Marina força um sorriso e volta o olhar para Sávio, tentando disfarçar o nervosismo que pulsa em seu peito.
— Você está mesmo disposto a me surpreender bastante hoje, não é? — pergunta ela, tentando manter o tom leve, mas sentindo o leve constrangimento que permeia o momento.
Sávio, sem perceber o desconforto da namorada, responde com um sorriso confiante.
— Já te disse que quero fazer desta noite algo inesquecível, Mari — diz ele, inclinando-se mais perto, com um brilho nos olhos. — Basta você dizer que sim.
Seu corpo enrijece ao ouvir essas palavras. O peso das expectativas de Sávio começa a se formar sobre seus ombros, gerando uma leve pressão. Ela se pergunta se está realmente preparada para dar esse passo com ele naquela noite.
“Estou disposta a fazer isso?” pensa. E se a resposta fosse sim, conseguiria viver o momento de forma leve e relaxada, sabendo que Victor está ali, à espreita, como uma sombra inescapável?
— Me deixa aproveitar esse momento primeiro — responde. Sua voz é levemente hesitante, mas mantém a suavidade para não magoá-lo.
Sávio sorri, satisfeito, enquanto o garçom se aproxima da mesa com os pedidos. Eles começam a comer, mas a atmosfera ao redor deles é estranhamente densa. Enquanto Sávio está absorvido nas expectativas de uma noite romântica, os pensamentos de Marina estão completamente dispersos.
Ela se sente desconfortável, com o nervosismo crescendo a cada segundo.
Não sabia que os homens eram tão apressados em relação àquilo e isso a deixava um pouco incomodada.
Seus olhos vagam até a mesa próxima, onde Victor permanece indiferente, como uma sombra imponente. Ela observa, com o coração acelerado, enquanto ele arregaça uma das mangas de seu paletó, revelando o relógio em seu pulso. O modo como ele olha para o relógio não é acidental — é uma ameaça silenciosa. O aviso está claro: sua paciência está se esgotando, e ele não esperará por muito mais tempo.
Marina sente o pânico borbulhar dentro de si. “Ele está esperando por mim. Ele quer me ver esta noite. E eu… estou aqui, com Sávio, que está cheio de expectativas”.
A ideia de imaginar Victor se envolvendo naquele encontro já estressante a assusta, e ela percebe que precisa de uma saída. Uma ideia começa a se formar em sua mente, numa tentativa desesperada de ganhar tempo ou escapar da pressão que a cerca. Quando percebe que estão terminando o jantar, Marina se levanta, esboçando um sorriso nervoso.
— Vou até o banheiro, retocar o batom, já volto — diz, tentando soar casual.
Sávio assente, sem perceber o verdadeiro motivo por trás do comportamento da namorada.
Marina caminha rapidamente até o banheiro, sentindo a respiração entrecortada. Assim que entra no ambiente, tranca a porta e encosta as costas na parede fria, tentando acalmar o turbilhão de emoções que crescem dentro dela. Ela pega o celular com as mãos trêmulas, em busca da opção limitada que tem.
Há apenas uma pessoa em quem pode confiar naquele momento. Ela abre rapidamente o aplicativo de mensagens e encontra o número de Andressa. Sem pensar duas vezes, a liga, esperando ansiosamente que Andressa atenda.
— Alô? — Andressa atende com a voz despreocupada.
— Amiga… — começa Marina, cuja voz é cheia de urgência e pânico. — Me ajude, por favor. Estou numa encrenca, não sei o que fazer.
— O que houve, Mari? Fala logo — diz Andressa, agora atenta, captando a tensão na voz da amiga.
— Estou num encontro com Sávio, mas… o Victor está aqui também. Ele quer me ver esta noite, e eu não sei como sair dessa! — confessa, com as palavras saindo apressadas e entrecortadas.
— Espera… o Victor? O que ele está fazendo aí no seu encontro? — pergunta Andressa, chocada.
Ela caminha pelo corredor pouco iluminado que leva de volta para a área do restaurante, mas de longe vê uma silhueta familiar, que caminha em sua direção.
Suas pernas tremem ao ver Victor Ferraz ali, a encarando com um olhar frio.
— O que pensa que está fazendo aqui? — ela pergunta.
— Eu disse que preciso te ver.
— Já me viu, não é mesmo? Agora vá embora daqui e me deixe em paz, não vê que estou no meio de algo importante?
— Importante? — ele ri com sarcasmo. — Você passou a maioria do tempo prestando mais atenção em mim do que naquela moleque com quem veio.
— Não fala assim do meu namorado, está me ouvindo? — exige, com a voz firme. — Se te olhei, foi porque a sua presença está me incomodando.
— Namorado? — Ri novamente, se aproximando mais dela. Marina sente a imponência de sua aproximação, mesmo assim não se deixa abater. — Meu cabelo tem mais química do que vocês dois — zomba.
— Você não sabe o que está falando — declara, tentando sair dali, mas é interceptada por Victor.
— Para de se enganar, loirinha. — Ele se aproxima devagar e, com um toque suave, desliza a mão pelo rosto dela, roçando levemente em sua pele, como se cada movimento fosse pensado. Os dedos percorrem a curva do queixo e seguem até a nuca, onde ele enlaça seus cabelos com um gesto firme, mas controlado. A mão dele afunda suavemente nos fios, puxando-os sutilmente, apenas o suficiente para que ela sinta a sua presença intensa. É um toque cheio de intenção, fazendo o corpo dela reagir com um misto de surpresa e expectativa. Aquilo faz com que o seu coração erre uma batida. — Admita que a pessoa com quem realmente deseja estar está bem aqui, diante de você. — Ele sussurra com a voz rouca, segundos antes de selar seus lábios nos dela.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...