Ao perceber o jogo de Victor, Marina se levanta e tenta se recompor, disfarçando o nervosismo que cresce dentro dela. Mesmo que não queira, tudo que ele faz e fala a afeta de uma maneira desconcertante.
— Tudo bem, senhor Ferraz, se é só isso que quer de mim, eu aceito — responde com a voz firme, mas com o coração acelerado.
Victor sorri, satisfeito com a resposta. Era essa a atitude que esperava dela. Caminhando até sua mesa, abre uma das gavetas, de onde retira um envelope.
— Gostei do seu comprometimento… — diz, caminhando de volta em direção a ela, estendendo o envelope. — Tome, isso aqui é uma pequena amostra do que pode ter se for mais dedicada e complacente.
Marina o observa, surpresa, enquanto pega o envelope com certo receio. O ar tenso ao redor deles parece carregar um estresse latente, e ela sente como se a qualquer momento ele pudesse pregar uma peça. Ao abrir o envelope, encontra um cheque no valor de dez mil reais.
Seus olhos se expandem, revelando surpresa e incredulidade.
— Eu… eu não posso aceitar isso — diz, devolvendo o envelope a ele.
Victor se afasta com um sorriso arrogante, deixando-a com a mão estendida.
— Não aceito reembolsos — responde friamente.
— Por que está me dando um cheque nesse valor? Está tentando me comprar? Porque, se for isso, eu…
— Pare de falar besteiras — interrompe, com sua voz cortante. — Se eu quisesse te comprar, acha mesmo que usaria um valor tão insignificante quanto esse?
Marina arregala os olhos com a fala direta e fria de Victor.
— Isso é um bônus pelo trabalho que fez no Rio de Janeiro — esclarece.
— Mas… você já me deu aqueles sapatos — retruca, lembrando-se do presente.
— Os sapatos foram um presente à parte — explica com desdém.
Ela hesita por um momento, olhando para o cheque em suas mãos. Tudo parece tão surreal.
— Obrigada pela generosidade, mas, honestamente, não posso aceitar. Meu trabalho já foi compensado com horas extras — diz, tentando manter sua postura profissional.
Victor a observa por alguns segundos antes de falar, sua paciência visivelmente está se esgotando.
— Já disse que é um bônus. Use isso para tirar sua carteira de motorista. Se vai trabalhar para mim, precisa saber ao menos dirigir — ordena.
Marina o encara mais uma vez, seus olhos ficam fixos nos dele, enquanto o cheque em suas mãos parece ganhar o peso de uma tonelada. Sua mente já antecipa o olhar de reprovação de sua mãe ao descobrir que ela aceitou aquela quantia vinda do chefe. Victor, sempre atento, percebe a hesitação em seu semblante, lendo cada detalhe da dúvida que se reflete em seus olhos.
— Não pense demais nisso, loirinha. Rodrigo também concorda, e antes que sua mente pervertida comece a imaginar coisas, saiba que não há segundas intenções — provoca, com um sorriso cínico dançando em seus lábios.
As bochechas dela coram de imediato com a provocação, mas decide não retrucar.
— Tudo bem — suspira. — Agradeço a generosidade, prometo que darei entrada na minha CNH o mais rápido possível. Mas… — hesita, olhando nos olhos dele com mais confiança. — Não acha que está investindo muito em alguém que planeja descartar em breve?
Victor balança a cabeça lentamente, divertindo-se com a audácia dela.
— Não me provoque, loirinha… — adverte, voltando à sua mesa e sentando-se com uma aura de controle absoluto. — Preciso visitar um cliente mais tarde e quero que vá comigo.
— Claro, senhor — responde Marina, tentando não demonstrar o desconforto que sente. — Mas agora… o que devo fazer? Onde é minha mesa?
— Ao sair do meu escritório, pegue o corredor e entre na primeira porta à direita. Lá será sua sala.
Ela acena com a cabeça, pronta para sair, mas antes de tocar na maçaneta, se vira para ele.
— Victor, sei o que está fazendo… mas, mesmo assim… obrigada — diz com um sorriso sincero.
Sem esperar por uma resposta, ela abre a porta e sai, deixando-o sozinho em seu escritório. Ele suspira, olhando para a mesa onde há um envelope amarelo. Dentro, está a demissão que havia preparado para ela. Seus olhos percorrem as linhas firmes do papel, mas algo dentro dele o impede de seguir com o plano.
Rasgando o envelope em pedaços, j**a tudo no lixo, ciente de que, por mais que quisesse afastá-la, algo mais forte o estava impedindo.
[…]
Ignorando a provocação, Marina pega o buquê, pronta para sair da sala.
— Deixe essas flores aqui — ordena Victor com firmeza.
— Mas você disse que iríamos demorar. Pediu para eu pegar minhas coisas — retruca.
— Essas flores não vão entrar no meu carro.
— Mas se ficarem aqui, vão morrer — protesta.
— Deixe que morram — diz, pegando as flores da mão dela e jogando no lixo sem hesitar. — Compro outras para você.
— Não pode fazer isso! — exclama Marina, indo em direção ao lixo para recuperar o buquê, mas Victor a impede, segurando-a pela cintura com firmeza.
— Agora que está trabalhando para mim, está proibida de trazer para este ambiente coisas dadas por outro homem. Entendeu?
— Está louco? Tem noção do que está dizendo? — pergunta, incrédula.
— Eu não quero, não ouviu? — repete, com os olhos fixos nos dela, frios e determinados.
Marina ri, balançando a cabeça.
— Parece até que está com ciúmes das flores — provoca, sem conseguir evitar um sorriso.
Victor, por um instante, não responde. Apenas a observa com uma intensidade que faz o ar ao redor deles parecer mais espesso.
— E se eu estiver, hein? — pergunta, com sua voz fria e séria, fazendo-a perder o sorriso instantaneamente.
Marina permanece imóvel, sem saber como reagir. Será possível que Victor Ferraz, com toda sua arrogância e controle, estava realmente com ciúmes de um simples buquê de flores?

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...