A Babá Perfeita romance Capítulo 51

Estar outra vez em casa se mostra mais difícil do que eu imaginava. Não acredito que vou passar quarenta e oito horas  longe de Max...

Apesar disso, a companhia do meu pai tem sido incrível. A distância parece ter colocado nossa relação, finalmente, nos eixos. Ele acabou me desculpando por cada pisada de bola que eu dei nos últimos anos e, convenhamos, eu até acho que fiz por merecer seu perdão.

A sensação de redenção é como mergulhar em um rio de água fria no final de um dia de verão bem quente.

Recompensadora.

A noite, ele faz o jantar. Macarrão com queijo, sua especialidade culinária. Eu não sabia o quanto tinha sentido saudades até experimentar a primeira garfada. Nenhuma das delícias de Judith é capaz de superar o macarrão com queijo do meu pai. Isso porque, apesar de ser um péssimo cozinheiro, ele passou os últimos dez anos tentando aprimorar a receita herdada da minha avó. Era a preferida da minha mãe e quase posso senti-la conosco, enquanto jantamos à mesa da cozinha.

Depois de ajudá-lo a lavar a louça, nós nos sentamos diante da tv e conversamos um pouco como nos velhos tempos. Ele me fala sobre o trabalho na empresa e me pergunta também a respeito dos meus dias na mansão.

É a segunda vez que toca no assunto hoje.

Posso ter uma boa visão do seu radar paterno piscando em máxima intensidade. Incrível! Ele desconfia de alguma coisa. Não sabe, mas desconfia e isso é o suficiente para que fique me fazendo perguntas.

No entanto, ainda não quero contar sobre minha relação com Max. É tudo tão novo e incerto, que prefiro guardar para mim. Além disso, Max ainda não tomou a atitude de procurá-lo, o que só aumenta a minha tensão ao redor do assunto.

Por volta das onze da noite, o meu celular toca. Quando vejo o numero no visor, tenho vontade de soltar um estúpido gritinho agudo.

É ele, Max.

A ideia de ouvir sua voz faz um calorzinho se espalhar pela minha barriga. Eu levo o aparelho ao ouvido, enquanto olho de relance meu pai, cochilando na poltrona ao lado.

- Pode falar agora? - ele sussurra, a voz sexy e grave me deixando abalada.

- Não, espera aí.

Eu me esquivo da sala como uma adolescente em um namoro proibido. A televisão ainda está ligada e a partida do Dallas contra os NY Giants ainda está sendo transmitida. Eu estava decidida a desligar o aparelho, um minuto antes, mas tudo o que faço agora é subir as escadas correndo para o meu quarto.

- Chloe?

- Agora sim. Tudo bem por aí? - pergunto, fechando a porta atrás de mim.

- Não. Está tudo uma merda desde que você foi embora.

- Eu não fui embora. São só dois dias.

- Dois dias é muito mais do que eu posso suportar, acredite.

Sorrio, me jogando de costas na minha velha cama que cede com um rangido.

Não consigo evitar pensar que senti um pouco de saudades dela, mas não tanto quanto já sinto da enorme king de Max, perfumada com o cheiro dele.

- Antes que você comece a sentir minha fala, eu já vou estar de volta.

- Impossível - ele muda para um tom mais doce. - Sinto sua falta desde o minuto em que você partiu.

Juro por Deus que eu não queria me sentir assim, mas tem alguma coisa dançando no meu estômago bem agora.

Puta merda.

Parece impossível conter minhas emoções agora e, sempre que acho que consegui encontrar um jeito bom de fazer isso, vejo Max derrubar tudo por terra.

- Como estão as meninas?

- Estão bem - ele faz uma pausa e, quando torna a falar, sua voz sai quase embargada. - Eu acho que Maisy quase falou hoje

A emoção me atinge com um força impactante. Meu coração dispara e eu aperto o celular com força na mão.

O que ele acabou de dizer? Que Maisy quase falou? Meu coração dá um salto mortal triplo.

- Como assim, Max? Me conta isso direito.

- Ela tentou balbuciar alguma coisa. Abriu a boca e saiu um som dela. Um som baixo e fraco, mas... era um som.

- Você está falando sério, Max?

- Claro que sim. Não foi nada demais, só um som, Chloe - ele bufa, mas eu posso sentir a expectativa vibrando na sua voz.

- Isso é ótimo! Droga, não posso acreditar que eu perdi isso. 

- Esta vendo? É nisso o que dá você ficar longe.

- Cala a boca - reviro os olhos, me virando de bruços. - Eu vou voltar logo. Então vamos ouvi-la dizer sua primeira palavra, em muito tempo, juntos.

O suspiro que ele dá me enche de uma emoção estranha. Meu corpo formiga de um jeito inexplicável e o meu peito afunda com o peso esmagador de um bloco de concreto. depois que minha mãe morreu, acho que nunca senti tanta falta de alguém como sinto a falta dele agora.

- Por que você não pode voltar para casa hoje?

- Porque o meu pai vai preparar waffles para o café da manhã.

- Odeio waffles - Max resmunga, mau humorado. - Não acredito que vai me trocar por uma droga de waffles. Odeio eles mais ainda agora.

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