Acho que a primeira mulher a entender o que era tortura foi a mulher que tinha uma avó e uma mãe para acabar com a paciência dela com coisas de tirar o folego como o chamado comprar o seu enxoval.
Isso parecia a coisa mais velha que eu já podia ver no mundo, mas minha mãe e minha vó insistiam que eu precisava de alguma coisa, embora eu não visse sentido sequer no que elas queriam dizer com a palavra enxoval.
Mas tudo bem. Lá estava eu, minha mãe e minha vó andando por lojas e procurando o que minha mãe dizia ser fundamental num começo de casamento: Uma colcha de cama bonita.
— Mas me diga, Agnes... O seu noivo entende que a gente é do povo não é mesmo? Por que só porque você agora tem dinheiro, não vou deixar de procurar as coisas na vinte e cinco. — E minha vó dizia isso, pois realmente estávamos na vinte e cinco de março procurando alguma coisa que despertasse a atenção das duas.
— Sim vó. Ele entende. — Disse num suspiro, mas minha vó continuou:
— É, pode ser. Ele pareceu se sair muito bem com os seus tios ouvindo sertanejo nas alturas e comendo carne. Acho que vai dar tudo certo. — Concordei com vovó, mas a verdade é que não estava ouvindo nada direito. Eu só queria que os dias angustiantes passassem logo, se é que fosse possível isso.
Eu diria que o dia passeando com minha vó e minha mãe foi o mais angustiante da minha vida, pois eram tantas coisas para ver, tantas coisas para prestar atenção, como a melhor cor de toalha! E elas acham que eu ligava qual a melhor cor de toalha que combinava com a mobília da cozinha? Ou se eu sabia diferenciar se uma colcha tinha sido trabalhava a mão ou feita na máquina? Para que tudo isso, Meu Deus?
As vezes eu pensava que estava numa espécie de tortura particular. Principalmente quando minha vó começava com a ideia de misturar renda nas toalhas e pior de tudo quando ela decidiu, por conta própria, sem pedir minha opinião, que faria uma toalha com os nomes bordados de nós dois, pois um casal tinha o dever de ter toalhas com os nomes deles bordados nas toalhas, se não o que eles estavam tendo sequer poderia ser chamado de casamento. Palavras de minha vó.
Mas o pior de tudo, para meu infeliz azar, não foi com elas. No outro dia, Fer dizia que precisava encontrar comigo para me levar num lugar muito importante. E que nem que ela me buscasse a força, eu iria nesse lugar com ela. Fiquei confusa sem entender nada do que ela dizia, mas acabei aceitando mesmo assim. Afinal, Fer era minha amiga. Ela não me colocaria num perigo mortal e risco de vida, não é mesmo?
Na verdade, eu tinha esquecido que estava falando de Fernanda. E embora para mim fosse risco de morte infinita, para Fer isso não representava nada. Ela apenas dava de ombros. Para ela não era nada que estivéssemos, naquele momento, numa loja de... Intimidades muito particulares. Vulgo Sexy Shop.
— Eu não acredito que você está me levando aqui. E se alguém tira uma foto? Vou ser a mulher mais falada de toda Omã, Fer! — Sussurro para ela, pois não quero nem pensar que os vendedores ouçam uma palavra do que estou falando. Estou é morrendo de frio, com a sensação de que posso estar sendo vigiada por papparazzi’s a qualquer momento.
No entanto, eu sei que isso não é de todo mentira. Estou sendo vigiada, mas não são por papparazzi’s. Akin, o guarda pessoal que Seth designou para mim fica andando a certa distancia de mim para que outras pessoas não percebam, mas eu percebo a sua presença angustiante e incomoda e, pior, saber que ele está ali, vendo que eu estou adentrando uma loja dessas, parece trazer uma sensação de horror e eu só consigo pensar em como meus neurônios estão pifando de tanto pensar.
— E qual o problema com isso, Ag? Você pode ser a primeira mulher a mostrar que não é errado ir num lugar desses. — Revirei os olhos. O problema não era ser errado, Fer. O problema é que nem mesmo eu me sentia bem num lugar desses! Minhas bochechas estavam queimando de vermelhidão e eu estava suando frio só de pensar no que comprar ali. O pior de tudo, pensar que eu e Seth...
Até então eu tinha deixado de pensar num assunto tão delicado desse para mim. Eu sabia que um casal tinha a sua intimidade, oras essas. Todos os casais tinham suas intimidades. Mas pensar que depois do casamento, eu e Seth...
Isso sim era algo que eu não vinha pensando com muita atenção.
Eu era virgem. Não entendia nada desses assuntos e nunca tive muito como conversar sobre essas coisas com minha mãe. O pouco que eu sabia era dos comentários que vez ou outra Fernanda fazia ou que eu pesquisava na internet. Mas a verdade é que eu não sabia nada! Não sabia como me portar durante o ato, como seria, o que aconteceria, o que eu deveria estar usando, não sabia um monte de coisas! E só de compreender isso, a agonia parecia aumentar em meu coração.
— Não se preocupe. Vai dar tudo certo. — Disse Fer como se tivesse lendo meus pensamentos e eu só consegui sorrir fracamente para ela, pois não tinha a mesma certeza que ela.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um Sheikh no Brasil
Maravilhoso, amei a história. Parabéns a autora, soube prender minha atenção com comedia, ação, drama e romance na medida certa....