A Babá Perfeita romance Capítulo 26

Estou prestes a arrancar a maldita bolinha das suas mãos, quando Max para de atirá-la na parede, subitamente. Mas quando seus olhos encontram os meus, aquele alívio momentâneo desaparece por completo.

- Eu me aproveitei de você, Chloe - ele revela, parecendo extremamente desconfortável com o que sai da sua boca. - Me aproveitei da sua juventude e da sua inocência. Eu sinto muito.

Eu não tenho determinação sequer para desviar os olhos dele. Então continuo encarando-o em choque, enquanto meu cérebro tenta processar aquela informação e transformá-la em uma mensagem que eu consiga entender com clareza.

- Eu me aproveitei da forma que você se sentia em relação a mim para ganhar tempo - Max continua e, apesar de envergonhado, parece disposto a seguir adiante com aquela tortura.

Eu abro a boca para pedir que pare, que esqueça o que está dizendo antes que um de nós dois acabe se humilhando além do que é necessário. Mas ele ergue a mão, me obrigando a ficar em silêncio antes de continuar. 

- Eu queria deixar sua mente ocupada com qualquer... fantasia boba a meu respeito - escolhe as palavras cuidadosamente mas, ainda assim, eu sinto o meu rosto pegar fogo sob o peso daquela confissão. - Isso me daria tempo suficiente para descobrir o que eu precisava a seu respeito. Se você era realmente a pessoa que dizia ser.

Solto o ar devagar pela boca e, só então, percebo que andei me privando de respirar. De maneira nenhuma, sou capaz de acreditar no que estou ouvindo. Tenho vontade de correr para fora do escritório, descer as escadas e fugir daquela casa. Desaparecer e não voltar nunca mais.

Nunca na minha vida me sentir tão insultada, tão... humilhada. 

- O senhor está enganado - aperto os lábios. Enquanto o meu rosto queima de vergonha, eu o encaro com arrogância suficiente para encobrir meus verdadeiros sentimentos. - Está enganado se acha que eu tenho qualquer ilusão amorosa a seu respeito, Sr Lancaster. Aliás, não sei de onde o senhor tirou isso.

Ele suspira, audivelmente.

- Eu não disse que era uma ilusão do tipo amorosa, Srta Henderson - pigarreia, me consumindo com aquele olhar derretedor de icebergs.

Eu o observo confusa durante algum tempo, então entendo finalmente o que ele quis dizer e a vergonha me atinge com uma profundidade ainda mais devastadora. Meus olhos se arregalam e eu respiro fundo, cerrando as mãos ao longo do corpo. 

- Como se atreve? O senhor enlouqueceu? - minha voz reverbera pelo cômodo e, para o meu contentamento, eu o vejo chegar um passo para trás - É melhor encerrar essa conversa por aqui mesmo, Sr Lancaster. Por que se fosse assim, como o senhor está dizendo, eu até poderia processá-lo por assédio.

Max me encara, sem ação. Está claro que não esperava essa atitude minha. Uma pequena parte de mim fica feliz por colocá-lo fora do pedestal para variar, depois de ouvi-lo admitir que andou brincando, deliberadamente, com os meus sentimentos durante esse tempo.

Como ele pôde? Com que direito? Se antes eu o odiava, agora quero que ele padeça do mesmo mal.

Pouco a pouco, uma ideia provavelmente idiota toma forma dentro de mim. E apesar de mesquinha e infantil, de repente, gostaria de vê-la se tornar realidade.

- Estaria no seu direito - Max assume, estendendo a mão na minha direção, mas se detendo antes de sequer chegar a me tocar. - Por outro lado, eu gostaria mesmo de me retratar. Peço desculpas pela forma como vim agindo, Chloe. Eu fui...

- Você foi grosseiro - eu cuspo as palavras, violentamente, sem nenhuma inibição. - Mentiroso e manipulador também. E cruel! Agora pede desculpas como se isso bastasse? Você deve achar normal tratar as pessoas como o seu brinquedinho.

- Chloe... - ele abre a boca para dizer alguma coisa, mas então se cala, paralisado. Lágrimas furiosas começaram a brotar nos meus olhos, uma após a outra. Eu forço um sorriso, piscando depressa, várias vezes, a fim de impedi-las de cair. - Eu lamento. Não foi essa a minha intenção.

Eu ergo as sobrancelhas, com uma raiva crescente.

- Não foi sua intenção? Esse é o tipo de coisa que não se faz sem querer, Sr Lancaster.

Ele me encara em silêncio. Eu o deixei sem palavras.

- Acho que não - assume, finalmente, piscando algumas vezes antes de prosseguir. - Se você aceitar minhas desculpas, Chloe...

- Srta Henderson - eu o corrijo, sentindo as faíscas saltarem dos meus próprios olhos.

- Certo... Srta Henderson - ele se corrige, visivelmente a contragosto. - Eu gostaria que viesse trabalhar conosco novamente. As meninas sentem saudades.

Eu dou uma risada alta e admirada, contudo, pela sua expressão de desagrado, Max entende da maneira errada. Estou surpresa e estranhamente contente porque, apesar de ter vivido o auge da humilhação pública que um ser humano é capaz de passar, acabei conseguindo exatamente o que eu queria.

De um jeito melhor ainda, na verdade. Com ele me implorando.

Deus, eu irei adorar colocar esse homem no seu devido lugar. E o melhor, tenho todo o tempo e todas as armas necessárias para isso.

Como ele permanece me observando, nervoso como um animal enjaulado, eu resolvo brincar com ele só mais um pouco.

- Eu não acredito que você tem a coragem de me pedir isso - balanço a cabeça, com desprezo. - Como o senhor se atreve, Sr Lancaster? Acreditar que eu possa passar por cima de tudo o que acabou de me dizer e voltar para essa casa como se nada tivesse acontecido.

Ele respira fundo, consternado.

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