Não demorei para que me recuperasse. Minha irmã precisava de mim e eu precisava resolver tudo o que precisava até o momento que Seth voltasse. Sabia que não ia demorar e que precisaria estar com tudo pronto para quando ele estivesse aqui. E era com isso em mente que eu decidi começar a me preparar.
Os dias pareciam andar rapidamente, o tempo e a dor da saudade diminuindo conforme o tempo passava, embora nunca sumissem. Seth me ligava todo dia de noite, que era um pouco mais do que a manhã de lá, o que permitia que nos falássemos rapidamente, pois ele realmente estava tendo que resolver muitas coisas.
— Algumas pessoas aqui, por algum motivo que não faço ideia amira, estão ávidas por saber qual o seu tipo sanguíneo. Os repórteres não param de me pedir por tal informação e eu realmente acho que não sei muita coisa de você, pois não faço ideia de que resposta dar para isso. — Disse Seth e eu comecei a rir, pois os repórteres pareciam saber exatamente qual tipo de pergunta louca eles podiam fazer que a gente não saberia responder. Essa era uma delas.
Eu sabia e tinha noção de que não conhecia Seth o suficiente para já tão de repente me casar com ele. Mas sabia também que muita coisa só era possível descobrir depois que nos casássemos. Mas essa pergunta estranha que os repórteres tinham feito era, de fato, algo que eu sequer imaginaria perguntar para Seth, a não ser que eu realmente tivesse a necessidade louca de saber.
— Sou A positivo e você? — Perguntei e Seth sorriu.
— B positivo. — Ele respondeu sorrindo.
A nossa conversa fluía rapidamente, um pouco todos os dias. No entanto, esse pouco não impedia que eu conhecesse um pouco mais do meu noivo. Como por exemplo que sua cor favorita era vermelho e que aquilo que um dia eu chamei de toalha de mesa na cabeça era, na verdade, um Keyffier. Ele também tentava me mostrar as estrelas, pelas quais ele era apaixonado e, para tanto, ele tinha um telescópio. Eu não pude deixar de lembra-lo da vez que eu li sua agenda, que ele estava esperando ver alguma coisa que estava visível naquele dia. Ele riu da lembrança.
Outras coisas sobre mim ele também passou a saber e, inclusive, me inquiriu a voltar a fazer, que era as consultas que eu realizava com um médico clínico chamado Doutor Eduardo. Ele sabia que eu tinha o costume de ter o pavio muito curto e estourar fácil se me tirassem do sério e ele que havia me ensinado a contar mentalmente o meu nome quantas vezes fosse necessário para que eu esquecesse da raiva que me consumia.
Era óbvio que com Seth isso não tinha dado certo.
Certa vez até minha mãe apareceu no facetime de forma que eu tive que traduzir para Dona Zilena a conversa que as duas passaram a ter na frente de mim e de Seth.
— Olá, eu sou a Martha. — Disse minha mãe e eu passei a traduzir integralmente para Dona Zilena o que minha mãe dizia e traduzir o que Zilena falava para minha mãe.
— E eu sou Zilena, a mãe de Seth. Ele aprontou muito quando esteve aí com você? — Perguntou Zilena e minha mãe riu balançando a cabeça negativamente enquanto respondia:
— Não, que isso! Se comportou perfeitamente bem! A família toda se encantou por ele. — E Zilena sorriu.
— Tenho a Agnes como uma filha também. Ela é uma pessoa muito boa. — E eu passei a corar enquanto dizia isso para minha mãe.
— Eu também acho. Ambos se combinam. Não vejo a hora de vê-los juntos e felizes. Depois do susto que eu e ela tivemos com a irmã dela, é o que ela mais merece. — E Zilena concordou.
— Claro, claro! Eu acho o mesmo. Em falar nisso, como está a sua outra filha? — E mamãe respondeu:
— Está ótima, graças a Deus. Se continuar assim, quando o Seth voltar, poderemos todos ir para ir. Nunca sai do país. — E ali começava uma conversa que não teria fim.
Não sei por quanto tempo a conversa ainda continuou comigo traduzindo. Pareciam duas amigas que não se viam há anos e que agora que tinham finalmente se reencontrado tinham que colocar o papo em dia, pois havia muita coisa para falar. Contudo, conforme elas conversavam, eu e Seth que ficávamos de escanteio, sem ter muito o que fazer enquanto os poucos e rápidos minutos que tínhamos para conversar durante os dias fosse acabando e nós ficando sem se falar por mais longas vinte e quatro horas terríveis.
Me despedi de Seth naquele dia com uma pontada no coração de não poder vê-lo, tocá-lo e da distancia enorme que nos impedia de ficarmos juntos logo. Ao mesmo tempo, eu estava feliz em saber que os dias estavam passando e que logo eu voltaria a encontrar Seth e ir para Omã.
Quando desliguei o telefone percebi que minha mãe estava um pouco pensativa e fiquei a olhando esperando que ela compartilhasse seus pensamentos que estavam longe. Quando ela pareceu acordar do transe, ela disse ainda com os olhos vidrados em um ponto no meio do quarto:
— Eu vou aproveitar esse tempo e vou começar um curso de inglês intensivo. Aprender alguma coisa enquanto a gente não viaja. Eu acho que preciso aprender a me comunicar melhor sem depender de alguém. — Disse mamãe.
— Eu acho também, mãe. Não que seja ruim depender de alguém. Mas a senhora já fez tanto por mim e por Sophia. Precisa aproveitar um pouco mais a vida, fazer um curso de inglês, viajar mais. Essas coisas. — E minha mãe deu de ombros concordando comigo, mas sem mais nada dizer.
*
Algumas primas minhas tinham vindo ao meu encontro e eu estava curiosa do motivo, pois elas tinham dito que eram urgente e ao entrarem na minha casa, estavam com o rosto lívido sem saber muito bem o que responder. Franzi o cenho diante da cara de preocupação das meninas enquanto perguntava ainda com relativo medo:
— Aconteceu alguma coisa? — E uma delas, Monique, balançou a cabeça negativamente.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um Sheikh no Brasil
Maravilhoso, amei a história. Parabéns a autora, soube prender minha atenção com comedia, ação, drama e romance na medida certa....