— Não acredito que estamos num hotel tão chique assim. — Disse Fernanda enquanto abria a porta do quarto que ela e Agnes iam ficar, que seria em andar diferente do meu para que realmente não houvesse comentários sobre algo do tipo entre minha noiva e eu. Sorri.
— Vocês então se arrumem que as nove horas estarei passando aqui, tudo bem? — Disse e as mulheres concordaram enquanto eu retomava o andar onde estaria o meu quarto e seguia com Alfred a meu encalço até o mesmo.
— Seth... — Disse Alfred e eu voltei minha atenção para ele franzindo o cenho.
— Pois não?
— Ainda assim vão falar... — E era como se Alfred estivesse lendo meus pensamentos. Sorri. Eu sabia disso. Sabia que mesmo assim haveriam fofocas. Pelo fato de Agnes não estar com uma figura masculina da sua família, o que deveria ser a questão. Não estava, de fato, fazendo como cumpria. Mas se já tinha sido para minha Agnes entender a questão do cartão, a questão de chamar alguém para ficar com ela, quem dirá que ainda fosse uma figura masculina da família a estar ali com ela. Agnes conseguia ser bem piradinha quando precisava e certamente nessa hora, se eu dissesse isso, ela com certeza diria que não importa e que ia ficar num quarto ao lado do meu e era isso, que falassem o que quisessem. Suspirei.
— Eu sei Al, eu sei.
Na hora marcada, fiquei de frente a porta das mulheres esperando que elas saíssem. Achava que seria indelicadeza minha bater a porta, dizendo que já estava na hora, ao que só me restava fechar os olhos, encostar a cabeça na parede e esperar que as mulheres abrissem a porta e saíssem quando estivessem prontas.
Depois de meia hora esperando que elas saíssem, a porta, finalmente foi aberta. Primeiro saiu Fer, que não me ative muito a olhar, já encontrando o olhar da minha noiva logo atrás. Linda. Maravilhosamente bela.
Os cabelos estavam presos num lindo coque com mechas soltas em cachos que emolduravam a sua face. Os olhos estavam levemente delineados enquanto os lábios brilhavam num tom rosado. Mesmo de salto, Ag ainda era pequena se comparado a mim. Mesmo assim, linda. Um anjo.
Fiquei alguns segundo a olhando ainda, experimentando olhar para a beleza que me fizera querer ela cada vez mais. A pessoa que tinha me cativado por inteiro, com sua loucura, com seu jeito único de ser e de agir.
— Vamos? — Ela perguntou e eu concordei estendendo o braço para que ela o pegasse. Ela aceitou de bom grado e Fer falou:
— Ah, quero o outro braço também. — E Agnes estendeu o braço dela, que Fer acatou de rapidamente pegar enquanto nós três seguíamos para a festa.
Mal chegamos e uma escola de samba começa a tocar um ritmo frenético e dançante que não só a mim, mas a todos os presentes faz sorrir. Não demora para que o Senhor Paulo, com quem meu pai vinha fazendo negócios venha nos receber para sua humilde festa, como ele tinha chamado e que não era exatamente o que eu chamaria de tão humilde assim.
— O Som mais genuinamente brasileiro! — Disse o homem enquanto aproximava de nós. Carregava uma taça com cerveja na mão e a barriga avantajada estava esmagada pelos botões de uma blusa social. Tinha um sorriso amistoso no rosto e vinha acompanhado de uma mulher, que logo apresentou: — Senhor Seth, esta é minha esposa, Kátia. — E dito isso uma mulher sorriu enquanto se aproximava de mim. Comecei a me afastar de instinto, ao que Agnes falou:
— Não há muito costume de homens e mulheres se tocarem, lá... — Disse como se explicasse a minha tentativa de fuga. De certa forma sim, ainda que nem eu mesmo compreendesse o que eu, tão acostumado com o mundo ocidental, tivesse feito agora. Aquilo não era muito do meu feitio.
Kátia concordou com um sorriso desmanchando sobre os lábios. Pensei se teria magoado ela com tal ato, mas não saberia dizer. Na verdade, não estava conseguindo nem olhar direito para Kátia sem me sentir de certa forma incomodado. Não era algo que eu pensasse muito antes, mas agora, vendo-a, parecia claro que tudo o que Kátia menos queria era que eu tivesse uma conversa saudável com ela, pois eu podia ter tudo, menos uma conversa saudável com uma mulher que eu só via os seios.
Kátia estava quase que com os peitos pulando para fora, literalmente. E nem sei se estava usando um vestido ou um maiô. Não saberia dizer. Não entendam mal, mas não era intolerância quanto a vestimenta dela. Afinal, eu não me importava com que ela ou qualquer outra mulher estivesse vestindo. Mas eu tinha a simples ideia de que, na minha impressão, os homens estariam muito mais falando com ela por conta dos atributos que ela deixava claro que poderia oferecer, nem que fosse o atributo de simplesmente poder ali a noite toda ficar olhando os seios dela, do que de fato, porque ela de fato tinha um bom papo.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um Sheikh no Brasil
Maravilhoso, amei a história. Parabéns a autora, soube prender minha atenção com comedia, ação, drama e romance na medida certa....