A Babá Perfeita romance Capítulo 50

Eu vou para o meu quarto e fico trancada, lá dentro, pelas próximas horas.

Tenho vontade de ir atrás de Judith desabafar um pouco, mas refreio esse impulso. É importante dar a Max e Evie um pouco de tempo para resolver seus conflitos, antes de envolver outras pessoas nessa história.

Aproveito para ligar para o meu pai e matar as saudades. É horrível ter que manter segredo dele, mas é certo que ele também não aprovaria o nosso relacionamento. Max vai precisar se esforçar muito se quiser conquistá-lo. E vai ter que provar ser digno de confiança, claro. Além de mais velho, ele também é  rico, o que me faz parecer um alvo fácil ao seu lado.

Quando, perto do horário do almoço, ainda não tenho notícias deles, eu vou até o quarto de Evie e Maisy, mas não encontro ninguém. Desço as escadas, estranhando o silêncio, e começo a procurar pelo andar de baixo. Vou encontrar as meninas brincando com Abigail no Jardim.

Assim que Evie percebe a minha presença, a chefinha fecha a cara como se tivesse visto o demônio.

Dou meia volta, resignada, para o interior da mansão. Assim que entro na sala, me deparo com Judith ao telefone.

Ela está falando baixo, em espanhol e desliga assim que me vê. Torcendo as mãos, nervosa, me olha, envergonhada.

- Ai, me perdoa, Chloe. Eu não queria... me perdoa.

- O que houve? O que estava fazendo?

- Falando com minha família. Eu juro que eu ia pagar cada centavo! Juro pela Virgem - ela beija os dedos em Cruz. - É que eu estou sem dinhero para o interurbano, mas assim que eu conseguir juntar, eu vou pagar ao Sr Lancaster.

Eu me aproximo dela e a abraço com força suficiente para que se tranquilize. A coitadinha está tremendo! Espero que ela se acalme antes de perguntar:

- Há quanto tempo não fala com sua família, Jud?

- Dois ou três... meses.

Eu abro a boca, chocada. Não é possível.

- E por que nunca me contou? Nós podíamos ter dado um jeito.

Ela me olha, desconfiada, embora tenha um sorriso caloroso no rosto.

- Mas como poderia ser, Chloe? Você também não tem onde cair morta - ela leva aos mãos a boca, arregalando os olhos, enquanto eu dou uma gargalhada até quase perder o fôlego. - Me desculpe, Chloezita. Sei que as suas intenções são as melhores.

- Tudo bem, Jud. Eu não fiquei chateada, pode acreditar. A partir de agora, vamos combinar que, quando quiser falar com a sua família, vai usar o telefone da casa a vontade.

- A vontade? - ela levanta as sobrancelhas - Então se eu quiser passar horas e horas...

- Não seja engraçadinha. Você entendeu muito bem.

O sorriso dela faz meu coração se aquecer.

- Obrigada, Chloezita. Você tem sido uma verdadeira amiga para mim.

***

Só depois eu percebo que Max mandou uma mensagem para o meu celular. Ele ainda está no trabalho, mas sente minha falta. "Morrendo de saudades" foram as palavras exatas que usou.

Eu estou feliz. Estou nas nuvens, radiante!

Tomo um banho e desço para o jantar. Mesmo sendo ignorada por Evie, o tempo todo- ela chega ao cúmulo de virar o rosto quando eu peço o sal -, tenho uma refeição bastante agradável. Abigail e Judith não param de tagarelar sobre o último capítulo da novela que as duas acompanham. E embora o frango esteja divino, o prato principal, com certeza, é a expressão de felicidade no rostinho de Maisy.

Já é tarde e, mais uma vez, nenhum sinal de Max. Como não parece certo, eu simplesmente entrar no seu quarto e ocupar uma cama que não é a minha, eu rastejo, sonolenta, para o meu quarto.

Deito na cama e mando mensagem, avisando onde vou estar  no quando ele chegar.

Max responde de imediato. O dia foi um caos no escritório. Está terminando de organizar alguns papéis, para uma reunião no dia seguinte, e logo vai estar em casa. Diz que eu não preciso esperá-lo acordado. E enfatiza que vai ficar muito bravo se, ao chegar, não me encontrar na nossa cama.

As palavras "nossa cama" me enviam direto para uma fantasia, com Max e eu nos casando, Evie e Maisy como nossas damas de honra.

Tudo bem, é oficial: eu me tornei uma romântica patética.

Meus olhos pesam, enquanto aqueles doces pensamentos embriagam a minha mente. Eu acabo pegando no sono e só acordo no dia seguinte com Max Lancaster ao meu lado.

Ele está acordado, apoiado em um único cotovelo. Seus olhos ainda estão enviados ,o cabelo revolto. Enquanto me observa com aquele olhar de adoração que faz o meu estômago ficar agitado, eu noto que existe outro travesseiro ao lado do meu. 

- Espera. Você passou a noite aqui?

Ele faz uma expressão de obviedade.

- O que queria que eu fizesse, quando a minha linda namorada se recusa a dormir na nossa cama?

Eu sorrio, passando a mão pelo seu rosto. É tão lindo, másculo e, ao mesmo tempo, terno. Ele fecha os olhos, aproveitando a carícia. Um suspiro baixo escapa da sua boca.

Mas de repente, eu me lembro do dia anterior e o clima se esvai como se nunca tivesse existido.

- Você não me contou como foi a conversa, ontem, com Evie.

- Ela vai superar, não se preocupe.

Eu olho para Max, incrédula. Ele não pode estar tão despreocupado.

- Não sei como você consegue ficar calmo. Eu estou surtando.

Ele sorri, ainda de olhos fechados.

Os raios de sol se infiltrando através das cortinas do quarto mostram que já não é mais tão cedo. Mas eu me recuso a abandonar o calor e o aconchego do corpo de Max ao meu lado.

Só então percebo minhas pernas envolvendo o seu quadril, aqueles braços musculosos deliciosamente apertados ao meu redor. A sensação de paz e satisfação preenchem cada pedacinho de mim e céus...! Eu nunca acreditei que a vida poderia ser tão perfeita.

- Isso é muito importante para você, não é? - ele abre um olho, mas logo volta a fechá-lo. - Ser aceita pelas minhas filhas?

- Você sabe que sim.

Max muda de posição, ficando de lado na cama, sustentado sobre um cotovelo. Passa o braço ao redor da minha cintura e me puxa para ele.

Eu afasto uma mecha do seu cabelo, caindo displicente sobre os olhos.

- Evie vai compreender mais cedo ou mais tarde - Max garante com a voz ligeiramente abafada. - Eu estraguei as coisas quando me precipitei em apresentar você como minha namorada. Deveria antes ter preparado o terreno  com Evie. Me perdoe. E não quero que pense que eu sou muito duro com as minhas filhas, Chloe. Mas Evie, especialmente, precisa de limites - suspira, se erguendo e sentando na cama. - Eu não posso mais fingir que está tudo bem.

- E você fingia?

- Às vezes, sim.

Eu puxo o lençol sobre o meu corpo, enquanto assisto ele se vestir.

- Por que, Max?

- Talvez porque eu quisesse a aprovação dela - ele dá de ombros. - Se não poderia ser um pai presente poderia pelo menos ser o pai legal.

Um lento sorriso vai se formando no meu rosto. Eu me levanto, me arrastando sobre os joelhos até a ponta da cama, e bato no colchão, pedindo para ele se sentar.

Max me obedece e eu me sento no seu colo, uma perna de cada lado do seu quadril.

Ele geme, mas ainda está tenso. Posso ver pela musculatura rígida dos ombros. É para lá que minhas mãos se movem, iniciando uma massagem lenta e eficiente.

- Hm, isso é bom...

Minha boca vai parar na sua orelha e eu começo a beijá-lo enquanto falo:

- Você queria compensar de alguma forma e conseguiu até certo ponto. Mas isso não é certo, Max.

- Eu sei disso. Foi assim com seu pai e você? - ele inclina a cabeça para o lado, relaxando enfim.

Eu respiro fundo, inebriada com o seu cheiro másculo.

- Durante algum tempo. Quando ele quis retomar o controle da situação, eu me rebelei.

- É disso que eu tenho medo.

- Você acha que Evie pode fazer a mesma coisa?

Max estende a mão em enrola um punhado do meu cabelo entre os dedos. Afasta a minha cabeça para me olhar nos olhos.

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