OLIVIA
Dormira profundamente naquela noite, tão profundamente que acabei despertando tarde demais. Não me preocupava a hipótese de que aquela pudesse ter sido minha última noite de liberdade numa cama confortável. Afinal, desde o desaparecimento de Nick, minhas noites haviam sido consumidas por insônia, atormentadas pela presença constante do detetive que me perseguia e ameaçava com a cadeia. Permanecia desperta por horas a fio, projetando mentalmente diferentes cenários de minha vida atrás das grades.
Embora desconhecesse o que o futuro me reservava desta vez, já estava suficientemente familiarizada com a realidade das prisões para ter certeza absoluta de que não seria fácil. Sabia bem que levaria anos até rever a luz do sol; só de imaginar Samuel me visitando na cadeia, meu coração se despedaçava por inteiro, e o sono me escapava sem piedade.
Mesmo que Marcus estivesse distante e silencioso comigo, ele tinha o costume de me abraçar ao acordar, sem pronunciar uma única palavra. Interpretava aquele gesto como sua maneira sutil e delicada de me assegurar que permanecia ali comigo, que estava segura e que não precisava carregar o peso das minhas preocupações.
Ao despertar naquela manhã, fiquei sentada na cama, encarando o teto, pensando em como minha vida quase desmoronara completamente. A porta do quarto se abriu repentinamente, revelando Marcus.
— Boa tarde.
Realmente havia exagerado no sono e já passava do meio-dia.
— Seu pai preparou o almoço. Vamos.
Franzi o rosto ao ouvi-lo mencionar Luke daquela forma, ainda mais ressaltando a paternidade dele. Além disso, havia acreditado que Luke já tivesse partido. Deixara-os conversando e bebendo na noite anterior e fora dormir sem saber que ele passaria a noite aqui.
— Não faça essa cara feia. Você já não fica bonita quando acorda mesmo. — Provocou Marcus, arrancando-me uma risada enquanto atirei-lhe um travesseiro. — Estou falando sério. Ontem você deu o primeiro passo e o chamou de pai. Por que não lhe dar uma chance?
Ainda não tinha certeza se permitir Luke em minha vida seria uma boa ideia. Afinal, ele continuava sendo um chefão da máfia, e eu temia profundamente que sua influência pudesse corromper a formação do meu filho.
— Olivia?
Sua voz me trouxe de volta à realidade.
— Está tudo bem, já estou levantando. Logo me junto a vocês.
Marcus veio até mim e depositou um beijo delicado em minha testa antes de deixar o quarto. Suspirei profundamente e, após levantar-me, tomei um banho rápido antes de acompanhá-los até a sala de jantar.
— Você está com uma aparência bem melhor que ontem. — Elogiou Luke.
— Imagino que não exista nada que uma boa noite de sono não resolva.
Ele assentiu com um leve sorriso.
— Samuel? — Perguntei, sentindo saudades do meu filho.
Do jeito que ele e Lupita passavam tanto tempo fora, era como se nem morassem mais em casa.
— Saiu com Ethan.
Franzi a testa, intrigada. Por que estaria com Ethan?
— Olivia, você parece sofrer de amnésia. Samuel vê Ethan como o pai dele. Quando sente vontade de passar um tempo com o pai, é com Ethan que ele fica.
Pareceu-me notar um tom irritado em sua voz, ou talvez fosse apenas impressão minha.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Vingança Após o Divorcio