Um Sheikh no Brasil romance Capítulo 18

Eu realmente não me sentia bem mentindo para Seth. Mas sabia que isso seria necessário. Ele não entenderia. Olha como ele reagiu com o meu pai, que ele só ouviu a história, agora imagine como ele agiria com Matheus e companhia depois de tudo o que ele observou? Depois de ele ter me ajudado tanto como ele fez naquele derradeiro dia.

A verdade é que eu não me sentia bem com isso também. Mas eu estava fazendo por um bem comum e nesse caso era a mãe dele que não precisava passar por tudo o que ela estava sendo obrigada a passar. Eu faria isso por ela.

— Aqui está bom, moça? — Perguntou o taxista e eu concordei enquanto saía do carro. Tinha me perdido nos pensamentos que nem sequer tinha percebido que já tinha chegado. Suspirei.

Meu coração parecia extremamente apertado enquanto eu subia para a praça de alimentação onde eu encontraria a mãe de Matheus. Enquanto o elevador subia, não pude deixar de fechar os olhos enquanto as lembranças daquele dia me vinham como uma espécie de pesadelo. Não sabia mais se era porque eu estava no elevador ou se eram as lembranças, mas eu sentia como se estivesse sufocando. A simples lembrança daquele dia e de todas as dolorosas marcas, toda a ideia tenebrosa de que eu poderia...

O elevador abriu e eu escapuli dele como se assim pudesse conseguir o ar que tanto queria. Já não sabia mais se era a melhor ideia encontrar com a mãe dele. Ele estaria presente? Eu esperava que não. Não aguentaria olhar para a cara dele depois de tudo isso.

Não demorei para avistar Laura que estava sentada tomando um pouco de suco enquanto mexia no celular. Já estava na faixa dos cinquenta anos, muito embora não tivesse um pingo de aparência de tal. Os cabelos curtos emolduravam a face, os olhos castanhos iguais ao de Matheus não se desprendiam do celular e ela estava com um terninho, provavelmente tinha acabado de sair do trabalho, já que a mãe dele trabalhava numa empresa.

— Senhora Laura? — Perguntei e assim que a mulher ouviu a minha voz, ela largou o celular na mesa levantando-se para me cumprimentar. Parecia extremamente feliz em me ver, quando, antes, quando eu namorava com Matheus, ela sequer tinha tempo para me dizer um oi. Me senti como um peixe fora d’água quando ela me abraçou dando-me dois beijos na bochecha. Como se fossemos íntimas de muito tempo.

— Ah, Você veio mesmo Agnes! Eu não acreditei que você viria de fato. — Me segurei para não respondê-la. Por que será? No mínimo, muito embora tenha contado da sua versão ruidosa e nojenta, Matheus deve ter lhe falado alguma coisa sobre o ocorrido. É óbvio que ela imagina, ainda mais se sabe como o filho dela é, o que ele fez a mim. Dessa maneira, é meio que óbvio porque eu teria todos os motivos do mundo para não vir de fato.

Ainda assim, me calei. Não queria lembrar de todas aquelas imagens que percorriam como flash a minha cabeça e pareciam me deixar tonta. Sentei de frente a Laura antes que eu tivesse uma síncope ali mesmo.

— Você gostaria de um suco, algo assim? — Neguei com a cabeça. A verdade é que, embora eu quisesse de verdade ajudar a senhora Laura, eu não queria mais nenhum contato com qualquer coisa que fosse Matheus e companhia. E eu não me sentia nada mal em me limitar às respostas, pois até tinha medo de acabar falando umas poucas verdades que quem merecia era Matheus e não a senhora a minha frente.

— Aconteceu algo? A senhora ter me mandado uma mensagem tão de repente. — Disse já curta e grossa. Não queria estender por mais estendido que estivesse qualquer assunto envolvendo Matheus. Percebendo a minha pressa para que ela não fizesse rodeios e falasse logo de uma vez o que quisesse, Laura suspirou enquanto começava a batucar com a ponta das unhas dos dedos tingidos de esmalte vermelho enquanto ela parecia arrumar as melhores palavras para falar comigo.

— Matheus anda me preocupando muito, Agnes. — E dito isso Laura voltou seus olhos na minha direção que, para minha surpresa, estavam marejados de lágrimas. Quase pulei da cadeira naquele segundo. Era algo sério. Laura poderia ter descoberto a insanidade que parecera tomar conta do seu filho?

— Porque? — Perguntei mais para continuar a conversa do que porque eu realmente queria saber. Ela pareceu perceber isso já que despejou-me:

— Ele andou fazendo umas coisas erradas. Eu não sabia da gravidade dos erros nos quais ele estava se metendo. Ele me disse que você estava traindo ele e que ele descobriu isso quando você não quis ficar com ele e que até apanhou do seu suposto namorado. — Ela disse com os olhos voltados em atenção para mim. Eu imaginei que ela quisesse que eu falasse algo a respeito. A atenção dela era para alguma expressão que eu fizesse, que eu me auto incriminasse ou coisa do tipo. Mas a verdade é que depois de tudo o que eu vinha passando com Sophia, a minha última preocupação era o que as pessoas achariam ou deixariam de achar de mim. Eu não ia alimentar conversas. Tampouco precisava me defender para uma pessoa que eu não queria contato. Ela que ficasse com qualquer opinião que ela quisesse minha, mas eu não ia alimentar a vontade dela de saber sobre qualquer fofoca. Isso eu não ia fazer mesmo.

— Bem. Eu, como mãe, num primeiro momento acreditei, entende, Agnes? — Eu não concordei nem discordei. Minha cabeça parecia dar pequenos zumbidos que me faziam ouvir partes do que os outros falavam. Eu não estava me sentindo bem próxima da senhora Laura. Ela continuou: — Então ele fez outras coisas que me fizeram ver que ele estava com problemas. E estou agora pedindo a sua ajuda, pois eu e o pai dele queremos que ele faça terapia, para melhorar, mas ele não nos ouve. — Eu quase senti vontade de rir nesse momento. Eu? Eu ajudar? Eu que ele quase tinha apertado meu pescoço até eu morrer? Como eu poderia ajudar em alguma coisa?

— Ele andou roubando na empresa do pai dele. É óbvio que o meu marido conseguiu fazer com que o assunto desaparecesse. E achamos que era coisa de adolescente, sabe? O Matheus ainda é um pouco infantil, minha querida. Eu sei disso. Mas então... — E os olhos de Laura ficaram obscuros como se ela se lembrasse da outra tragédia que ele tinha feito. Esperei enquanto ela parecia arrumar forças para falar.

A praça de alimentação estava muito cheia ao que era difícil que as pessoas ouvissem sobre o que estávamos conversando. Mas, mesmo Laura tendo sussurrado, eu ouvi, ainda assim, em bom tom o que ela estava se segurando para dizer.

— Ele matou os nossos dois gatos que estavam em casa. Era um casal. Magnólia e Calvin. Nós temos câmeras na cozinha, sabe? Para filmar a empregada que fica em casa para ela não fazer nenhuma besteira. Mas a câmera ficou ligada depois que a empregada foi embora e eu e o pai dele vimos... — Ela segurou o ar enquanto parecia se segurar para não cair em mais lágrimas ainda. Arregalei os olhos. — Ele costurou um gato no outro dizendo que se era para ficarem juntos, que ficassem juntos até a morte. — E dito isso Laura começou a chorar parecendo lembrar da cena que eu preferia nem ter ouvido, pois agora a minha imaginação fértil só conseguia imaginar a cena deplorável e o meu estômago que não tinha comido nada até então, pareceu se embrulhar catastroficamente enquanto eu só conseguia sentir uma ânsia de vômito se assolando de mim imaginando o olhar tenebroso que Matheus tinha me dirigido na Alemanha sendo dirigido aos gatos.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Um Sheikh no Brasil