O olhar tenso de Sávio denuncia sua inquietação. Ele não está disposto a deixar o assunto morrer até descobrir quem está interferindo em seu relacionamento.
— Fala logo, Mari! — exige, com a voz mais alta do que pretendia. — Quem está tentando destruir a nossa paz?
Marina o encara com o coração acelerado pelo estresse do momento. Quer o acalmar, mas sabe que qualquer palavra errada pode inflamar ainda mais a situação.
— Fala baixo, Sávio — pede, quase em um sussurro. — Meus pais podem ouvir.
— Então diz logo! — insiste ele, impaciente, os olhos fixos nos dela procuram por respostas claras e diretas.
Marina suspira, tentando encontrar as palavras certas. Não quer contar que foi Victor que disse aquilo, mas também não queria que aquele clima ficasse entre os dois.
— Olha, eu acredito em você, já disse isso. Possivelmente foi um mal-entendido. Quem me falou sobre isso provavelmente se confundiu — diz, tentando convencer não só a ele, mas também a si mesma. — Eu mesma vou esclarecer tudo, prometo.
Ele balança a cabeça, visivelmente contrariado. O peso das suspeitas o incomoda como uma nuvem densa sobre suas emoções.
— Não gosto disso, Mari. Mal começamos a namorar e já tem gente inventando história — murmura, frustrado. — Torci para a noite chegar logo, pois estava cheio de saudades de você, mas chego aqui e te encontro cheia de dúvidas na cabeça. Não quero que quem não saiba nada sobre nós tente estragar o que sentimos um pelo outro. O que sinto por você é real e sincero. Tudo o que quero é viver isso com você, sem interferências.
Sávio a abraça, como se quisesse envolvê-la em uma bolha de proteção, tentando afastar o que quer que esteja entre eles. Seus olhos a buscam com sinceridade, quase implorando por confiança.
— Não dê ouvidos ao que dizem. Acredite apenas em mim e nos meus sentimentos por você — pede, sua voz agora mais suave carrega urgência.
Marina morde o lábio, sentindo a culpa apertar seu peito.
— Me desculpa — sussurra, sentindo-se uma tola por sequer considerar que Sávio seria capaz de algo tão terrível. — Eu não devia ter duvidado de você.
Seus sentimentos ficam intensos como um furacão. Quando está perto de Sávio, há um certo conforto, uma segurança. Mas, ao pensar em Victor, tudo o que sente por Sávio parece se dissipar, como se o amor não fosse mais forte o bastante para sobreviver à presença daquele outro nome. O conflito dentro dela cresce, e ela não sabe como lidar com isso.
Sávio, alheio à luta interna de Marina, tenta suavizar o clima.
— Que tal tomarmos um sorvete? Prometo te trazer para casa cedo — sugere, tentando trazer leveza ao momento.
Marina assente, embora o peso na sua consciência aumente ao ver os olhos dele brilhando, cheios de carinho. Ele está ali, todo dedicado a ela, enquanto sua mente flutua entre a confusão dos seus sentimentos.
Com a resposta positiva, Sávio parece mais animado. Ele abre a porta do carro para ela entrar, com um sorriso que só faz aumentar o aperto no peito de Marina. Quando chegam à sorveteria e se sentam, ele não demora a contar a novidade que tanto quer compartilhar.
— O pessoal do trabalho está organizando um retiro corporativo na próxima semana — começa, com entusiasmo. — Vai ser em um resort de luxo na serra. Passaremos o fim de semana todo lá!
Marina levanta as sobrancelhas, surpresa.
— Um retiro? — repete, tentando imaginar como seria. — E o que vocês vão fazer por lá?
— Vai ser incrível! — responde, com um sorriso largo. — Além das palestras e workshops, teremos atividades de integração, jogos em equipe, sessões de relaxamento, tipo ioga e meditação… Será um fim de semana para nos renovarmos, sabe?
Ela o ouve, mas por dentro ainda se sente distante, como se uma barreira invisível estivesse entre eles.
— Parece interessante. Quanto tempo durará?
Ela senta-se ao lado dele, suspirando.
— Está, sim, pai. Só estou um pouco cansada.
— Parece preocupada — comenta, dando uma olhada rápida em sua filha. — Algo aconteceu com você e o Sávio?
Marina balança a cabeça, tentando encontrar palavras que façam sentido.
— Não sei… talvez. Eu só estou confusa.
José franze a testa, preocupado, e aperta a mão dela de leve.
— Namoro é assim mesmo. O importante é ter paciência e confiança. Se vocês se gostam, tudo vai se ajeitar.
Ela sorri, mas suas palavras não conseguem dissipar as dúvidas em seu coração. E enquanto sobe para o quarto, a imagem do sorriso de Sávio e os momentos compartilhados com Victor lutam por espaço em sua mente. A dúvida, persistente, faz com que ela questione se está, de fato, com a pessoa certa.
Deitada na cama, seus olhos vagam para uma foto que tiraram naquela noite. O sorriso de Sávio parece perfeito, genuíno, mas dentro dela o vazio ainda reina. Ela fecha os olhos, desejando ter alguém de confiança para poder compartilhar seus pensamentos, talvez com uma segunda opinião possa conseguir ter mais clareza com o que sente.
Pensando no que pode fazer, pega o celular e digita uma mensagem para Andressa.
“Podemos marcar uma noite para conversarmos? Preciso de um conselho”, digita e envia para a amiga.
Talvez Andressa pudesse ajudá-la a enfrentar seus conflitos internos, já que sua experiência em relacionamentos a tornava mais sábia e perspicaz para lidar com situações complicadas como essa.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...