Sandra estava completamente insana, fora de si. Era assustador vê-la falando como se ainda fôssemos um casal, como se o passado não tivesse deixado marcas… Aquilo era simplesmente surreal.
Não havia como explicar o que estava acontecendo, só sabia que aquilo era loucura pura.
E, ironicamente, foi essa loucura que me deu uma segunda chance. E eu a aproveitei da melhor forma possível.
Mandei-a de volta para o hospital psiquiátrico, deixando-a gritando meu nome enquanto eu me afastava. No entanto, com ela, eu não cometeria o mesmo erro que cometi com Olivia.
Daquele momento em diante, eu verificaria sua situação sempre que pudesse, só para garantir que estivesse recebendo exatamente o que merecia.
Afinal, ela havia mexido com a pessoa errada.
Pensou que fosse inteligente ao me manipular daquele jeito, fazendo com que eu mandasse minha esposa para a prisão injustamente, obrigando-me a deixá-la trancada lá dentro.
Para completar, ainda sussurrava promessas no meu ouvido, e eu, como um tolo, acreditava em cada palavra.
Mas isso não iria se repetir.
Eu havia aprendido a lição, e Sandra pagaria caro.
Luke sairia da minha vida de uma vez por todas, e eu poderia me concentrar em reconquistar minha esposa.
Pois tínhamos perdido tempo demais por culpa de tudo o que Sandra fez, e eu não pretendia desperdiçar mais um único minuto.
Então, corri até o terceiro andar, tomado pela ansiedade de vê-la, de finalmente poder explicar tudo…
Queria abrir meu coração e contar meus planos em relação à Sandra, mostrando como pretendia compensá-la por todo o mal que lhe causei.
E se ela me pedisse qualquer coisa, eu faria.
Entregaria o mundo, se fosse isso que a fizesse ficar.
Olivia era o meu coração, e eu vinha sobrevivendo sem ele há muito tempo.
Com isso, só precisava tê-la de volta para, enfim, me sentir completo.
Quando cheguei ao terceiro andar, apressei o passo até o quarto de Marcus, e, assim que me aproximei, vi Ethan parado ali.
E diante disso, uma fúria me invadiu.
"Aquele desgraçado não havia entendido a surra que levou?" Mesmo que não tenha sido tão grave, já que eu ainda não estava em plena forma, ele deveria ter captado a mensagem.
— O que diabos você está fazendo aqui? — Perguntei, assim que me aproximei.
Ele virou-se para mim.
Seus olhos estavam vermelhos, como se tivesse chorado.
Minha raiva diminuiu, e a preocupação tomou conta do meu rosto.
"O que poderia ter acontecido com ele? Será que Marcus havia morrido?
Deus... Isso até que seria o ideal."
Antes que eu pudesse perguntar qualquer coisa, ouvi gemidos.
Com isso, franzi o cenho, encarando Ethan.
No entanto, ele permaneceu calado, apenas voltando o olhar para a porta.
"Não. Aquilo não podia estar acontecendo…"
— Ethan? — Chamei, sem nem saber por quê. Aquilo simplesmente não podia ter vindo da Olivia…
Não podia, em hipótese alguma, ter sido feito por minha esposa…
Era impossível… Ela nunca faria aquilo!"
Ethan fungou, ainda fitando a porta fechada.
Logo, senti minhas pernas fraquejarem, e procurei algo para me apoiar.
"Não, Olivia... Não…!"
Meu peito se apertou, e a tensão se acumulou nos meus ombros.
"Não!"
Os gemidos ficaram mais altos, mais intensos.
E aquilo tudo estavam me enlouquecendo.
"Era ela.
Minha esposa, ali dentro.
Não! Ela não podia estar fazendo aquilo…!"
— Ethan... — Minha voz saiu como um sussurro.
Meu amigo me olhou com piedade no olhar.
Mas, à medida que me observava, essa pena deu lugar à raiva.
— Isso é tudo culpa sua.
Ergui a sobrancelha, mas permaneci em silêncio.
No fim das contas, pouco importava o que ele pensava.
Me afastar daquela porta.
Fingir que não tinha escutado nada e me concentrar em trazê-la de volta.
Mas meus pés pareciam concretados ao chão.
Simplesmente... Eu não conseguia me mover.
O jeito como ela gemia…
"Onde, diabos, aquele homem estava encontrando forças para fazer aquilo?"
— Quem atirou nele devia ter terminado o serviço. — Soltei em voz alta, sem pensar.
Seria mais fácil lidar com o luto da Olivia chorando por ele morto do que com aquilo que estava acontecendo ali dentro.
A dor era intensa, queimava no peito. Por um instante, desejei abrir o tórax e deixar o ar invadir, como se isso pudesse aliviar o que me consumia por dentro.
As feridas internas doíam bem mais do que as visíveis, justamente porque as externas ainda podiam respirar. Meu pai dizia isso com frequência, e, na época, pensei que ele estivesse delirando.
Contudo, naquele momento, entendi que ele talvez tivesse razão. Meu peito queimava, e tudo o que eu mais queria era conseguir respirar com mais leveza.
Ou que minha esposa saísse por aquela porta e dissesse que era uma brincadeira, uma forma de se vingar.
Qualquer coisa que aliviasse aquilo…
Logo, os gemidos cessaram.
Esperei com paciência que ela saísse.
Queria vê-la.
Explicar tudo.
Talvez, então, ela aceitasse voltar para mim.
Eu estava disposto a esquecer tudo o que ouvi, só para tê-la de volta.
Mas, quando a porta finalmente se abriu e nossos olhares se cruzaram, eu soube que havia acabado.
Não havia arrependimento em seus olhos.
Nem vergonha por me ver ali.
Nada.
Ela apenas disse um "oi" e foi embora.

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