Na manhã seguinte, Marina segue sua rotina habitual. Ao descer para a padaria, já pronta para ir ao trabalho, encontra sua mãe, que lhe lança um olhar reprovador assim que a vê.
— Para onde pensa que vai? — pergunta Daniela, sem disfarçar o tom de desaprovação.
— Para o trabalho — responde com firmeza, tentando manter a calma.
Daniela para de atender o cliente e vira-se para encarar a filha diretamente, a expressão de desagrado fica evidente em seu rosto.
— Por acaso esqueceu da conversa que tivemos ontem? — questiona, cruzando os braços, esperando uma resposta convincente.
Respirando fundo, Marina tenta organizar seus pensamentos.
— Não, mãe, não me esqueci — responde tranquila. — Mas tudo o que vocês falaram ontem não faz sentido.
— Não faz sentido? — Daniela ergue a sobrancelha, claramente indignada.
Antes que pudesse continuar a discussão, o som de um carro chama a atenção de ambas. Do lado de fora, o carro de Victor Ferraz estaciona em frente à padaria. Ele sai do veículo com sua presença imponente, vestindo um terno perfeitamente ajustado ao corpo, como sempre.
Seus passos firmes ressoam no chão da padaria. Quando entra, seus olhos analisam o ambiente com calma, antes de finalmente pousarem em Marina. Seu olhar avaliador a faz arrepiar dos pés à cabeça, mas ela mantém a compostura, disfarçando o nervosismo.
— Bom dia, senhora — Victor cumprimenta Daniela com um leve aceno. — Estou aqui para falar com a senhora e o seu marido.
Daniela, surpresa com a presença de Victor, o cumprimenta de volta. Ela rapidamente chama José, que surge do fundo da padaria, encarando Victor com um olhar curioso.
— Vou atender os clientes enquanto vocês conversam — Marina se apressa em dizer, colocando um avental para evitar sujar sua roupa de trabalho.
O casal acena para que Victor os siga até a parte interna da casa. José, sério, puxa uma cadeira para Victor, que se senta calmamente à mesa. Daniela fecha a porta atrás de si, e o silêncio que paira na sala é cortante.
— Olha, senhor Ferraz — José começa, direto ao ponto, como um pai preocupado. — Não achamos apropriado que nossa filha continue trabalhando para o senhor depois do que aconteceu no Rio de Janeiro.
Victor, que já estava esperando algo assim, se mantém calmo e respirando fundo antes de começar.
— Entendo perfeitamente as preocupações de vocês — começa, com a voz controlada, fazendo contato visual direto com ambos. — Aquilo foi um maldito mal-entendido, e já expliquei isso à Marina e à sua esposa.
Ainda assim, Victor opta por explicar tudo novamente com precisão, detalhando cada evento que aconteceu no Rio. Ele mantém sua voz firme e calma, como se quisesse garantir que não restassem dúvidas, reafirmando a verdade de sua versão.
Ele faz uma breve pausa, percebendo que os pais de Marina estavam atentos a cada palavra.
— Trato a Marina com o mesmo respeito e profissionalismo com que trato todas as minhas funcionárias — continua. — E, como prova disso, trago aqui uma lista das bonificações que costumo oferecer aos funcionários mais dedicados. Ela não está recebendo tratamento especial, mas sim o reconhecimento pelo trabalho que vem realizando.
Victor saca alguns documentos da pasta que trouxera consigo, mostrando as bonificações aos pais de Marina. José e Daniela examinam as folhas, observando os valores e detalhes com atenção. O nervosismo no ar parece diminuir gradualmente conforme percebem que talvez tenham julgado Victor de maneira precipitada.
— Não queremos interromper os sonhos da nossa filha — José finalmente comenta, com um suspiro pesado. — Mas… estamos apenas preocupados com a segurança dela.
Victor acena em concordância.
— Eu entendo, e não os julgo. Entretanto, vejo em Marina um enorme potencial e acredito que ela pode crescer muito na empresa.
Daniela, ainda séria, decide falar.
— Que bom que é apenas isso, pois ela namora um rapaz bom, trabalhador e honesto, e nós gostamos muito dele.
Victor mantém a expressão controlada, apesar de não gostar de escutar aquilo. Ele inclina-se levemente para frente e, com a voz baixa, declara.
— Claro, senhora. Já sei disso e, devo dizer, tive a oportunidade de comprovar o quão… “direito” esse rapaz é. — Seu tom sai de uma forma irônica.
O tom de Victor não passa despercebido por José, que franze o cenho, curioso com a insinuação.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...