A Babá Perfeita romance Capítulo 58

Resumo de A Confissão: A Babá Perfeita

Resumo de A Confissão – Capítulo essencial de A Babá Perfeita por Rebecca Santiago

O capítulo A Confissão é um dos momentos mais intensos da obra A Babá Perfeita, escrita por Rebecca Santiago. Com elementos marcantes do gênero Erótico, esta parte da história revela conflitos profundos, revelações impactantes e mudanças decisivas nos personagens. Uma leitura imperdível para quem acompanha a trama.

- Eu era muito jovem quando me casei. Pouco mais velho do que você - Max relata, as mãos enfiadas nos bolsos da calça. - Liv era perfeita. Linda, atraente, irresistível. E rica, muito rica. Eu não era nada além de um empregado qualquer na empresa do pai dela. E toda vez que ele a levava até lá, eu a admirava de longe, sabendo que nunca seria nada além disso. Uma paixão estúpida não correspondida.

- Até que?

Max dá de ombros.

- Até que, um belo dia, ela notou que eu existia. E quando isso aconteceu.... - ele sorri com a lembrança nostálgica. - Caramba, eu me senti como um deus. Você entende? Liv era o sonho impossível de homens que ganhavam, em um dia, o que eu recebia no ano inteiro. E de repente, ela estava olhando para mim.

Eu conseguia me lembrar bem da sensação que tive quando Max fingiu se interessar por mim. Todo o frenesi, a adrenalina, o frio na barriga, de ter um homem lindo, rico e deslumbrante me dispensando atenção. Que ilusão!

O sorriso vai se apagando lentamente do rosto de Max.

- Liv era como um diamante, Chloe. Brilhava tanto que cegava as pessoas ao redor. Ela era conhecida pela sua beleza, mas pouca gente conhecia a dureza que habitava nela. 

- E quando vocês se casaram, ela revelou quem era de verdade. Acertei?

Max se encolhe. Eu vejo vergonha em seus olhos, mas não entendo o motivo.

- Eu adoraria dizer que sim, Chloe. Mas a verdade é que, antes mesmo do casamento, eu já tinha conhecido o suficiente da sua índole. 

- E mesmo assim quis se casar com ela?

- Sim.

Eu olho para ele, sem esconder o espanto.

- Por que?

Max suspira. Caminha lentamente na minha direção até estarmos um diante do outro.

- Mesmo com todos os problemas, ela ainda era um diamante. E é difícil dizer não a algo maior do que tudo o que você já teve - confessa, cabisbaixo. -  Então Liv engravidou. E eu achei que a maternidade fosse torná-la mais serena, mais paciente, gentil.

- E então?

- Evie nasceu e Liv passou a se gabar para todos, exibindo a filha como uma espécie de troféu - ele bufa com desprezo. - E quando Maisy chegou, ser mãe já não era mais uma novidade para Liv. Pelo contrário, ela se sentia presa, castrada, amarrada às obrigações - ele sorri com escárnio e descrença. - O que era ridículo porque ela nunca cumpriu com obrigação nenhuma, Chloe. Tinha empregados, babás e a mim para isso. Mesmo assim, Maisy foi indesejada desde a barriga.

Aquilo parte o meu coração em pedaços. Pobre Maisy.

- Liv não queria a própria filha?

A raiva daquela lembrança fica explícita nos olhos de Max.

- Ela tentou abortar duas vezes. Quando eu soube disso...  por muito pouco não perdi a cabeça.

Chocada, imagino Maisy tão pequenina, delicada e carente de atenção sendo rejeitada pela própria mãe. Isso faz um nó crescer na minha garganta.

- E depois? O que aconteceu depois que Maisy nasceu?

- Nada mudou. Pelo menos não para melhor - Max confessa, fechando os olhos por um breve momento. Quando torna a falar, sua voz sai fria e impessoal - Nunca foi segredo para mim que Liv gostava de se divertir, Chloe. Festas, noitadas, cassinos, a hípica. Ela estava torrando sua fortuna e, com isso, a herança das filhas. Então o pai dela tomou uma decisão.

- Qual?

- Ele cortou Liv do testamento e tirou a sua mesada.

Eu arregalo os olhos, impressionada.

- Ela a deserdou?

- Sim. E me nomeou tutor da herança das netas até que fossem maiores de idade. A essa altura, eu já era um homem da sua confiança com um cargo respeitável na empresa. Liv poderia continuar vivendo sob o nosso teto, mas só isso. E não teria um centavo do seu dinheiro depois que ele morresse. 

- Meu Deus, que loucura!

A risada dele soa como um rosnado.

- Se você tivesse conhecido Liv, veria que não houve loucura nenhuma. Ela sempre foi uma árvore torta, mas depois ficou sem controle. Viveu uma vida de excessos até o seu último suspiro.

Max vem até a cama devagar e se senta ao meu lado, mas não me toca. Apenas observa, aguardando que eu seja capaz de digerir tudo o que me disse até agora. 

Mas parece impossível. Como vou digerir que a mãe de Evie e Maisy foi esse ser humano horrível incapaz de dar amor as próprias filhas? Eu não entendo.

- Max,  o que aconteceu? Como ela morreu?

Ele respira fundo, olhando para longe.

- Houve um acidente de carro. Liv estava indo ver... alguém. O namorado - sua voz sai áspera como uma lixa, mas são as palavras que fazem meu queixo ir ao chão. - Ela teve outros homens durante o casamento. Escute bem, Chloe, àquela altura, eu já não me importava com isso. Depois de um tempo, eu mesmo já não era nenhum santo. A verdade é que nossa união passou a ser uma mera conveniência. Ela não queria perder o conforto e eu queria estar perto das crianças e manter o controle da situação.

- Você não pensou em se separar e levar as meninas?

- Não seria tão fácil assim tirar a guarda dela. 

- Mas a mãe era uma desequilibrada!

- E como eu provaria isso? - Max me olha com horror e indignação - Você acha que eu não queria me livrar dela, Chloe? Mas Liv era a mãe, tinha todos os direitos garantidos por lei. Eu a ameacei algumas vezes e sabe o que ela fez? Disse que faria exatamente o mesmo. Tiraria a guarda de mim. Agora me diga você o que ela faria com duas crianças que claramente não desejava. Que tipo de mãe ela seria para as minhas filhas? Pelo menos aqui elas estavam seguras.

Depois de um silêncio perplexo, com o estômago nauseado, eu me atrevo a olhar para ele outra vez.

- Ela não morreu no acidente de carro, Max. Como aconteceu de verdade?

Max olha para mim, surpreso com a minha convicção. Não sabe que eu andei pesquisando sobre Liv e sua morte. 

Respiro fundo, aguardando que me encha de perguntas a respeito, mas é a sua vez de me surpreender.

- Ela não morreu de imediato. Houveram complicações. Depois do acidente, Liv sentia uma dor de cabeça terrível, tonturas. Foram feitos exames e os médicos descobriram um trauma craniano. Eles não sabiam dizer o quanto aquilo poderia ser prejudicial. Poderia melhorar em alguns dias... ou não. Liv não quis ficar no hospital dessa vez. Disse que se recuperaria em casa. Eu não concordei, mas respeitei sua decisão. Ela estava lúcida e consciente, não havia nada que eu pudesse fazer - ele olha para mim, alarmado.

- Eu sei.

Sua expressão suaviza.

- Aquele verme fazia parte do passado da minha querida esposa. Ela devia dinheiro a ele... muito dinheiro. Você viu aquele dia. Eu só paguei uma antiga dívida dela para que ele nos deixasse em paz, só isso.

É claro.

- Ele já tinha procurado você antes?

- Sim, muitas vezes. Eu o ameacei com a polícia, mas ele continuou aparecendo de tempos em tempos. Ele nunca tinha chegado até minhas filhas... então eu soube que estava rondando a minha casa. Por isso eu contratei um segurança particular, para que aquilo nunca mais acontecesse.

- E por isso começou a me investigar.

Ele me olha, arrasado.

- Eu pensei que o desgraçado pudesse ter metido você aqui para facilitar o acesso dele a casa. Eu não me orgulho disso, Chloe. Te pedi desculpas e vou pedir tantas vezes quanto necessário.

Max senta ao meu lado na cama outra vez. Com cuidado, segura minhas mãos entre as suas. Eu não reajo, estou perplexa demais para fazer qualquer coisa. Mas também não retribuo, nem o incentivo. Não posso. 

-  Max... pelo amor de Deus, essa história... isso é tudo tão horrível.

- Liv era uma pessoa horrível e eu também cometi muitos erros. Durante muito tempo eu não soube o que fazer. Ela era como um carma terrível na minha vida. Eu me encantei pela sua aparência e me casei pelo que tinha a me oferecer. Então vieram as meninas e... eu não podia mais voltar atrás, era tarde demais, Chloe.

Eu retiro minhas mãos das suas e viro para o outro lado, incapaz de encará-lo. Lágrimas ardem por trás dos meus olhos. De todas as sujeiras que ele pudesse me contar, jamais imaginaria ouvir que se casou por dinheiro. Aquilo era deplorável. Indigno. E ainda envolveu duas crianças em um relacionamento sem amor.

- E a Maisy? - quero saber.

- O que tem ela?

- O acidente que ela sofreu quando bebê?

Quando Max não responde, eu me viro de novo para ele. Está paralisado, os olhos vidrados em mim. Seu rosto é uma máscara de dor e desespero.

Acho que estou preparada para o que vem a seguir, mas suas palavras me chocam ainda mais.

- Era o dia de folga dos empregados e Maisy e eu estávamos sozinhos em casa. Evie foi para a casa dos pais de Liv, mas eu quis ficar e aproveitar o dia com Maisy. Estávamos na piscina e o telefone tocou. Era Liv. Ela estava fora, desde a noite anterior. Falar com ela, como sempre, me deixou aborrecido, com raiva. Ela disse que estava em um cassino e eles não queriam liberar sua saída antes que ela pagasse a dívida. Ela estava sendo ameaçada - ele explica, cobrindo o rosto com as mãos em um gesto de agonia. - Peguei o carro com Maisy no banco de trás. No meio do caminho, eu desviei de um caminhão que atravessou o cruzamento com o sinal fechado. Não aconteceu nada comigo, mas... cego de raiva, eu tinha esquecido de fechar o cinto da cadeirinha... - fecho os olhos para esconder a dor neles - A culpa foi toda minha. Se eu tivesse prendido o cinto... se ela tivesse morrido, eu... eu....

Abro os olhos e me deparo com o olhar inconsolável de Max. Sem poder me conter, seguro o seu rosto entre as mãos e o obrigo a me encarar.

- Essa culpa, não - digo com firmeza. - Você errou quando se casou, quando formou uma família com ela. Mas o acidente com Maisy foi uma fatalidade. Você não fez de propósito. Não foi culpa sua. 

- Eu me casei pelos motivos errados e olha só o que aconteceu - com os olhos vermelhos de lágrimas, ele afasta minhas mãos do rosto. Perturbado, atira os porta retratos no chão com força, um a um. O barulho do vidro se partindo faz eu me encolher na cama e chorar junto com ele. - A culpa foi toda minha. Eu mereci cada segundo do que vivi ao lado de Liv. Mas e as meninas, Chloe? O que vou dizer a elas quando crescerem e perguntarem sobre a mãe? Como vou ser capaz de conviver com toda a dor que eu causei a elas?

Olho para Max, sem saber o que dizer. Todas essas perguntas... eu não tenho a resposta para nenhuma delas. E receio que eu nunca vá ter.

Ele respira fundo e olha para mim com cautela.

- O que eu quero saber, Chloe, é: você ainda vai ter coragem de ficar ao meu lado depois de tudo o que acabou de ouvir?

Encaro Max em silêncio. Essa é outra pergunta para a qual eu talvez também não tenha uma resposta.

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