Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 68

Começando mais uma semana de trabalho, Marina sente o peito apertar e a ansiedade aumentar, prevendo que a qualquer momento poderá ser confrontada por Victor.

— Tem alguma coisa errada? — pergunta Katrina, notando a tensão visível na colega.

— Não, está tudo bem — responde Marina, desviando o olhar, tentando parecer tranquila.

Katrina para o que está fazendo e a observa por alguns segundos em silêncio, percebendo que a resposta foi evasiva. Antes que pudesse aprofundar a conversa, um entregador de flores surge na recepção.

— A senhorita Marina Ferreira está? — pergunta o homem.

— Sou eu — responde Marina, confusa.

— Entrega para a senhorita.

O entregador se aproxima, com um grande buquê nas mãos, e o entrega a ela.

Ao pegar o buquê, sente imediatamente o perfume suave das flores invadindo o ambiente. Rosas-vermelhas vibrantes dominam o arranjo, cercadas por lírios-brancos e margaridas amarelas, dispostas harmoniosamente em meio a um delicado embrulho de papel crepom, amarrado com laços de cetim. As flores estão frescas, o aroma doce preenche o ar, proporcionando a ela um raro momento de serenidade em meio à turbulência emocional.

Katrina, observando tudo atentamente, não consegue disfarçar a curiosidade. Ela inclina levemente a cabeça, tentando esconder o interesse enquanto finge continuar seu trabalho.

— Quem enviou? — pergunta com naturalidade, mas seus olhos despertam a curiosidade real.

Marina, ainda surpresa, tira o cartão preso ao buquê e o lê. As palavras são diretas e carregadas de arrependimento: “Me perdoe por sábado. Eu me deixei levar e me arrependo. Você merece muito mais do que uma noite mal planejada. Eu te amo e esperarei o seu tempo. Com amor, Sávio.”

Ao ler a mensagem em silêncio, sente um alívio inesperado no coração. As palavras sinceras de Sávio fazem a lembrança amarga da noite de sábado parecer mais distante, e ela se permite sorrir. Nunca havia recebido flores antes, e o gesto simples, mas significativo, aquece seu peito, trazendo-lhe um conforto que não esperava.

— Foi meu namorado quem mandou — responde com um sorriso tímido, ainda absorvendo o momento.

Katrina levanta as sobrancelhas, surpresa.

— Namorado? Eu não sabia que você tinha alguém — comenta, tentando esconder seu choque, embora um pequeno sorriso se forme em seus lábios.

Por dentro, Katrina sente um grande alívio. O receio de que ambas pudessem competir pela atenção de Victor — algo que vinha atormentando sua mente desde que Marina chegou — começa a desaparecer. A revelação de que sua colega está comprometida traz uma inesperada paz, livrando-a da insegurança que carregava.

— Pois é — Marina responde, ainda sorrindo. — O conheço há muito tempo, mas só agora que resolvemos dar esse passo. Ele tem sido… gentil — diz, escolhendo cuidadosamente as palavras.

— Que bom, Marina! — responde Katrina com uma empolgação quase exagerada. — Você merece alguém que cuide bem de você.

— Muito obrigada — responde um pouco tímida, ainda admirando as flores.

As duas voltam ao trabalho e, após uma ligação, Katrina faz um anúncio.

— Preciso sair por alguns minutos. Rodrigo pediu para eu resolver uma coisa. Você pode atender as ligações por mim? — pede, já pegando sua bolsa apressadamente.

— Claro, pode deixar — responde com um sorriso.

Assim que Katrina sai, Marina se vê sozinha na recepção. A sala está silenciosa e o tempo passa lentamente. Olhando para o relógio, percebe que falta pouco para o horário do almoço. Enquanto organiza alguns documentos, o som do elevador a desperta de seus pensamentos.

As portas se abrem e uma mulher jovem e incrivelmente elegante surge. Ela é alta, de postura impecável, seus cabelos castanhos caem suavemente pelos ombros. O vestido preto que usa, realça sua silhueta esbelta, e sua maquiagem, embora sutil, destaca sua beleza natural. Ao avistar Marina, a mulher se aproxima com passos decididos.

— Olá, bom dia. Estou aqui para ver o Rodrigo — diz a mulher com uma voz firme, mas educada.

Valentina, porém, não parece tão contente quanto o noivo. Seus olhos ainda carregam a seriedade de antes. Quando Rodrigo a solta, ela o encara por alguns segundos, escolhendo cuidadosamente suas palavras.

— Vim te ver, claro — começa, mas sua voz tem uma ponta de tensão. — E conheci a famosa Marina.

Rodrigo, inicialmente distraído pela alegria de vê-la, logo percebe o nervosismo no tom de Valentina. Ele franze o cenho, confuso.

— A Marina? — repete. — Que bom que a conheceu, ela é minha assistente.

Valentina inclina a cabeça, cruzando os braços, com o olhar fixo no noivo.

— Ela é muito bonita, não acha? — alfineta Valentina, sua voz carrega um tom sutil de ciúme.

Rodrigo suspira, percebendo a direção da conversa.

— Amor, por favor… — começa, tentando manter a calma. — A Marina é uma funcionária excelente, e é só isso, não há com o que se preocupar.

Não convencida com a resposta, ela lança um olhar pelo escritório, como se estivesse buscando algum sinal que confirmasse suas suspeitas.

— Não é que eu esteja preocupada… — diz ela, claramente desconfortável. — Mas reparei que ela é jovem, bonita e está perto de você todos os dias.

— Entendo o que está sentindo, mas você é a única mulher que amo — diz ele, olhando diretamente nos olhos dela. — Eu nunca faria nada que pudesse arriscar o que temos. A Marina é apenas a minha funcionária, precisa ter isso em mente.

Insegura ao se lembrar das palavras de sua sogra, Valentina decide que deve ser um pouco mais incisiva. Ela sente a necessidade de marcar território.

— Não costumo me meter em seus assuntos de trabalho, mas… — faz uma pausa, antes de completar. — Quero que a demita — exige, com voz cortante.