Ao sentir os lábios de Victor, Marina sente algo diferente em seu toque. As mãos dele, que em outros momentos haviam sido apressadas e dominadoras, agora se movem com uma ternura surpreendente. Cada movimento é delicado, respeitoso, como se ele estivesse redescobrindo cada parte dela. Ele desliza as mãos suavemente por seu corpo, sentindo o contorno de sua cintura com um carinho que a faz tremer de leve. Não há pressa, apenas um desejo profundo de prolongar aquele momento.
Victor a envolve com seus braços, trazendo-a para mais perto de si, com uma delicadeza inesperada. Sua mão direita desliza até a caixa que Marina segurava, jogando-a com suavidade para o banco de trás do carro, liberando o espaço entre eles, sem cortar o contato de seus lábios.
Victor quer senti-la por inteiro, sem qualquer barreira. O corpo de Marina se encaixa perfeitamente ao seu colo, como se fossem feitos para estarem juntos daquele jeito. A respiração de ambos está pesada, mas há uma calma no gesto de Victor, como se ele estivesse tentando comunicar algo que as palavras jamais poderiam expressar.
Seus corpos estão tão próximos que é possível sentir o coração acelerado de um batendo contra o outro, criando uma conexão inexplicável que vai além do físico. Marina, imersa naquele toque e na intensidade do momento, sente-se envolvida por uma mistura de emoções — medo, desejo e uma profunda vulnerabilidade. Ela sente que algo mudou em Victor, algo que a faz baixar as defesas, deixando que ele a conduza, que ele a traga para perto, sem resistência.
O beijo se aprofunda juntamente com os toques. Victor desvia seus lábios, começando a explorar o pescoço dela com uma delicadeza inesperada. Cada beijo que deposita em sua pele expressa algo. Marina sente a suavidade de cada toque, o calor de seus lábios deixa um rastro de sensações que a fazem estremecer. Com os olhos fechados, sente o corpo se entregar, mas a mente luta contra aquele momento.
— Isso não está certo… — murmura, com a voz vacilante, enquanto mantém os olhos fechados, tentando se agarrar ao que resta de sua razão. Os beijos no pescoço a envolvem, dificultando-a resistir, mas ela tenta encontrar forças.
— Nada é certo — responde Victor, com voz rouca, quase sussurrando contra a sua pele, como se sua própria confissão viesse com um peso emocional profundo.
Marina suspira, sentindo o desejo tomar conta de si. Sabe que aquilo não deveria estar acontecendo, sabe que deveria se afastar. Mas o toque de Victor é diferente de tudo que já sentiu. Por que não sente isso quando está com Sávio?
Ao pensar no namorado, o peso da culpa a invade, mal havia começado a namorar e já estava agindo errado. As coisas não deviam seguir esse caminho.
— É melhor pararmos com isso… — pede, porém, a sua voz não traz firmeza. Victor, no entanto, parece não conseguir se controlar.
— Não posso, por favor, não me peça para parar. — murmura, mais para si do que para ela. — É mais forte que eu — confessa, voltando a beijá-la.
Quando seus lábios voltam a se tocar, o corpo dela estremece com intensidade.
— Victor, para, por favor… — pede com a voz baixa, sentindo o rubor tomar conta de suas bochechas. — Não posso fazer isso, eu tenho namorado.
Segurando as mãos dele, afasta-as de si, com certa dificuldade. Há um conflito evidente em seu rosto, ao tentar controlar as emoções que a invadem naquele momento, sentindo-se ainda mais perdida por estar cedendo a algo que sabia ser errado.
— Não me faça sentir pior do que já estou — completa Marina, com o tom trêmulo, sem conseguir esconder a vulnerabilidade em sua voz.
Ao notar o desconforto e a tristeza estampada no rosto dela, Victor afasta imediatamente as mãos. Ele se recompõe, ajeitando o próprio corpo enquanto ela sai de seu colo e se acomoda novamente no banco do passageiro. O silêncio que se segue é um pouco constrangedor, até que ele resolve romper o clima pesado com uma pergunta.
— Quando começou a namorar? — pergunta, tentando controlar a curiosidade, mas seu olhar entrega o desconforto que sente.
— Depois que voltei do Rio — responde Marina, evitando seu olhar, como se cada palavra a trouxesse de volta à realidade.
— Por quê? — Victor pergunta, com uma mistura de surpresa e interesse.
— Porque ele gosta de mim… e eu gosto dele — declara, tentando convencer a si mesma tanto quanto a ele.
Sem prolongar o assunto, liga o carro e começa a dirigir, em completo silêncio. Ambos sabem que estender essa conversa traria apenas mais confusão e incerteza.
Ao chegarem em frente à casa dela, Victor para o carro suavemente, lançando um último olhar, como se não quisesse deixá-la ir. Ele pega a caixa e o envelope com o cheque que estavam no banco de trás e os entrega novamente a ela.
— Guarde-os, são seus, eu já disse — insiste. — Amanhã, virei aqui para conversar com seus pais e esclarecer toda essa história de uma vez por todas.
Marina hesita.
— E se não der certo? — pergunta com a voz baixa, cheia de incerteza.
— Vai dar certo, loirinha. Confie em mim — responde, piscando um olho tranquilamente, como se aquilo fosse suficiente para dissipar todas as suas dúvidas.
— Por que está fazendo isso? Não é divertido para você ver que estou desistindo? — Questiona confusa.
— Não é divertido quando sei que não é por sua vontade — confessa.
Ainda sem certeza, Marina desce do carro e, com um aceno leve, se despede dele. Ela observa o carro sumindo lentamente ao dobrar a esquina.
Victor dirige pelas ruas calmas e iluminadas do bairro e seus pensamentos flutuam. Quando passa em frente a um motel discreto, algo à sua esquerda chama sua atenção. Ele diminui a velocidade ao reconhecer o carro e o homem que o dirigia, saindo do estabelecimento.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...