A Babá Perfeita romance Capítulo 28

- Sr Lancaster? - eu sussurro, dando duas batidinhas na porta do seu escritório.

- Sim?

- Eu tenho... um problema - completo, após hesitar brevemente.

Já passa das dez, mas o homem continua trancado lá dentro. Puta merda. Max Lancaster é a prova viva de que nem todo homem jovem e gostoso encontra-se empenhado em se jogar na vida social. Será que ele não transa? Bom, virgem ele não é. Ou uma pessoa acaba voltando a ser virgem depois de um tempo realmente longo sem sexo?

O que me leva de volta a pergunta numero 1. Ele faz sexo, não é? E se não faz... bom, isso é pena. O homem exala sexo selvagem por todos os poros.

Max parece ponderar, interminavelmente, do outro lado da porta, o que faz o meu coração dançar a rumba com vontade dentro do peito.

- Entre - ele diz, finalmente, e eu respiro fundo, empurrando a porta devagar. 

Entro no escritório com uma sensação de nervosismo familiar que me percorre da raiz do cabelo até as pontas das unhas. Apesar de apavorada, a excitação pelo que estou prestes a fazer faz vibrar cada célula sob a minha pele.

Sentado por trás da mesa, Max Lancaster me encara com um documento qualquer esquecido nas mãos. Seu cabelo bagunçado e o olhar inflamado refletem duas coisas: desejo e perigo. Meu estômago se aperta. Meu corpo todo se acende e eu tenho a minha resposta. Sim, ele faz sexo. Intenso e ardente, o tempo todo. Não com garotas jovens e inexperientes, assim como eu, mas com mulheres de verdade. Mulheres que gemem e gritam como verdadeiras estrelas de filme pornô.

Mordo a bochecha por dentro a fim controlar a euforia por baixo de uma fachada de calma e confiança. Não devo me enganar. Não tem nada de calmo... nisso. O que estou planejando com ele é uma verdadeira perversão. Pelo menos vai ser quando sair da fantasia direto para o mundo real.

- Boa noite, senhor - eu começo, lutando contra minha falta de jeito e a vontade de torcer as mãos, nervosamente. - Desculpe interrompê-lo, mas gostaria de saber se eu tenho a sua permissão para levar as meninas para patinar.

Max me olha, intrigado. 

Baixo o olhar para o seu peito coberto por uma camisa branca, com gola em v. O trecho de pele visível faz o meu coração acelerar como um tambor. De repente, me dou conta de que estou presa em uma brincadeira que pode se voltar contra mim a qualquer momento. Mas que se dane. Estamos jogando xadrez. E estou decidida a desafiar o mestre em uma partida de vida ou morte. Quem ganhar, leva como prêmio um orgulho destruído. E quem perder... bom, não serei eu a perder dessa vez.

- Esse é o problema que não podia esperar até amanhã? - Max diz, sem tirar os olhos de mim.

Eu hesito de propósito, e ainda forço um olhar culpado.

- Bom... sim - respondo, caminhando até o meio do escritório, para um pouco mais perto da sua mesa. - Eu gostaria de levá-las amanhã de manhã ao Rockfeller Center. E talvez ver a árvore de Natal.

- A noite? - ele completa, reticente, fazendo uma longa pausa para assimilar a informação. - Um dia inteiro.

- Exato.

Não posso negar o quanto eu adoro quando Max veste a roupagem de pai preocupado. Sua testa se franze e ele fica imerso naquele silêncio absoluto. Indecifrável. 

Meus dedos dos pés se contorcem dentro dos sapatos, enquanto eu ameaço suar dentro da minha blusa de seda cor de rosa com pedrinhas brilhantes na gola. A mesma que usei na noite em que voltei do shopping com Judith e Evie. É uma peça doce, meiga e casta. Bem o contrário do que eu planejei para essa noite, mas ainda assim deve funcionar. Porra nenhuma. É exatamente por isso que ela vai funcionar. 

Se Max Lancaster está acostumado a ter mulheres experientes em seu caminho, eu darei a ele o oposto.

Seus olhos me percorrem com uma curiosidade que não pode ser simulada. Nem mesmo disfarçada. E que merda... ele está tão sexy! Minha expressão deve estar me traindo bem agora, porque tudo o que eu quero é beijar aquela boca carnuda e deliciosa, ir descendo pelo queixo bem barbeado, através do pescoço... e depois descobrir as maravilhas que aquele corpo espetacular tem muito bem guardadas.

- Certo, está autorizada - responde, com um sorriso breve antes de jogar o papel que estava lendo sobre a mesa. - Contanto que leve Javier com você. Pode levar Judith ou Abigail também.. ou as duas. Creio que elas merecem um dia de folga.

Sua resposta me deixa sem fôlego. Caramba... uau. Ele deve estar mesmo preocupado para sair distribuindo folgas em um dia comum de trabalho. Me ocorre que o Sr Lancaster realmente não gosta de ver as meninas na rua sem o máximo de segurança possível. Não é a primeira vez que ele deixa isso nítido. Seus esforços em proteger Evie e Maisy Isso levanta em  mim uma ligeira desconfiança. Lembro da nossa conversa sobre espionagem industrial no dia em que eu fui embora e tudo parece se encaixar, finalmente, como as peças de um quebra cabeças.

Então Max me olha nos olhos e... puta que pariu. Eu não contava com o efeito Lancaster bem aqui, bem agora. Minhas entranhas se diluem e minhas pernas estremecem. Eu sinto que preciso sentar, mas não estou certa de que posso chegar a cadeira.

- Sra Henderson, precisa de mais alguma coisa? Alguma coisa que eu possa dar sem ser preso por isso? - acrescenta com um meio sorriso divertido.

Tento conter o sorriso, mas falho miseravelmente. Ele tem senso de humor. É um cachorro destruidor de corações, mas tem senso de humor. Ora, ora, que surpresa.

- Infelizmente não - eu respondo com um sorriso travesso. - Mas se eu lembrar de mais alguma coisa, não vou hesitar em vir aqui procurá-lo.

Antes de responder, ele pigarreia, surpreso e ruborizando de leve. Ah, meu Deus! Ele ficou vermelho. Eu não sabia, até esse momento, que um homem é tímido é capaz de deixar uma mulher com tanto tesão.

- Eu acho melhor esquecer isso, Srta Henderson - Max pede, levantando e dando a volta na mesa até estarmos frente a frente. Então me encara, seus olhos parecendo mais azuis do que o habitual. - Não tenho a memória assim tão curta. Nem sou mais um garoto de vinte e um anos, não me deixo levar pela minha libido.

Eu congelo, com o coração na boca. Sei que deveria ter entendido todo o recado, mas só consigo prestar atenção nas suas últimas palavras. Isso me dá a prova de que estou na direção certa, mas preciso ir com calma. Max não é bobo. Eu sou a boba aqui. Ele é o Lobo Mau e não posso cair no conto da Chapeuzinho Vermelho. Além disso, ninguém aqui vai se apaixonar por ninguém. Apesar do que eu disse a Evie e Maisy mais cedo, contos de fadas não existem. 

Mas não é exatamente sobre amor que estamos falando, não é mesmo? Sexo pode ser bem mais divertido. E talvez mais poderoso.

Dou alguns passos adiante,  encurtando ainda mais a distância entre nós. A proximidade me presenteia com o cheiro espetacular da sua pele, que me atinge com a força de um soco. Um perfume másculo, com uma fragrância agressiva e misteriosa que me dá vontade de lamber cada centímetro daquele homem. De repente, me vem um estalo e eu entendo porque nunca antes fiz sexo na minha vida. Nenhum homem nunca fez eu me sentir assim, apavorada e ansiosa, encabulada e atrevida. Max me transformou em uma batalha de sensações opostas, na própria síntese do caos. O que é uma droga porque eu não sei se, algum, dia serei capaz de voltar ao meu normal.

Quando estou perto dele o suficiente para beijá-lo, Max se inclina um pouco sobre mim, cochichando dentro do meu ouvido:

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