Um Sheikh no Brasil romance Capítulo 47

Minha cabeça parece estar rodopiando como se eu tivesse voltado ao brinquedo de xícara que outrora estivera com Seth.

Não sei exatamente o que está acontecendo e minha cabeça está latejando. Eu teria caído no chão como inúmeras vezes já fiz e agora estou num hospital? A ideia parece ser plausível para o meu cérebro que prefere não pensar em mais nenhuma coisa, pois a ideia de pensar já causa um estilhaço mental muito grande para o latejamento que não para nunca.

Abro meus olhos ainda tonta e recebo uma onda de claridade muito grande que me faz fechar os olhos novamente, cega momentaneamente diante de tudo. Normalmente hospitais nos deixam cegos com suas luzes monocromáticas assim, mas não sei exatamente o que está acontecendo. Minha cabeça dói.

Antes que eu consiga pensar em qualquer coisa plausível e volte a abrir meus olhos, sinto uma outra dor nauseante e quando percebo, já de olhos abertos, estou cuspindo sangue e sinto o meu nariz sorver sangue enquanto tontamente tento levantar minha cabeça da sensação angustiante de estar engasgando com o meu sangue.

Acho que no hospital ninguém te dá um soco no nariz.

Ouço uma risada e as imagens parecem voltar uma a uma no meu cérebro enquanto me sinto uma tonta com o nariz provavelmente quebrado jorrando sangue. Malditos vazinhos do nariz que não param de jorrar sangue nunca.

Uma a uma vou lembrando das imagens fantasmagóricas que aparecem no meu cérebro. Akin morto com um tiro, Matheus e Desiree juntos, uma pancada na cabeça, eu ali em algum lugar obscuro com um soco no rosto e a confusão mental que parece sorver a minha mente junto do latejamento sem saber exatamente o que eu fiz para merecer tamanho carinho antes mesmo de acordar.

— Vadia vagabunda! Está acordada? — Ouço a voz de Desiree num sotaque arrastado ao falar comigo em inglês. Não me dou ao trabalho de responder. Na verdade, nem sei se sou capaz de o fazer. Apenas espero o outro soco que imagino que ela me dará.

— Era para eu estar sendo a noiva dele! Eu! Não Você sua filha de uma égua, seu porco imundo e nojento. — Diz Desiree com um ódio gigantesco de mim. Engulo em seco. Não sei exatamente o que dizer, nem sei se devo falar algo ou se isso é aparentemente um monólogo. Desiree continua: — Sabe como eu vinha me preparando para isso? Eu havia treinado muito! Eu havia estudado a família Abdul! Sabia sobre os desejos de Seth, do gosto de Zilena e até mesmo como convencer o pai dele de que eu era uma pessoa boa. Eu sabia tudo! Eu era a candidata perfeita! Seth com certeza não ousaria em me ter no lugar daquela Nadirah idiota! Mas não, Você tinha que estragar tudo não é mesmo sua vadia porca? — E finalmente o soco que eu esperava veio novamente, só que dessa vez não no nariz, mas sim na bochecha, fazendo o meu rosto virar para o outro lado.

Eu acho que Deus deve ter criado a minha existência para me meter em problemas, porque em nenhum momento eu queria ser alvo da vingança de outras pessoas, ainda mais quando eu não tinha feito nada com o intuito de tirar os outros do jogo ou fazer mal. Mas, aparentemente, eu era o alvo perfeito para ser acertada por impropérios e por pessoas das mais variadas a quererem que eu me ferrasse. E eu não discordava delas. Talvez eu tivesse tido uma sorte muito grande com Seth mesmo. A sorte de que ele viesse a gostar de mim e querer ter algo sério comigo da mesma maneira que eu queria e sentia por ele.

Não é todo mundo que tem a sorte de encontrar sua outra metade.

— Eu era para ser noiva!

— E ela era para ser minha! — Disse Matheus logo em seguida e ele começou a rir. — Mas ela ainda será minha. Seth não vai tirá-la de mim. — E Desiree revirou os olhos diante do comentário enlouquecido de Matheus enquanto eu só conseguia pensar em uma pergunta que logo veio a minha mente:

— Era tudo uma faixada então? — Ambos me olharam sem entender o que eu estava querendo dizer, como se eu tivesse enlouquecido de vez, mas eu continuei: — Você só estava fazendo terapia para sempre saber onde eu estava, não é mesmo? E sua mãe ajudou em tudo isso! — Disse e Matheus riu diante da minha angústia ao perceber que tinha sido realmente traída, até mesmo por uma mulher muito adulta.

— Sim, Amorzinho. Mamãe estava com medo, na verdade. O papai desaparecido por minha culpa e a necessidade que ela tinha de saber onde ele estava para viver com ele novamente, com o intuito de tê-lo novamente, ela fez o que eu pedi. Ou Você nunca percebeu a forma como ela mexia as mãos? Eu percebi, ainda bem, antes de Você, que ela estava tentando dizer em língua de sinais que Você a ajudasse. Do contrário, o plano não teria dado tão certo como eu queria. — E Desiree sorriu concordando.

— Conquistar Akin não foi difícil e mata-lo menos ainda. Eu diria que o Sheikh deu muito mole. — Disse a mulher e eu balancei a cabeça sem acreditar em tudo o que eu ouvia. Parecia ser demais para mim.

Eu tinha sido enganada. Era tudo uma forma de me manter sempre cativa e por perto de forma a depois conseguirem o que tanto queriam. Não. Matheus já não tinha mais salvação. Ele estava completamente mudado. Insano. E isso era ainda mais facilmente perceptível pela forma como ele me olhava, com desejo e ardor, mesmo diante do sangue que saía do meu nariz e do meu rosto inchado.

— E agora eu finalmente vou ter o que tanto quis. — Diz Matheus seguindo na minha direção. O sino de alarde pareceu ressoar na minha cabeça percebendo o que ele queria dizer com isso e meus olhos se arregalaram não querendo acreditar no que aconteceria ali, naquele momento.

— Ainda não, Matheus. Concordamos que seria apenas quando as duas horas passarem. — Disse Desiree, mas Matheus olhou-a raivosamente enquanto respondia:

— Eu não concordei com merda nenhuma dessas! Eu vou tê-la aqui e agora nesse momento. Se quiser se afastar, que se afaste Desiree, mas se quiser olhar, sinta-se à vontade para ver um belíssimo show. — Disse Matheus com um sorriso sinistro no rosto o que me fez sentir lágrimas a sorver minha visão enquanto um monte de lembranças terríveis que eu vinha tentando esquecer começavam a se somar na minha mente em grande confusão.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Um Sheikh no Brasil