- Você foi presa? Como assim, presa? O que aconteceu, Chloe? Onde você está agora?
A medida que o meu pai me criva de perguntas, meu coração se comprime no peito com um peso esmagador. Eu sou oficialmente uma péssima filha. Fiz uma promessa e, na primeira oportunidade, traí a confiança do meu velho. Na verdade, venho quebrando o meu juramento desde o dia em que coloquei os pés em casa, após deixar a mansão com meu orgulho mortalmente ferido.
Agora, pensando a respeito, percebo que estive tentando castigar Max Lancaster por todo o sofrimento por ele causado. Como se, de alguma forma, pudesse fazê-lo o responsável pelas minhas ações, usando minhas escolhas ruins para denegri-lo. Eu sou tão idiota! No final das contas, a única pessoa que acabou prejudicada fui eu, é claro. E, o pior, as consequências dos meus atos, mais uma vez, atingiram em cheio aquele que continua me amando incondicionalmente apesar de tudo.
- Na delegacia da 37th - suspiro, enrolando o fio do telefone no dedo, enquanto um policial mau encarado continua me olhando como se eu pudesse tentar fugir a qualquer momento. - Eu sinto muito, pai.
- Eu sinto mais - ele murmura antes de desligar.
Uma hora depois, eu sigo em silêncio para casa com o meu pai ao volante. Ele está sério, calado e, desde que chegou à delegacia para me buscar, não se dirigiu diretamente a mim nem uma única vez.
Penso em mandar outra mensagem para Mallory, mas desisto. Não quero que meu pai veja isso, só tornaria as coisas ainda piores. Mas estou preocupada com ela. Quando a confusão começou na festa, com a chegada dos donos da casa, eu entrei para procurá-la, mas ela havia desaparecido. Olhei por toda a parte, até nos quartos no andar de cima, me desviando dos bêbados remanescentes procurando uma rota de fuga como um bando de baratas tontas.
Não foi surpresa quando o Sr Bauer, o dono da casa, me pegou pelo pulso e me sentou na poltrona da sala, enquanto sua esposa, bastante perturbada com o incidente, ligava para a delegacia. Surpresa mesmo foi descobrir que o Sr Bauer tinha sido o antigo chefe de polícia do condado, agora aposentado. Ele e a Sra Bauer passavam uma noite agradável no lago, quando foram avisados pelos vizinhos sobre barulho e atividade suspeita na casa. Os dois pegaram o carro e resolveram voltar na mesma hora.
Eu soube de tudo isso na delegacia pelo próprio policial que colheu os depoimentos. Comigo, outras nove pessoas também foram pegas em flagrante. Eu era a única que não estava drogada ou alcoolizada. Jurei que não sabia que se tratava de uma invasão de domicílio, mas convenhamos, quem iria acreditar? Eu ficaria sob custódia até pagarem a minha fiança. Ou isso ou seria detida sumariamente durante um a três meses.
Não tive muita escolha. Precisei apelar para o meu pai. Mas agora, enquanto ele dirige com a boca curvada para baixo e as mãos tensas, ao redor do volante, quase gostaria de ter tomado uma decisão diferente.
Levo a mão até o local onde estava a bota e sinto o alívio de poder ver e tocar minha perna outra vez. Entretanto, lembro que minha imprudência cobrou o seu preço e o que seria um simples lesão vai requerer, agora, meses de fisioterapia. Eu deveria ter procurado o médico quando comecei a sentir tanta dor. Fiquei adiando e agora vou precisar lidar com isso também. Eu gostaria de saber por que quando a vida da gente parece estar tomando jeito, as coisas acabam, irrevogavelmente, despencando ladeira abaixo.
Ao chegar em casa, tudo o que eu quero é tomar um banho e ir me deitar. Em vez disso, eu me sento no sofá da sala e olho para o meu pai, tão resignada quanto um réu aguardando o martelo da sua sentença.
- Você quer que eu vá embora? Dessa casa - eu explico, me engasgando nas palavras e respirando fundo antes de prosseguir. - Porque, se quiser, eu vou entender.
Ele me encara por um longo tempo, enquanto um caroço cresce na minha garganta. Meu pai é um homem grande e forte, mas nesse momento, parece pequeno e assustado. Saber que eu o transformei nisso só faz com que eu sinta ainda mais raiva de mim.
- Não, Chloe. Mas ainda não estou pronto para conversar com você - murmura, virando as costas, os ombros arriados a caminho da escada. - Vá para o quarto, amanhã nos falamos.
***
Eu não tenho notícias de Mallory até a noite seguinte, quando entra pela janela do meu quarto, usando jeans e um casaco preto de capuz.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: A Babá Perfeita
Amei a história! Vale a pena a leitura! Pena que não achei a continuação!...
Parabéns @RebecaSantiago! Além de um ótimo enredo, escreve muito bem e tem um português muito bom, o que torna a leitura melhor ainda. Depois deste, vou ler seus outros romances. Vc é admirável. Virei fã....
Ameiiiiiiii❤️❤️❤️❤️❤️❤️🥰...
Qual é a plataforma que está o seu livro: A ESPOSA PERFEITA??...
tirando o uso desnecessário de tantos palavrões é uma ótima historia...
Muito bom estou curtindo muito esta historia <3...