Vingança Após o Divorcio romance Capítulo 166

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NICK

— Saia de cima. — Murmurei com a voz abafada, embora a irritação fosse impossível de disfarçar. Ela persistiu em beijar e sugar o meu pescoço, gesto que apenas intensificou o fogo da minha impaciência. Quem, em nome do céu, ela imaginava ser para supor que poderia reivindicar o meu coração? Que credenciais possuía para acreditar que o merecia? Eu mal a conhecia, e mesmo assim já se mostrava ambiciosa, convencida de que conquistaria aquilo que não lhe pertencia.

Afastei as mãos dela do meu corpo com a maior delicadeza que consegui reunir.

— Eu disse, saia de cima de mim. — Rosnei em um tom perigosamente baixo. Ela franziu as sobrancelhas, confusa, mas não me importei. Já a afastava mais a cada segundo.

— Nick, o que aconteceu? — Perguntou ela. Permaneci em silêncio, desci do carro dela, e ela me imitou. Ergui o rosto para o céu noturno e inspirei fundo.

— Nick, você pode, por favor, me dizer o que fiz de errado? — Suplicou. Encarei-a; o rosto antes radiante agora exibia tristeza e decepção. Pobre coitada.

— Você não fez nada de errado. Você apenas declarou que me deseja por inteiro, inclusive o coração. Contudo, receio não lhe poder entregar nada disso, porque já pertence a outra pessoa. — Procurei soar o mais amável possível. Olivia certa vez afirmou que eu era um idiota, e eu tentava provar o contrário. Continuava furioso, mas esforcei-me; Deus sabe como lutei. Se essa mulher tivesse juízo, encerraria aquilo ali mesmo.

— Nick, não desejo substituir a sua esposa falecida, nem pretendo ocupar o lugar dela no seu coração, assim como você jamais tomará o lugar do meu marido falecido no meu.

Uma careta se formou no meu rosto, pura confusão. Quem, pelo amor de Deus, contara a ela que a minha esposa estava morta?

— Desculpe, o quê? — Julguei melhor perguntar a fazer suposições precipitadas. A doutora começava, de fato, a arruinar o meu dia a cada palavra que deixava escapar daquela boquinha fofa.

— Veja, eu entendo como é penoso seguir adiante após perder o amor da vida. Acredite, sei disso, e não espero que você seja completamente meu tão cedo. Estou apenas lhe dizendo o que desejo e quais são as minhas intenções. Sem pressa. — Ri. Vejam só, falando como alguém sensata.

— Primeiro: quem lhe disse que a minha esposa está morta? E, segundo: o que a faz acreditar que merece algo de mim? Eu sequer a conheço. — Ela se mostrou surpresa, fitou-me por um instante, e pude ver a raiva nascer em seus olhos.

— Foi você quem me contou que a sua esposa estava morta. — Caí na gargalhada, genuinamente.

— Quando e por que eu lhe diria algo assim? — Francamente, ela precisava inventar tais absurdos? Eu começava a não gostar dela de verdade. Detestava mentirosos. Parte do motivo de ter mandado minha esposa para a cadeia fora a convicção de que ela mentia.

— Na noite em que nos conhecemos. Estávamos conversando e você me contou. — Droga!

Por que diabos eu não me lembrava daquela noite? Cocei a cabeça, sentindo o constrangimento arder. Como pude dizer tamanho disparate? O que ocorrera comigo naquela ocasião? Bem, eu sabia o essencial: Olivia se casara naquele dia, e eu afogara as mágoas. Aparentemente, mentira também sobre o que acontecera entre nós.

— Desculpe, mas preciso admitir que não me lembro muito bem do que ocorreu naquela noite. Contudo, minha esposa não está morta. Nós nos divorciamos e ela se casou novamente. — Ela manteve o olhar sobre mim por alguns instantes.