
Marina relaxa e abre mais a porta, convidando a amiga para entrar. As duas se abraçam brevemente antes de seguirem para o interior da casa. O ambiente é acolhedor, com os raios de sol entrando pelas janelas, iluminando os móveis de madeira escura da sala e refletindo nas cortinas brancas.
— Vamos para o meu quarto, lá a gente conversa melhor — sugere Marina, enquanto Andressa a segue.
Marina leva Andressa para o quarto, onde, além de colocarem a conversa em dia, ela aproveita para devolver a mala que Andressa havia emprestado.
Ao entrar no quarto de Marina, o ar está fresco e há uma leve fragrância de lavanda no ambiente. A janela aberta deixa a brisa matinal entrar, balançando as cortinas.
O espaço é decorado com simplicidade, mas com bom gosto: uma colcha de listras brancas e azuis cobre a cama, e uma estante com alguns livros ocupa uma parede ao lado de uma mesinha com itens pessoais. Marina deixa a porta do quarto entreaberta, mantendo o ambiente com uma sensação de leveza e privacidade.
— Seu quarto não mudou nada, desde a última vez que entrei aqui — comenta Andressa, sentando-se na cama de solteiro de Marina.
— Pois é, tenho pensado em reformá-lo agora que estou trabalhando, mas vou esperar mais um pouco.
Enquanto elas conversam, Marina se inclina sobre a cama para abrir a mala e começa a tirar os pertences que trouxera do Rio de Janeiro. Andressa observa com interesse a amiga retirar algumas roupas e acessórios, até que uma caixa chama a atenção.
A caixa elegante, com uma fita que ainda a envolve, exibe o nome “Christian Louboutin” em letras brilhantes.
— Nossa, Mari, isso é um Christian Louboutin? — Andressa pergunta, com os olhos arregalados de surpresa. — Esses sapatos custam uma fortuna, sabia? — continua, aproximando-se da cama para observar melhor. — Valem mais de 15 mil reais.
Marina hesita por um segundo antes de responder, e então solta um suspiro, tentando soar casual.
— É, eu sei… — admite, enquanto desfaz o laço da fita e levanta a tampa da caixa, revelando o par de scarpins de couro preto com o inconfundível solado vermelho. — Foi um presente do Victor.
Andressa arregala os olhos, ainda mais surpresa, e um leve sorriso curioso surge em seu rosto.
— Presente do Victor? Ele te deu um Louboutin de presente? — indaga, sem esconder o tom de incredulidade na voz. — O que você fez para ele ser tão generoso assim?
Marina cora ligeiramente, fechando a caixa do sapato com uma expressão constrangida.
— Não fiz nada, Andressa — responde, com um sorriso sem jeito. — Ele disse ser para me agradecer pela ajuda durante o caso em que estávamos trabalhando. Só isso.
As duas continuam a conversar, mas não percebem que Daniela, está parada do lado de fora do quarto, ouvindo cada palavra. Ela havia passado pelo corredor justamente quando ouviu a menção ao presente caro e, sem querer interromper, ficou ali, prestando atenção. Daniela sente o coração apertar quando ouve a filha mencionar o presente do chefe, e sua mente começa a divagar. “Um sapato de grife e, tão caro assim? Isso não é algo que se dá para uma funcionária apenas por gratidão”, pensa, sentindo um nó se formar em seu estômago. Ela já estava desconfiada de que a viagem ao Rio de Janeiro havia envolvido mais do que apenas trabalho, mas agora, com aquela revelação, seus pensamentos correm soltos e uma preocupação crescente toma conta de seu peito. “Será que a Marina e o chefe dela…?”
No quarto, as duas continuam a conversar, alheias ao fato de que Daniela está perto o suficiente para ouvir tudo.
— Você deve ter impressionado bastante o Victor para ele te dar um presente desses, hein? — brinca Andressa, ainda com um brilho curioso nos olhos. — Qual foi o truque, Mari?
— Eu e o Victor nos beijamos — revela.
— O quê? — a voz de Andressa se eleva um pouco, mas ela se detêm rapidamente.
Marina conta com detalhes tudo o que aconteceu entre ela e Victor desde que chegaram ao Rio de Janeiro.
— Foi o meu primeiro beijo e para mim foi a coisa mais maravilhosa do mundo. Eu não sei onde estava com a cabeça, mas quase me entreguei para ele — declara, após explicar tudo.
— Ainda bem que não se entregou, porque se não ficaria mais chateada quando viu aquela mulher beijá-lo.
— Eu não fiquei chateada, eu… — pondera, sem saber o que falar.
— Não adianta esconder, Mari, está na sua cara que você ficou abalada por tudo.
Marina dá uma risada forçada, sem saber muito bem como reagir às insinuações da amiga.
— Eu não estou, não gosto do Victor, já disse que não sabia onde estava com a cabeça quando deixei que tudo isso acontecesse — explica mais séria, fechando a mala e querendo encerrar aquele assunto. — Além disso, não sei se já ficou sabendo, mas o Sávio me pediu em namoro e eu aceitei.
— Aceitou porque gosta dele ou por que está querendo esquecer Victor Ferraz?

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...