Quando Rodrigo se despede do irmão, continua relutante. Ele sabe que Victor tem algo em mente, mas talvez, só talvez, isso mantenha Marina empregada por um pouco mais de tempo. Pegando o elevador que o leva para o seu andar, já a encontra em sua mesa, antes mesmo do seu horário, trabalhando com o mesmo afinco do primeiro dia.
— Boa tarde, Marina — cumprimenta, com uma expressão séria.
— Boa tarde, senhor — responde ela, com um sorriso no rosto, mas um certo nervosismo se esconde atrás de seus olhos.
— Podemos conversar por um momento? — pergunta Rodrigo, caminhando em direção à porta de seu escritório, sugerindo que ela o acompanhe.
Hesitante, Marina faz o que ele propõe, mas a expressão séria dele revela que o que está por vir não é nada bom. Ao entrar na sala, ela se senta na cadeira em frente à grande mesa de seu chefe. Rodrigo a observa por um momento e um silêncio tenso se instala, ele parece estar lutando com as palavras, como se quisesse encontrar a melhor maneira de iniciar aquela conversa. Sentando-se à sua frente, a expressão grave em seu rosto aumenta. Rodrigo havia criado desculpas e justificativas desde que chegou à empresa após o almoço, mas nenhuma delas parecia boa o suficiente.
Marina podia sentir que algo estava prestes a acontecer.
— Como você se sentiu trabalhando para o Victor durante a semana no Rio de Janeiro? — pergunta, com um tom de voz sério.
Mesmo estranhando o teor da pergunta, Marina decide ser sincera, tentando esconder seu desconforto.
— Eu gostei. Em termos de trabalho, o Victor é um bom chefe, ele é sério e dedicado — responde, fazendo uma pausa. — A única coisa de que não gosto é quando não estamos trabalhando — acrescenta. — Não é segredo para o senhor que nós dois não nos damos muito bem.
Rodrigo sorri levemente, relaxando um pouco ao ouvir a resposta dela. Pelo menos no quesito trabalho, seu irmão não havia agido inapropriadamente.
— Sim, eu sei. Vocês dois são uma dupla intrigante, confesso que fiquei apreensivo quando tiveram que trabalhar juntos no Rio.
— Tento ser o mais profissional possível, senhor Ferraz — responde, mantendo o tom respeitoso.
— Sei que tenta — diz ele, olhando diretamente em seus olhos. Rodrigo sente o peso da situação se acumular em seus ombros. Por mais que Marina estivesse na empresa há pouco tempo, ele havia gostado do trabalho dela e desejava vê-la crescer na equipe. Ela era competente, dedicada, e sabia que ela merecia mais.
Marina, percebendo o desconforto do chefe, tenta adivinhar o motivo daquela conversa.
— O Victor reclamou de alguma coisa? — pergunta, apreensiva.
— Não, ele não reclamou. Pelo contrário, eu sei que ele reconheceu que você fez um excelente trabalho, mesmo que ele nunca vá admitir isso em voz alta — comenta, fazendo-a sorrir um pouco. — Na verdade, sou eu quem está grato pelos serviços que você prestou até agora.
Ao ouvir a última frase do chefe, entende perfeitamente o que está prestes a acontecer. Não é preciso ser especialista para perceber que ele está apenas rodeando o assunto antes de chegar ao ponto: sua demissão. E ela já sabe exatamente o motivo. Na mente de Marina, aquilo já havia se arrastado por tempo demais. Desde a manhã, ao colocar os pés na empresa, esperava encontrar uma carta de demissão sobre sua mesa. Mas não, Victor foi mais sutil. Ele aguardou que ela se acomodasse, se sentisse um pouco mais à vontade, antes de orquestrar a ordem para que o irmão a afastasse de vez.
— Obrigada, senhor — interrompe, tentando evitar rodeios. — Eu não quero parecer indelicada, mas pode ir direto ao ponto?
Rodrigo sorri com a sinceridade da funcionária, um traço que poderia fazer com que ela e Victor pudessem se dar bem.
— Essa não é uma decisão fácil para mim, Marina — começa.
— Eu sei, senhor. Mas precisa fazer, não é? — interrompe. — Afinal, foi o seu irmão que pediu. E, de qualquer maneira, a empresa é de vocês, e eu trabalho para ele também. Não é segredo que isso aconteceria. Na verdade, sou muito grata por você não ter me mandado embora logo no primeiro dia — conclui com gratidão em seus olhos. — O senhor me chamou para me despedir, não é? — Marina pergunta, encarando-o diretamente. — Depois do que aconteceu entre mim e o Victor, eu sabia que ele não me deixaria continuar aqui.
Rodrigo franze a testa, confuso.
— Espera, o que você quer dizer com 'o que aconteceu entre vocês'? — ele pergunta, claramente sem saber de nada.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...