Ali estava eu, de frente ao elevador que me levaria ao andar onde Matheus e Laura estavam. Não conseguia adentrar o elevador ficando apenas o encarando enquanto esperava que uma luz divina pudesse me empurrar ali para dentro.
Não sei quantos segundos fiquei encarando o elevador, apertando o botão para que ele não fechasse a porta, mas sem nenhuma vontade de subir. Por fim, sem opção alguma, acabei adentrando o elevador e esperando que eu não morresse.
Ainda me perguntava como seria encarar Matheus depois de tudo o que ocorrera. Por tanto tempo eu havia ficado com as marcas das desgraçadas mãos dele. Meu coração parecia palpitar sobre o peito a quase sair, mas não como uma sensação boa, no entanto, como se eu estivesse tendo uma taquicardia por medo.
Quando adentrei o consultório não tive sequer tempo de processar as informações ou como era o consultório, pois para minha surpresa, Matheus deu um grito de contente:
— Agnes! — E para minha surpresa, que não esperava tamanha alegria vindo dele, simplesmente acompanhei petrificada quando ele me abraçou com muita força em seguida pegando minhas mãos entre as suas e beijando as pontas dos dedos.
A sensação de repulsa se fazia presente. Eu simplesmente não conseguia ignorar lembrar daquele dia, do dia que eu quase tinha sido estuprada. De que quem olhasse Matheus agora, agindo dessa maneira tão estranha e de certa forma ingenuamente carinhosa, não imaginaria o que ele tinha sido capaz de fazer. Eu só conseguia sentir nojo. Nada mais.
As marcas, o medo, tudo veio à tona enquanto eu me sentia sufocando novamente. Parecia que eu estava novamente naquele quarto sufocante, a sensação de tentar fugir e não conseguir. Pior, Seth não estava no cômodo ao lado para me salvar. Para me ajudar com qualquer coisa que acontecesse.
Na mesma efetividade que Matheus apertou e beijou meus dedos, ele escapou para o consultório da psicóloga enquanto eu só conseguia ficar parada, olhando a porta que tinha sido acabada de bater e esperando que eu encontrasse forças na minha perna para fugir como um instinto de sobrevivência.
Fechei meus olhos enquanto sentia que lágrimas se ajuntassem no canto dos meus olhos. Eu simplesmente não conseguia mais sentir nada por Matheus, se é que um dia eu pudesse dizer que já senti algo por ele. Estava tão envolta em tudo o que ele me causava que sequer percebia o relacionamento abusivo que eu vivia com ele. Apenas ao conhecer alguém que me tratava com carinho, com amor e, de fato, com tudo o que eu merecia, era que eu percebia que tinha vivido algo ruim a minha vida toda. E agora que eu tinha experimentado o que era de fato bom, eu não queria nunca mais viver algo ruim como outrora eu tinha vivido.
— Eu disse, ele anda um pouco bipolar. — Arqueei uma sobrancelha. Um pouco bipolar? Ela estava sendo um pouco comedida com suas palavras, visto que Matheus parecia mais do que bipolar. Ainda assim, preferi nada falar enquanto esfregava os olhos tentando tirar do rosto o que poderia ser um começo de lágrimas e me sentei ao lado de Laura que suspirava.
— Ele precisa de ajuda, Agnes. — Ela disse como se eu já não tivesse percebido isso. Novamente, não sentia vontade de falar. Mas Laura continuava insistindo que eu falasse alguma coisa. — Eu acho que ele te ama muito.
Depois dessa eu não consegui e acabei soltando uma risada sarcástica. Se a intenção de Laura era que eu falasse, ela tinha conseguido isso com uma maestria incomum, porque eu não só queria falar, como queria contestar tudo o que ela falava.
— Me amar muito? — Ri novamente. — Você só pode estar de brincadeira com a minha cara, Laura. — Ela pareceu assustada com a minha atitude.
Mas eu já estava aguentando tudo calada, porque realmente queria ajudá-la, ela que, como mãe, eu pensava realmente que estava precisando de muita ajuda com seu filho. Pelo visto, não somente o filho precisava de ajuda. Novamente, respirar não estava adiantando para mim. A esquentadinha voltando com tudo.
— Ele me amar muito? Você tem noção do que você está falando? Ele então é um maluco que precisa ser internado! Pois desde quando você tenta estuprar quem você ama? Desde quando você machuca quem você ama? Quem tenta, afinal, enforcar quem ama? Mas meu Deus! Ou eu não compreendo o que é amor, ou, o que é mais sensato, na minha opinião, ele é um maluco desvairado! Por que isso não é amor, Laura! Isso é doença. — E finalmente respirei aliviada. Eu realmente estava precisando soltar aquelas palavras que estavam entaladas na minha garganta.
Laura realmente pareceu assustada com tudo o que eu falava, me olhando como se eu tivesse cometido um insulto falando aquelas poucas verdades para ela. Mas merecia. Eu não ia aceitar que ela me dissesse que ele me amava quando eu enxergava exatamente o contrário.
— É a forma dele de mostrar o amor dele por Você, Agnes. — Tentou Laura, o que me fez revirar os olhos achando graça novamente daquela desculpa de Laura. Eu realmente não levantava e ia embora, pois tinha medo que o louco do outro lado do consultório surtasse com a mãe dele caso visse que eu tinha ido embora.
— Eu peço desculpas, Laura. Mas eu não aceito esse tipo de amor e nunca vou aceitar. Isso, para mim, é doença. E deve ser tratado como igual. — Laura assentiu.
— Mas nem deve aceitar, Você está noiva de outro homem. Mesmo que ele a ame, Você é de outro agora, não é mesmo? — Alfinetou Laura. Ela estava como Matheus querendo testar minha paciência? Concordei, balançando a cabeça. Não queria mais falar sobre esse tipo de coisa.
Como num passe de mágicas, Matheus abriu a porta do consultório sorridente. Laura arregalou os olhos enquanto perguntava:
— Mas já? — A psicóloga que vinha atrás com o rosto lívido e branco como um papel concordou enquanto parecia arrumar a voz e dizer:
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um Sheikh no Brasil
Maravilhoso, amei a história. Parabéns a autora, soube prender minha atenção com comedia, ação, drama e romance na medida certa....